Aniversário de São Paulo na Itaú Cultural Play
25/01/2023 - 09:00
Hoje, 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemora 469 anos de sua fundação. Para celebrar o aniversário da metrópole, separamos algumas das obras disponíveis na Itaú Cultural Play que abordam a capital paulista como cenário-personagem.
Aniversário de São Paulo | A cidade como cenário-personagem
1. Cidade improvisada, de Alice Riff (2012)
Documentário | 19 min
[classificação indicativa: 10 anos]
Parte essencial da cultura do rap, as batalhas de MCs são um intenso exercício criativo, em que o desafio é improvisar letras a partir de uma batida. Neste filme, 16 MCs brasileiros, entre homens e mulheres, aliam suas habilidades poéticas e criativas para cantar sobre a cidade, suas quebradas e seus dramas.
No embalo do ritmo e das rimas, o curta desenha uma breve história do rap e uma pequena poética do ato de improvisar versos. Alegre, pulsante e didático na medida certa, também captura a íntima relação entre o gênero musical e as duras realidades urbanas. Participação de Thaíde, Max B.O., Rapadura e Kamau, entre outros nomes.
2. O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (1968)
Policial | 92 min
[classificação indicativa: 16 anos]
A voz de dois interlocutores radiofônicos anuncia o noticiário policial. Embrenhadas nas ruas da Boca do Lixo, o Quadrilátero do Pecado, autoridades empenham-se na captura do Bandido da Luz Vermelha, um marginal bárbaro e temido pelas famílias de bem. Enquanto isso, Luz narra a sua história no crime e reflete sobre a existência.
“Quem tiver de sapato não sobra, não pode sobrar.” Uma das frases mais famosas do cinema brasileiro, proferida pela personagem de Paulo Villaça, o bandido, define o espírito deste filme-soma, ou faroeste do Terceiro Mundo, nas palavras de seu realizador. Em seu primeiro longa, Sganzerla redefiniu o caminho do cinema moderno no Brasil.
3. Um céu de estrelas, de Tata Amaral (1996)
Suspense | 71 min
[classificação indicativa: 16 anos]
Dalva é cabeleireira e mora na Mooca, tradicional bairro fabril da capital paulista. Ela está prestes a embarcar para Miami e se livrar da vida que leva. Numa manhã, Dalva é surpreendida pela visita de Vítor, seu ex-namorado, um tipo duvidoso. Aos poucos, o flerte e o jogo amoroso entre os dois se transformam numa arrebatadora espiral de violência.
Um dos marcos do cinema brasileiro dos anos 1990, o filme de Tata Amaral surge como um gesto de explosão num momento de paralisia cultural. A obra se passa num único cenário e se apoia na direção precisa, numa dramaturgia pulsante e na brilhante performance de seu elenco. Grande vencedor do Festival de Brasília, o filme circulou pelos festivais de Berlim, Roterdã e Toronto.
4. Cidade oculta, de Chico Botelho (1986)
Policial | 80 min
[classificação indicativa: 16 anos]
Preso por porte de drogas, o marginal Anjo sai da prisão e reencontra um antigo comparsa, hoje chefe de uma gangue. Por intermédio dele, Anjo conhece Shirley Sombra, bandida e estrela de shows noturnos. Enquanto eles se envolvem amorosamente, Ratão, um policial corrupto, vai no encalço de Anjo para um acerto de contas.
Estrelado pelo músico Arrigo Barnabé e pela atriz Carla Camurati, Cidade oculta é um marco do cinema paulista dos anos 1980. Representante de uma nova tendência que eclodiu na capital paulista nessa década, chamada Neon-Realismo, o filme se apropria da cultura pop, dos quadrinhos e do filme policial norte-americano, com olhar autoral e ambição criativa.
5. À meia-noite levarei sua alma, de José Mojica Marins (1964)
Terror | 81 min
[classificação indicativa: 16 anos]
Na expectativa de gerar um filho perfeito, Zé do Caixão não hesita em assassinar as mulheres e os homens que involuntariamente impedem a concretização de seu desejo. Uma cigana, contudo, prediz o terrível castigo que o vitimará. Descrente, ele segue fazendo vítimas e desafiando os demônios a buscar sua alma.
Bárbaro, o filme de José Mojica Marins inaugura o Cinema Fantástico no Brasil e apresenta ao público a personagem de Zé do Caixão, um doentio e cruel agente funerário. Para satisfazer seu desejo, o coveiro iconoclasta avacalha a tudo e a todos, das crenças religiosas aos mais profundos valores morais.
6. O dia de Jerusa, de Viviane Ferreira (2013)
Drama | 20 min
[classificação indicativa: 12 anos]
Uma jovem pesquisadora negra aplica questionários para uma marca de sabão. Na busca por candidatos às entrevistas, ela é recebida por Jerusa, uma senhora moradora de um antigo sobrado. O que seria apenas uma conversa trivial vai se transformando numa troca de afetos, dores e memórias entre gerações.
Entre os vários méritos do curta, a atuação dos atores é algo a se destacar. Léa Garcia surge luminosa no papel de uma senhora inundada de lembranças que perturbam o cotidiano. Esse é o ponto de partida para uma discussão que envolve temas como escravidão, memória e representatividade negra.
7. São Paulo, a sinfonia da metrópole, de Adalberto Kemeny e Rodolpho Rex Lustig (1929)
Documentário | 90 min
[classificação indicativa: 10 anos]
A manhã desperta a cidade. Passantes e bondes tomam conta das ruas, num ritmo cada vez mais intenso. À medida que as horas avançam, a capital paulista vai ganhando contornos – trabalhadores, edifícios, o café e o casario da gente abastada vão compondo a partitura de uma cidade que caminha a passos largos para a modernidade.
Inspirado na forma musical da sinfonia, o filme recorre a uma montagem de cortes rápidos, que molda o elogio à riqueza da capital paulista nos finais da década de 1920. Sequências do cotidiano nas ruas se combinam com a celebração de vários aspectos da metrópole, como suas instituições, seus automóveis e arranha-céus.
8. Anjos da noite, de Wilson Barros (1987)
Drama | 98 min
[classificação indicativa: 16 anos]
Diferentes personagens, entre elas uma empresária com negócios escusos, um diretor de teatro, um garoto de programa e uma diva decadente, convivem durante uma madrugada em São Paulo. Errantes, suas trajetórias se conectam entre inferninhos e ruas luminosas de neon, em meio a sonhos, crimes e orgias.
Wilson Barros é um dos nomes mais importantes do cinema paulista, autor de uma obra original que marcou um novo momento da produção em São Paulo nos anos 1980. Verdade e mentira se misturam nesta história noturna, que coloca o espectador em dúvida sobre o que está vendo, como num lúdico jogo de espelhos.
9. A felicidade delas, de Carol Rodrigues (2018)
Drama | 14 min
[classificação indicativa: 12 anos]
Na Avenida Paulista, coração do capitalismo latino-americano, duas mulheres se encontram. É noite de 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. Elas se manifestam coletivamente pelo direito de existir, mas o ato é repreendido pela polícia. Entre sirenes e balas de borracha, as mulheres se refugiam num local abandonado.
Carregada de tensão, a narrativa do curta explode através do encontro amoroso entre duas mulheres negras. A edição é habilidosa no trabalho com os sons de uma cidade conflagrada, sobre a qual pairam os barulhos ameaçadores de um helicóptero. Por outro lado, a fotografia retira do contraste entre a luz e a escuridão uma expressividade poética arrebatadora.
10. Uma rua chamada Triumpho 69/70, de Ozualdo Candeias (1971)
Documentário | 12 min
[livre para todos os públicos]
A Rua do Triumpho, no centro da capital paulista, é um marco para a história do cinema em São Paulo. Foi de suas ruas, seus bares, neons e trabalhadores que nasceu um dos mais importantes núcleos de produção cinematográfica do país, conhecido como a Boca. Este curta descreve sua paisagem e retrata seus diferentes personagens, entre diretores, distribuidores, técnicos e exibidores.
Uma sucessão ininterrupta de fotografias tiradas por Ozualdo Candeias descobre alguns dos rostos que passam pela Triumpho – Jofre Soares, Anselmo Duarte, Luiz Sérgio Person, Aurora Duarte e Roberto Santos, entre tantos outros artistas e produtores. O curta é uma carinhosa homenagem a um momento criativo do cinema brasileiro.
11. Uma rua chamada Triumpho 70/71, de Ozualdo Candeias (1971)
Documentário | 12 min
[classificação indicativa: 12 anos]
Em seu segundo curta-metragem dedicado à comunidade da Boca do Lixo, Candeias descreve a Rua do Triumpho como um centro de distribuição de latas de filmes para todo o Brasil, dada a sua proximidade com a Estação da Luz. Também apresenta novos artistas e faz pequenas ironias à situação do cinema brasileiro nos anos 1970.
O filme segue o mesmo arranjo narrativo do primeiro: a edição de fotografias tiradas por Candeias e a trilha sonora do violonista nordestino Vidal França se combinam com a voz do locutor que identifica as personagens da Boca, como num minialmanaque de nomes e funções profissionais.
12. Amante muito louca, de Denoy de Oliveira (1973)
Comédia | 97 min
[classificação indicativa: 14 anos]
Amâncio trabalha como gerente de câmbio e é um homem bem-sucedido. Casado, tem dois filhos jovens e vive um relacionamento paralelo com Brigite, uma vedete do teatro de revista. Nas férias de sua família numa praia em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, a amante resolve se unir a eles e o inesperado acontece.
Longa-metragem de estreia de Denoy de Oliveira, esta premiada comédia de costumes sobre a classe média brasileira dos anos 1970 faz sátiras ao machismo e à hipocrisia dos valores tradicionais. O riso e a crítica social são os grandes atrativos do filme, que foi alvo da censura no seu ano de lançamento. Participação especial de Jô Soares.