MC Gaspar, letrista e cofundador do Z’África Brasil – grupo de rap brasileiro criado na década de 1990 –, está há mais de 26 anos desenvolvendo atividades culturais na Zona Sul de São Paulo. O artista, um dos pioneiros do hip-hop na capital paulista, lançou no último dia 5 de março o disco inédito Hip-hop caboclo, apoiado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018.

Para produzir o material, MC Gaspar e o produtor musical João Nascimento viajaram para Bahia, Pernambuco, Maranhão, Pará e Acre em busca de pesquisa sonora e interação cultural em comunidades tradicionais do Norte e do Nordeste. O álbum nasce dessa pesquisa, resultante da pluralidade dos ritmos brasileiros de matrizes africanas e indígenas, das métricas e poéticas dos cantadores das culturas populares, das síncopas percussivas dos tambores e das ladainhas e histórias compartilhadas por esses povos.

“Saímos em busca das batidas brasileiras e chegamos em outras periferias, percebemos que alguns elementos da cultura hip-hop que conhecemos em São Paulo também estão presentes de maneira semelhante em outras diversas manifestações populares que encontramos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil”, conta Gaspar.

MC Gaspar é um homem branco. Está sentado com a cabeça baixa, com um boné vermelho e óculos escuros. Está vestindo bermuda jeans e uma blusa de moletom clara. Está segurando um microfone com as duas mãos. Atrás dele há diversas plantas e um fundo preto.
MC Gaspar também é co-fundador do grupo de rap Z’África Brasil (imagem: João Nascimento)

Misturando ambiências, ruídos e sonoridades inerentes às captações diretas que foram produzidas nos espaços, nas casas e nos terreiros dos artistas e personagens entrevistados durante as viagens – realizadas entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 –, o material final foi arranjado e concatenado com outros timbres eletrônicos e sobreposições de instrumentos convencionais no estúdio Kalakuta em São Paulo, gerando assim timbres peculiares resultantes das combinações com as sonoridades oriundas do hip-hop.

“A transversalidade entre linguagens, culturas, gêneros e abordagens artísticas são aspectos fundamentais desta obra. Diante de uma necessidade de romper padrões, fórmulas e lugares não antes visitados por nós, o álbum busca expandir o olhar e a escuta para novas possibilidades de composição musical, convivências harmônicas e arranjos a partir de um espaço simbólico de construção artística, que valoriza o hip-hop em diálogo com as culturas regionais”, destaca João.

Hip-hop caboclo conta com a participação de Dona Onete (Belém, PA), Mestre Zampa (Quilombo Barro Alto na Ilha de Marajó, PA), Mestre Amaral, Peixinho e Tião Carvalho (São Luís, MA), Mestre Avelino (Muritiba, BA), Tambores do Mundo (Salvador, BA) e Grupo Bongar (Olinda, PE).

Ouça nas principais plataformas de streaming de música.

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