O músico alagoano Nelson dos Santos, o Nelson da Rabeca, morreu hoje, aos 81 anos, em Maceió (AL). Segundo dados do G1 e da Gazeta Web, o instrumentista, compositor e cantor havia sido internado na quinta, em torno das 13h30, com dores no estômago e um coágulo no pé, em Marechal Deodoro, cidade onde vivia. Com a piora do seu quadro, foi levado ao Hospital Geral do Estado e chegou a óbito durante a madrugada.

Nelson da Rabeca e sua esposa Dona Benedita
Nelson da Rabeca (à esquerda) e sua esposa Dona Benedita (imagem: Apresentação de Tradição improvisada)

Autodidata, Nelson da Rabeca aprendeu a construir e a tocar seu instrumento sozinho, inspirado por um violinista a que viu na televisão aos 54 anos. “Dizem que cavalo velho não aprende passada nova. Mas há 15 anos que aprendi, faço e toco rabeca”, disse ele em uma entrevista à Folha em 1999. “Se botar a cabeça para funcionar, a gente aprende qualquer coisa, mesmo depois de velho”, acrescentou, “antes eu cortava cana, limpava mato e cambitava (transportava, nas costas de burros, cana-de-açúcar e lenha), mas faz uns 15 anos que vivo de rabeca e, de lá para cá, só topo com gente boa”.

Com jaqueira, traíba, gameleira, cajarana, mulungu, mole, timbaúba e embaúba, Nelson fez mais de seis mil rabecas, produzidas cada uma em uma semana. Além disso, gravou quatro álbuns, entre eles, Segredo das árvores e Tradição improvisada – este produzido com o músico suíço Thomas Rohrer e apoiado pelo Rumos Itaú Cultural. É uma canção desse disco que dá o título desta matéria: “Obrigado, seu Nelson”, em que ouvimos:

obrigado, seu Nelson,
pela sua rabequinha
essa rabeca é sua
mas depois pode ser minha

O álbum traz xotes, forrós e marchas e conta com o canto de Dona Benedita, mulher do artista. Ouça Tradição improvisada completo abaixo e conheça o seu processo criativo aqui.

Confira também as entrevistas de Nelson e Dona Benedita para a nossa série +70:

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