Banca de Quadrinistas 2020 | Quadrinhos: o futuro é feminino publicado em: 09/10/2020 - 12:59
Por Ana Luiza Aguiar
O papel dos quadrinhos no ambiente da cultura pop não é novidade para ninguém. Parte da paisagem emocional e do imaginário de gerações, a chamada arte sequencial está presente como ferramenta não somente de diversão, mas também de conscientização, educação e disputa por meio da arte. Os quadrinhos expõem suas próprias histórias, e também as experiências dos artistas, suas épocas e suas lutas. As páginas são janelas para as ideias, os dramas e as emoções da outra pessoa.
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É pensando nisso que o Itaú Cultural realiza, até 26 de outubro, a mostra Banca de Quadrinistas | Olhares Femininos , que propõe amplificar a voz das artistas femininas e seus trabalhos – 20 artistas serão apresentadas em dois lotes com tempo de exibição distintos (confira no serviço abaixo).
A curadoria selecionou artistas da nona arte que trazem visões sobre as vivências das mulheres e jogam uma luz clara – às vezes divertida, às vezes dramática – sobre os dramas e desafios diários que enfrentam. A maioria é de São Paulo, mas a mostra abrange quadrinistas de todas as regiões do país, com histórias de vida das mais diversas. Observadoras, questionadoras, inspiradas e contestadoras, as obras oferecem uma variada visão da experiência feminina no século XXI no Brasil e os desafios – sejam eles autobiográficos, metafóricos ou ficcionais – que o feminino enfrenta em sua variedade/encarnações.
Confira as artistas selecionadas na galeria abaixo.
Diana Salu tem muitos lados. Artista, escritora, publicadora, produtora. Travesti e sapatão. Cria e publica quadrinhos, zines e outros impressos desde 2013 e é uma das fundadoras da Mês Editora. Autora do livro Cartas para Ninguém (2019), Diana trabalha como os quadrinhos podem forçar as linguagens até o limite. “Interessa-me muito pensar os quadrinhos como um campo. Sua estrutura já combina palavra, imagem, letreiramento, composição de páginas, na composição de algo único que é a junção de todas essas coisas e ao mesmo tempo nenhuma delas. Em Cartas para Ninguém, explorei um pouco as correlações que podem existir entre quadrinhos, poesia, paisagem, memória e introspecção.” (imagem: Diana Salu) Os trabalhos de Renata Nolasco têm “fases”. “Quando eu fazia tiras, meu foco era estritamente político e feminista. Hoje, estou dividida entre fazer quadrinhos que sirvam de introdução a determinados temas (como O Fantasma do Fandom e Silêncio = Morte) e histórias dos meus gêneros favoritos protagonizadas por pessoas LGBT (passei por super-herói, indo agora para o sci-fi e planejando uma de máfia)”, explica. A ilustradora – e acumuladora de plantas – nunca imaginou que poderia chegar aonde chegou nos quadrinhos, já que sempre gostou de quadrinhos como leitora, e trabalhar com isso no interior do Nordeste parecia uma realidade muito distante. “Nunca planejei que quadrinhos/ilustrações fossem virar a minha fonte de renda, nunca achei que fosse chegar aqui, não era um sonho de infância. Um dia acordei e meu trampo extra com arte estava tomando mais tempo do que meu trabalho em agência”, relembra. Renata foi indicada a Melhor Roteirista pelo Troféu Angelo Agostini e a Novo Talento (Desenhista) pelo HQMix por sua obra de estreia, Só Ana. Atualmente ilustra B.B. Free no selo Boom!Box. (imagem: Renata Nolasco) Rebeca Prado gosta do “mundo mundano”, trivial, como material cheio de significados a que ninguém atenta. “Adoro criar a partir do que parece sem potencial para uma história. Bicos dosadores, por exemplo, porque minha vida consiste em confiar em bicos dosadores que não dosam e sofrer por isso depois. Esse tipo de coisa que muita gente deixa passar, eu adoro ver”, comenta. Interessada em contar histórias desde o Ensino Médio, Rebeca começou com um curso de desenho e nunca mais parou. A artista já teve seu trabalho publicado em revistas como Dragão Brasil, Omelete Box e Mundo Estranho, tanto quadrinhos quanto ilustração. Atualmente atua como roteirista da Turma da Mônica e ilustradora para o mercado editorial, além de realizar projetos pessoais. (imagem: Rebeca Prado) Bennê Oliveira é insuportavelmente recifense. Ilustradora e quadrinista, criadora da série de tirinhas Leve Mente Insana, na qual, por meio de quadrinhos e um pouco de poesia, exterioriza tanto os seus demônios internos quanto os que rodeiam o seu cotidiano. Começou nos quadrinhos de forma despretensiosa, encontrando neles um lugar para falar com liberdade sobre o que a incomodava. Para ela, o melhor lugar para roteirizar é o "busão". Os quadrinhos são uma paixão que não deixa escolha: “Eu não sei, é apenas algo que eu não consigo deixar de fazer, é tão parte de mim quanto meus braços, minhas pernas... Sinto que não iria a lugar nenhum sem a arte, ela se agarrou em mim sem eu pedir. Já que não consigo me livrar dela, só me resta viver dela”. (imagem: Bennê Oliveira) Lila Cruz é baiana, ilustradora e quadrinista. É alguém que gosta de desafios, assuntos difíceis. “Geralmente são temas que me fazem refletir muito internamente, me fazem estudar sobre, tentar responder perguntas. Às vezes são só coisas que acontecem comigo no cotidiano, às vezes são questões das minhas vivências ou da sociedade. Costumo falar muito de saúde mental, mas também gosto de abordar temas que envolvem feminismo e anticapitalismo”, explica. Lila faz quadrinhos desde 2010 e trabalha no mercado editorial desde 2015. Atualmente mora em São Paulo (SP) e tem sua própria loja virtual de produtos ilustrados, entre eles fanzines como Calma! As Feministas Não Querem te Matar. Metódica, monta pastinhas de referência antes de começar um trabalho. Gosta de pensar na atmosfera e nas cores de cada trabalho. No caso das revistinhas em quadrinhos, pensa antes na proposta do que quer fazer e pesquisa os dados antes de desenhar; já as postagens no Instagram são “mais de boa”. (imagem: Lila Cruz) Ju Loyola desafia um dos pontos mais clássicos da arte sequencial – seus quadros não possuem textos; são pura imagem, separada e partida em frames. Ela é muito apegada ao mangá e ao cartoon, à narrativa visual sem texto e à linguagem cinematográfica. “Eu me identifico muito com Alphonse Mucha [artista da art nouveau], Kamome Shirahama [mangaká – criadora de mangás – japonesa] e Akihiro Yamada [ilustrador japonês], são artistas que fazem tudo no tradicional papel e tinta. Gosto de desenhar à mão em papel para ter um trabalho originalmente maravilhoso [risos].” A ideia dos quadrinhos sem texto vem do fato de que “cada pessoa tem a sua forma de ver o mundo”. Participou da competição Silent Manga Audition (SMA) e ganhou seis prêmios. Produziu duas antologias: Shoujo Bomb e Gibi de Menininhas 2. É também autora de The Witch who Loved – volumes 1 e 2 –, Maria Lua & Cia – Aventura das Estrelas e Artbook Woman Warrior. (imagem: Ju Loyola) Ing Lee é quadrinista e pesquisadora mineira, surda, bissexual, filha de pai norte-coreano e mãe brasileira. Artista visual de formação, a ilustradora foi convidada a participar de um projeto de residência artística que a marcou. “Fui bastante influenciada pela lógica do Laboratório de Quadrinhos Potenciais. Hoje eu acabo pensando, antes de tudo, em restrições criativas e práticas (que podem partir também de questões financeiras envolvidas no projeto) para assim poder começar a produzir algo. Só aí as coisas começam a se delinear melhor”, explica. O trabalho no projeto lhe rendeu sua primeira publicação. Ela faz publicações independentes desde 2016 e quadrinhos desde 2018. Bebe de influências do cinema leste-asiático e se propõe a trazer questões envolvendo memória, identidade e a melancolia urbana. Vem tentando ser menos caótica nas produções, “senão a coisa vai crescendo e tomando uma proporção difícil de controlar, feito um braço do Tetsuo [do mangá Akira] consumindo toda a cidade de Neo-Tokyo, que infelizmente nem sempre cabe no projeto.” (imagem: Ing Lee) Cátia Ana é programadora visual, quadrinista e mestre em estudos literários. Iniciou sua produção através do webcomic O Diário de Virgínia, publicado de 2010 a 2016 e que concorreu duas vezes ao troféu HQMix na categoria Web Quadrinhos. Com o zine Tempo e os álbuns Refúgio e Gatito, inaugurou, em 2018, seu selo independente Quadrinhos Infinitos. Definindo-se como uma pessoa organizada, a autora descreve seu processo como “embolado”: “Eu mesma, na maioria das vezes, escrevo, desenho e publico minhas histórias. Quando a gente trabalha em equipe, tem de separar as etapas direitinho. Trabalhando sozinha, eu acabo mesclando isso tudo”. No Tempo, seu trabalho é mais poético e metafórico, com imagens criadas como derivações de sua pesquisa acadêmica, mas isso não impede que sua experiência de vida tenha um papel importante. “Para mim, sempre vai me remeter aos momentos que vivi e pelos quais passei, aos perrengues, às crises – mas, para quem ler, vai ter outro significado ou não vai significar nada. Gosto muito de obras com entrelinhas, com sutilezas, então de certa forma isso se reflete nas histórias que produzo”, explica. (imagem: Cátia Ana) Os quadrinhos de Paloma Barbosa são protestos em forma de arte sequencial. Representatividade é a temática que permeia seu trabalho. Para a artista, “isso faz deles um ato de resistência, por representarem corpos que continuam sendo invisibilizados na sociedade”, dando luz a “mulheres com deficiência e mulheres negras, o feminismo e o capacitismo. Tenho abordado a diversidade dessas mulheres e corpos”. Paloma acredita que as quadrinistas assumem para si um papel político essencial e que engloba algo muito potente. Os quadrinhos passam a ser uma ferramenta de diálogo, para “dar voz ao que estamos vivendo, como país e como pessoas”. (imagem: Paloma Barbosa) Bruna Bandeira é alguém que transforma vida em arte. Ilustradora e criadora da página Imagine e Desenhe, trabalha a representatividade preta e periférica, a reflexão e a empatia. Para Bruna, as quadrinistas e ilustradoras têm o poder de informar com a arte. Embora haja dias em que sua arte possa ser um lugar de calor, “um colo quentinho”, isso nem sempre é o caso. “Existem artistas que têm uma luta, uma causa, um objetivo: eu sou um deles. Mas acredito que o maior intuito é informar de uma forma artística, mostrando seu trabalho e sua voz. Minha arte também é feita para fazer pensar as coisas, para refletir. Eu prefiro que minha arte deixe as pessoas impactadas”, conta. Segundo a artista, brilhar é bom, mas iluminar os outros é maravilhoso. (imagem: Bruna Bandeira) Ana Paloma é alguém que já morou em várias cidades e passou por diversos tipos de aventuras e “perrengues”. Com um humor que ela define como sendo “de família”, transforma em quadrinhos seus estudos sobre política, sociologia e feminismo negro. Para a artista, as tirinhas e os quadrinhos são essenciais, já que, quanto mais “pessoas cis/trans/não binárias conquistarem esse espaço de fala, mais meninas e mulheres aprenderão e discutirão esses conteúdos, e isso pode ajudar a formar uma sociedade mais crítica e igualitária”. Para a ela, a linguagem dos quadrinhos, por ser dinâmica e acessível, torna mais fácil o diálogo com leitoras e leitores. (imagem: Ana Paloma) Ty Silva é de Belém do Pará, artista visual e professora formada em moda pela Universidade da Amazônia (Unama), além de mestre em comunicação e semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Sua pesquisa consiste em estudos sobre identidade e representatividade, os quais são complementados por inspirações do imaginário paraense. “Contar vivências minhas ou que pessoas compartilham comigo também são temáticas que eu amo trabalhar. E gosto de misturá-las com narrativas sobre os seres encantados e fantásticos que imagino e também inserir nelas a minha cultura amazônica e paraense”, explica. “Gosto de falar sobre tudo o que o patriarcado colonizador tenta destruir. Feminismo, orgulho LGBTQA+ e os povos originários”, completa. Sua produção artística transita entre ilustração, muralismo e quadrinhos. Em Belém, integrou a criação do coletivo Mulheres Artistas Pará (MAR), que busca trazer visibilidade às artistas visuais no estado. Ainda faz parte da comissão editorial do coletivo de quadrinhos Açaí Pesado. (imagem: Ty Silva) Marília Marz é formada em arquitetura e trabalha com expografia e design gráfico. É também ilustradora e quadrinista independente. Ela gosta de narrativas que explorem o cenário urbano e apresentem um protagonismo negro, mas não se restringe a isso. “É difícil definir o que me interessa. São muitos os temas de que gostaria de tratar nos meus quadrinhos daqui para a frente”, comenta. A paixão por quadrinhos cresceu ao longo do tempo, tendo começado no seu trabalho de conclusão de curso (TCC), feito em quadrinhos. Marília não tinha um plano de seguir com as HQs, mas “ele [o TCC] acabou sendo bem recebido e eu apenas continuei desenhando, uma coisa levou a outra. Hoje, não quero parar”. A artista não lê mais tanto mangá quanto antes, mas sabe que é uma influência, assim como os trabalhos de quadrinistas negros norte-americanos. (imagem: Marília Marz) Majane Silveira é criadora de Umas Potocas, “livres e leves”. Dedica-se à produção de tirinhas, quadrinhos e gifs animados. Trabalhou muitos anos com ilustração editorial e publicitária. Estudou comunicação social e fez pós-graduação em expressão gráfica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A artista fala com leveza de assuntos diversos: a vida em sociedade, a empatia, as relações no trabalho, a complexidade e a simplicidade do cotidiano. Sua criação, como seus quadrinhos, é sem regras: “Muitas vezes um esboço aleatório desencadeia uma história. Em outros momentos, eu quero narrar uma inquietação, alguma imagem que ficou na memória ou alguma frase que escutei”. Para Majane, os quadrinhos servem de mediação para questões que devem ser discutidas, já que “a linguagem lúdica e os elementos ficcionais ajudam na digestão dos assuntos espinhentos e geram diálogos mais empáticos”. (imagem: Majane Silveira) Carol Ito é criadora do blog de HQs autoral Salsicha em Conserva e autora da série de tirinhas Quarentiras, publicada semanalmente nas redes da revista TPM. Também é criadora do Políticas, projeto dedicado a publicar quadrinhos políticos feitos por mulheres e pessoas não binárias. “Eu sempre fui ‘a desenhista’ da escola e, depois, da faculdade de jornalismo”, conta. A ideia de fazer quadrinhos veio depois de ela ler suas primeiras graphic novels – Persépolis, de Marjane Satrapi, e Palestina, de Joe Sacco – no segundo ano da faculdade. “Fiquei apaixonada pela linguagem e resolvi testar para extravasar angústias que eu tinha na época.” Carol acabou por juntar a arte com o jornalismo quando visitou um presídio no município de Serra, no Espírito Santo, para conversar com homens acusados de agredir e assassinar mulheres e narrar essa experiência em uma reportagem em quadrinhos. (imagem: Carol Ito) Letícia Moreno, a Leta, é bacharel em história da arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ilustradora freelancer em atuação desde 2018. Para ela, os quadrinhos refletem sua individualidade e representatividade, e espelham suas questões do dia a dia e suas lutas. “Eu tento projetar um pouco de outras possibilidades da negritude no meu trabalho, sabe? A gente sempre vê muito essa vivência associada a imagens de violência e de corpos violentados, então tento falar um pouco da minha subjetividade. Mas, mesmo assim, sempre prefiro colocar personagens negros em destaque”, explica. Seu processo de criação é espontâneo, pulsante, algo que acontece. Para ela, o quadrinho é um refúgio. “Ele é um lugar em que eu falo sobre coisas que estou pensando, coisas simples, como perceber que estou procrastinando sobre alguma atividade porque decidi fazer um bolo no meio do processo. Achei isso engraçado e aí fiz uma tirinha sobre isso [risos].” (imagem: Letícia Moreno) Alice Pereira pensa sobre si mesma como uma quadrinista autobiográfica. Para ela, o processo de criação da imagem vem antes da palavra, e sua arte deriva de suas vivências e das pessoas ao seu redor. Em 2017 começou a contar a história de sua transição de gênero em tiras semanais nas redes sociais. Em 2019 lançou o livro Pequenas Felicidades Trans, a partir das tiras semanais e de material inédito sobre a história de sua vida como mulher trans. Para Alice, o papel das quadrinistas é exatamente este: “Trazer mais diversidade, trazer novas narrativas e formas de contar histórias. A gente está ocupando cada vez mais espaço, principalmente no mercado independente”. (imagem: Alice Pereira) Blenda Furtado é quadrinista e ilustradora. Desde agosto de 2018, publica a série de tiras autorais Nanda a Ver semanalmente no jornal O Povo, do Ceará. Dividida entre seus dois amores, a fisioterapia e a arte, foi forçada a uma escolha difícil. “Chorei muito ao entender isso, pois viver de arte era algo ostracizado (infelizmente talvez ainda seja, porém hoje bem menos), mas quando decidi o peso foi embora. Falei para a dona da clínica que iria embora e, quando indagada sobre o porquê, me peguei sorrindo ao responder: 'Não estou mais feliz aqui. E quero muito ser feliz'”. Para Blenda, às vezes as personagens de suas criações falam sozinhas, principalmente Nanda, que frequentemente toma as rédeas e o desenho só flui depois de o texto estar pronto. “Não é mágica. No fim, a história já estava em mim, mas há dias em que me julgo muito ou acho que a ideia não é boa o suficiente. Nesses momentos as pessoas boas que tenho me inspiram, as situações simples me inspiram, as boas histórias de cada dia se revelam as mais incríveis.” (imagem: Blenda Furtado) Fefê Torquato é uma observadora do cotidiano: “Eu gosto de escrever sobre gente e comportamento. Colocar pequenas situações ou hábitos corriqueiros sob um microscópio como forma de valorização ou crítica”. Ela é quadrinista desde 2014 e publicou as HQs Gata Garota – Volume 1 (2015) e Estranhos e o livreto de terror A (2016). Em 2019, depois de dois anos dedicando-se somente à ilustração e à aquarela, escreveu e ilustrou a graphic novel Tina – Respeito. Para ela, os quadrinhos têm de se conectar com o mundo: “Penso muito sobre como a história pode contribuir ou não para o que a gente vive hoje. E dessa forma tento moldá-la para que ela fale com o nosso tempo e não seja totalmente irrelevante. Mesmo histórias leves precisam ter um propósito, senão não vale a pena ser contadas”. (imagem: Fefê Torquato) “Eu conto histórias. Acredito que isso seja a essência da arte sequencial, [contar histórias] por meio de recursos visuais combinados com textos. E vejo os quadrinhos, assim como as linguagens artísticas, como forma de expressão, reflexão e autoconhecimento.” É assim que Talessa Kumiguya define a arte dos quadrinhos. Além de publicações infantis, a quadrinista e ilustradora produz animações clássicas e é autora de Memories, série de quatro volumes indicada ao 31o prêmio HQMix, em 2019, na categoria Minissérie. Um de seus primeiros trabalhos foi o curta animado independente Yayá – na Semana de Arte e Cultura da Universidade de São Paulo (USP), em 2011 –, que hoje faz parte do acervo da Casa de Dona Yayá. Entre suas influências estão artistas japoneses como Ozamu Tezuka, Hayao Miyazaki e Katsuhiro Otomo, além de europeus como Beatrix Potter, Hergé, a dupla René Goscinny e Albert Uderzo, e Jean-Jacques Sempé. (imagem: Talessa Kumiguya)
Banca de Quadrinistas | Olhares Femininos
até segunda 26 de outubro de 2020 às 12h
primeiro lote
até segunda 19 de outubro às 12h
segundo lote
até segunda 26 de outubro às 12h
on-line – site do Itaú Cultural
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