A 34ª Bienal de São Paulo tem como título um verso do amazonense Thiago de Mello, “Faz escuro mas eu canto”, presente no poema “Madrugada Camponesa”. Escrito entre 1962 e 1963, o trabalho só veio a público em 1965, um ano após a instauração de uma ditadura civil-militar que, abalando a realidade do país, alterou também as possíveis interpretações do verso: se antes ele sugeria um olhar esperançoso em relação ao futuro – “porque a manhã vai chegar”, assim segue o poema –, depois do golpe esse olhar perdeu parte do seu alcance e aquele futuro sonhado se perdeu no horizonte. Hoje, mais de 50 anos depois, a Bienal retoma o enunciado para pensar a escuridão contemporânea, seu futuro igualmente incerto e o papel fundamental da arte nesse contexto.

“Por meio desse verso, a 34ª Bienal reconhece a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual, enquanto reivindica a necessidade da arte como um campo de encontro, resistência, ruptura e transformação” (trecho do texto curatorial da mostra).

Por causa da pandemia de covid-19, a exposição foi adiada para o segundo semestre de 2021. No entanto, a equipe curatorial formada por Jacopo Crivelli Visconti, Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez propôs expandir o evento, tanto na dimensão temporal – promovendo mostras individuais que antecedem a coletiva – quanto na espacial – por meio de parcerias com 25 instituições da capital paulista, entre elas o Itaú Cultural.

Aproveite a programação digital

A programação digital e gratuita é destinada a diversos públicos, ampliando os debates com ações especiais nos canais da Fundação Bienal. Entre as atividades estão lives com os curadores e convidados, minicursos, entrevistas com os artistas em seus ateliês e iniciativas voltadas para a área de educação.

Veja abaixo algumas das atividades anunciadas.

Encontros ao vivo sobre os enunciados: curadores e convidados da 34a Bienal se reúnem para discutir um dos enunciados da mostra – objetos com histórias em torno dos quais as obras serão distribuídas na exposição, sugerindo leituras poéticas multifacetadas. O primeiro encontro, sobre o título da Bienal, Faz Escuro mas Eu Canto, ocorre já em 15 de outubro.

No mesmo dia, o público poderá conhecer um pouco mais de três artistas que participam da Bienal: Carmela Gross (1946, São Paulo) e dois nomes agora anunciados, Edurne Rubio (1974, Burgos, Espanha) e Zina Saro-Wiwa (1976, Porto Harcourt, Nigéria) – veja nas galerias de fotos.

Ao todo, são seis encontros, que acontecem a cada 45 dias, até junho de 2021. Os demais temas são: Artaud e Glissant; Objetos do Museu Nacional; Retratos de Frederick Douglass; e Sino de Ouro Preto.

Minicursos a distância: cada encontro ao vivo mencionado acima terá, posteriormente, um minicurso aprofundando os temas abordados. O primeiro já possui data marcada – entre 22 de outubro e 12 de novembro – e aborda o título da mostra. A participação é mediante inscrição prévia. Cada turma terá 80 vagas.

Visitas aos ateliês: mensalmente, de setembro de 2020 a agosto de 2021, os artistas selecionados para a 34a Bienal abrirão seus ateliês em vídeos gravados, e bilíngues, para o público. Além de falar sobre suas trajetórias individuais, eles mostrarão algumas de suas obras e pesquisas atuais a partir de perguntas e provocações colocadas pela equipe curatorial. O primeiro vídeo, com Frida Orupabo, já está disponível no Instagram e no site da Bienal. O próximo, em 21 de outubro, será com Juraci Dórea.

No site desta 34ª Bienal é possível acessar mais informações sobre essas atividades e parcerias, além de conhecer os projetos arquitetônico e expositivo da mostra, sua identidade visual e, a partir de correspondências trocadas entre membros da curadoria, o processo de escolha do título da edição. A programação se estende de setembro de 2020 a agosto de 2021, quando se comemoram os 70 anos da realização da 1a Bienal de São Paulo.

 

A série Por Aí divulga ações e atividades de instituições e projetos parceiros do Itaú Cultural espalhados Brasil afora. Você pode acompanhar em nosso site, por meio da tag Por Aí, e nos destaques do nosso perfil no Instagram (@itaucultural).

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