“Versos” destaca produções de artistas presentes na coleção de obras de arte do Itaú Cultural (IC). A cada publicação, um escritor é convidado a criar um poema inspirado em uma obra do acervo. Nesta edição, escreve Lucas Baliões.
Amilcar de Castro
Coluna, 1997
aço sac 41
1000 x 100 x 158 cm
Acervo Itaú Cultural
Contemplação
“Contemplação.
As mãos foram lavadas,
mas a oferenda ainda não foi feita.
A sinceridade inspira respeito.”
"Hexagrama 20 – Contemplação", I Ching: o livro das mutações
(Linha 1) _ _
Coluna
Pata-terra
Brotando dela
O cavalo da calça
Entrepernas
Retas
(Linha 2) _ _
Monumento
Vértebra
Lombar
Compasso
Novo frame
Tangente-Calçada
Tangente-Asfalto
(Linha 3) _ _
Sujo e não enrijeço
Pele aço
Entremeio
Contravento
Metal-avant-art
(Linha 4) _ _
Arme-arme
This sculpture
Don't murder-murder
Zé Alguém-Ninguém
Por idolatria
Long line way of life
(Linha 5) ___
Dure enquanto dura
Dance com o tempo
Alongada forma
Obelisco erguido
Ogunhê! Ogunhê!
(Linha 6) ___
Torre
Mina meu edifício
Em itinerário cervical
Antigas pirâmides
O sim
Um sinal vertical
E a história da história.
(Imagem)
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Veja também:
>> Todos os textos, nas várias curadorias, sobre obras do acervo do Itaú Cultural
Amilcar de Castro (1920-2002) foi escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo e professor. Suas obras consistem na construção de objetos tridimensionais a partir de planos geométricos e se relacionam com o espaço e com o tempo, admitindo, por exemplo, o aparecimento da ferrugem como um âmbito importante. Saiba mais da sua vida e obra na Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileira.
Lucas Baliões é artista visual. Dedica-se em sua pesquisa artística à relação entre sexualidade e racialidade nos espaços das cidades, por meio de técnicas experimentais de impressão e escrita. No IC é produtor cultural do núcleo de artes visuais.