O Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa revelou hoje os vencedores da sua edição 2022. A escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho foi a vencedora neste ano, com Líbano, labirinto, um livro de crônicas. Em segundo lugar foi agraciado o romance Museu da revolução, do autor moçambicano João Paulo Borges Coelho. Na terceira posição está O som do rugido da onça, da brasileira Micheliny Verunschk.

É a primeira vez que um livro de não ficção ganha o Oceanos. O curador do prêmio para o Brasil, Manuel da Costa Pinto, comentou sobre Líbano, labirinto:

“Alinhavando histórias individuais e coletivas desse país tão ancestral quanto conflagrado, o livro associa o olhar cirúrgico sobre a realidade social e política a uma sensibilidade que a todo tempo interroga a própria experiência, dentro da tradição que leva do ensaio (em sua acepção original) à crônica contemporânea, passando pela linhagem dos grandes cronistas históricos portugueses, que fizeram da viagem o mote para flagrar o espanto diante da alteridade”. 

Já Museu da revolução se destaca, na opinião do professor Artur Bernardo Minzo, pela maneira como

“esgravata as diferentes formas de (in)compreensão sobre as ‘guerras’ do projeto humano sempre inconcluso, destacando-se a guerra suprema pela vida e os ‘subconjuntos’ correlacionados: a guerra colonial em si, a guerra de tropas contra tropas inimigas, a guerra de países e suas ideologias antagônicas, a guerra de desejo de soldados contra o corpo de mulheres desprotegidas. Mas, sobretudo, é a metáfora assombrosa da desqualificada e repugnante negação de valores como a vida, o amor, a paz, a amizade, a verdade e a razão”. 

Por fim, O som do rugido da onça, segundo a poeta Júlia de Carvalho Hansen, 

“é um acontecimento literário raro. Afinal, o livro transforma os tempos passado e futuro, criando um romance histórico que é também contemporâneo. Embora apresente parentesco com autores como Guimarães Rosa e Mia Couto, enquanto apreende perspectivas de conhecimentos e mitos ameríndios, a escrita desse romance de Micheliny Verunschk se faz única, reinventando com sofisticação e alegria a língua portuguesa. Além da rica originalidade textual, sua narrativa transporta e utiliza dentro da ficção questões urgentes aos debates contemporâneos, sejam elas ligadas à decolonialidade ou ao reconhecimento da potência dos saberes da floresta ou mesmo da necessidade tão sutil como firme de operar a literatura através de posturas feministas”.

Os vencedores do prêmio foram revelados em cerimônia transmitida ao vivo pelo canal da premiação no YouTube, presencialmente realizada no Centro Cultural Brasil-Moçambique, na capital desse último país, Maputo. O trio ganhador foi destacado de uma lista final de dez autores. Confira a reportagem que o Itaú Cultural (IC) fez com todos eles, pedindo indicações de livros contemporâneos.

Saiba mais no site do prêmio Oceanos.

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