Desde 17 de setembro, a fachada do Itaú Cultural (IC) conta com uma intervenção do artista visual Brisola Moutinho. Concebido em parceria com Arthur Costa, membro da equipe de design do IC e idealizador e curador do projeto Arte Urbana, o trabalho dialoga com a Itaú Cultural Play – plataforma de streaming gratuita e dedicada ao cinema nacional – e reúne elementos que remetem a formas tradicionais e modernas de produzir e consumir cinema: da câmera analógica e do filme em película à câmera de smartphone e ao filme digital.

Foto da fachada do Itaú Cultural, com pintura do artista Brisola Moutinho, que também aparece na imagem. A obra traz desenhos que remetam ao universo do cinema, como câmeras e filmes em película. Brisola é um homem negro, tem cabelos curtos e barba, ambos com parte dos fios brancos. Ele veste camiseta e calça pretas, usa tênis branco e está sentado de braços cruzados sobre a mureta em que a pintura foi realizada.
(imagem: André Seiti)

Brisola tem 49 anos e, desde os 19, atua com arte em espaços públicos de São Paulo, cidade onde nasceu. Ele diz que o cinema sempre fez parte da sua vida e também se manifesta nas suas obras: “Trabalho muito com personagens, e várias das minhas referências vêm dos filmes. Vejo bastante animação – das mais recentes, em 3D, às mais antigas; de Monstros S.A. a A viagem de Chihiro. É um campo no qual não há limites para a criação”.

As personagens de Brisola, como as do cinema, também se movem de alguma forma: o artista as cria de maneira que “costumam dar a impressão de que estão saindo ou, principalmente, entrando no painel, no espaço da pintura”.

A foto mostra o artista visual Brisola Moutinho pintando uma obra na fachada do Itaú Cultural. Ele é um homem negro, tem cabelos curtos e barba, ambos com parte dos fios brancos. Ele veste camiseta e calça pretas e segura um pincel com a mão direita e uma lata de tinta com a esquerda.
(imagem: André Seiti)

Além de imagens em movimento, o cinema é som. Nesse sentido, Brisola diz que a trilha sonora de suas pinturas, embora elas estejam sobretudo em locais públicos, não é composta dos ruídos da cidade: “Meu trabalho é muito colorido e psicodélico, acho que tem muito a ver com a música eletrônica”. O vozerio das ruas e o barulho dos carros e dos prédios em construção parecem nem existir no momento em que o artista está em atividade. “Quando estou pintando, até me desconecto desses sons – e das condições do clima e tudo mais... A criação me tira do espaço, eu entro num transe”, observa.

Para Brisola, é importante que as pessoas que interagem com suas pinturas também possam ter essa experiência de entrar numa espécie de transe.

Mais ou menos como ver um filme.

Detalhe de pintura do artista Brisola Moutinho na fachada do Itaú Cultural.
(imagem: André Seiti)

Arte Urbana

O trabalho de Brisola integra o Arte Urbana, projeto criado pelo IC em 2017 que já contou com os kene dos Huni Kuĩ e com a arte de Erica MizutaniGuilherme KramerJota CunhaLuna BastosDenilson BaniwaSandra Cinto e Felipe Ikehara e Vinicius de Assis.

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