O Itaú Cultural comemorou o Dia do Cinema Brasileiro (19 de junho) em grande estilo: com o lançamento da Itaú Cultural Play, plataforma de streaming gratuita dedicada a produções nacionais.

Na estreia, foram disponibilizados já mais de cem títulos entre filmes, séries, programas de TV, festivais e mostras temáticas e competitivas, além de produções audiovisuais de instituições culturais parceiras.

Veja abaixo a lista dos filmes mais vistos neste primeiro mês de Itaú Cultural Play! E, se você ainda não acessou, entre em itauculturalplay.com.br ou no aplicativo para mobile, faça seu cadastro gratuito e aproveite!

10

A rainha Nzinga chegou
Júnia Torres e Isabel Casimira | 2019 | Minas Gerais
Documentário | 74min

Fotografia colorida de duas pessoas ajoelhadas na areia. Um homem, negro, com turbante e blusa roxos, saia azul e calça branca, com tambor na mão. Uma mulher negra de cabelo preto preso em coque, vestido branco e pulseiras. O céu ao fundo é azul.
A rainha Nzinga chegou (imagem: frame do filme)

Uma travessia pelo Atlântico Sul, do Brasil a Angola, leva a codiretora do filme Isabel Casimiro às matrizes africanas da festa do congado. Rainha Conga de Minas Gerais, Isabel visita os domínios angolanos da mítica Rainha Nzinga, símbolo da resistência negra ao colonialismo português.

Por que ver?
Ao cruzar o oceano rumo à África, o filme nos conduz por uma viagem em direção aos laços que unem o Brasil a Angola. As celebrações do congado, em que os cultos africanos se fundem ao cristianismo, são o ponto de convergência de dois territórios marcados por uma experiência histórica comum.

9

Teko haxy – ser imperfeita
Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro | 2018 | Goiás
Documentário | 39 min

Fotografia colorida de uma estrada de terra com plantação clara em volta. Há três pessoas no final da estrada. Ao fundo há árvores e neblina.
Teko haxy – ser imperfeita (imagem: frame do filme)

Intimista como um diário pessoal, o filme surge do encontro entre duas cineastas de mundos antagônicos. Patrícia é indígena da etnia Mbyá-Guarani. Sophia é antropóloga e não indígena. Cenas do cotidiano, bate-papos e a experiência pessoal trocada dão a este diálogo um sentido humano avassalador.

Por que ver?
Distante dos lugares-comuns do documentário, o filme chama a atenção pela maneira aparentemente despojada com que cria sua história, lembrando uma troca de cartas ou um filme doméstico. Esse aparente descompromisso é o gatilho para uma reflexão sobre diferenças culturais a partir da ótica feminina.

8

A noite amarela
Ramon Porto Mota | 2019 | Paraíba
Terror | 100 min

Fotografia colorida de uma jovem virada para o lado esquerdo e olhando bem séria para a frente. Ela é branca, tem cabelos escuros compridos e está com uma camisa preta com borboletas amarelas e azuis. Ao fundo há ondas do mar. Está muito escuro.
A noite amarela (imagem: frame do filme)

Para celebrar o fim do ensino médio, um grupo de adolescentes viaja para uma casa de praia numa pequena ilha do Nordeste. O clima de festa vai aos poucos se desfazendo para dar lugar a uma estranha sensação de que algo sobrenatural e ameaçador paira no ar.

Por que ver?
É possível produzir cinema de terror no Brasil? Este filme é a mais contundente resposta positiva para a pergunta. O cenário brasileiro, a direção segura de atores, a consciência do ritmo do thriller e o uso inteligente da linguagem em prol do suspense são suas melhores qualidades.

7

Voltei!
Ary Rosa e Glenda Nicácio | 2021 | Bahia
Drama | 77 min

Fotografia colorida de uma mulher negra com camisola e blusa vermelhas olhando séria para outra pessoa que está de costas. Ela está também com os braços abertos, as palmas das mãos para cima. Ao fundo, uma mesa com lampiões acesos, geladeira e uma porta. O ambiente está escuro.
Voltei! (imagem: frame do filme)

A história se passa em 2030, num Brasil distópico e muito malgovernado. Certa noite, as irmãs Alayr e Sabrina ouvem num radinho de pilha notícias sobre um julgamento que pode mudar o rumo deste país “sem energia”. De repente, elas são surpreendidas por Fátima, a irmã que volta dos mortos para festejar esse momento tão especial.

Por que ver?
Novo longa da dupla de cineastas do premiado Café com canela. Nesta tragicomédia fantástica, os realizadores põem novamente à prova sua versão particular da “estética da fome”, de Glauber Rocha. Um cinema feito de boa dramaturgia, elenco reduzido, locação única e muita expressividade.

6

Cinderelas, lobos e um príncipe encantado
Joel Zito Araújo | 2008 | Rio de Janeiro
Documentário | 105 min

Fotografia colorida de vários táxis. Ao lado, na calçada, uma  mulher negra de biquíni amarelo e cabelo preso ao lado de dois senhores vestindo branco. Eles estão todos de costas. Há guarda-sóis ao fundo.
Cinderelas, lobos e um príncipe encantado (imagem: frame do filme)

Um filme contundente e assustadoramente realista sobre um universo em que os contos de fada têm um lado macabro. Das praias do Nordeste às cidades europeias, o filme entrevista uma série de mulheres que viveram o sonho do príncipe encantado estrangeiro, mas acabaram no mercado de exploração sexual.

Por que ver?
No melhor espírito investigativo do documentário, e às vezes no limite do jornalismo mais cru, Joel Zito vai aos subterrâneos do turismo sexual para colher diferentes histórias e pontos de vista. O resultado é um quadro sombrio de uma tragédia que envolve mulheres pobres e afrodescendentes.

5

Ela volta na quinta
André Novais Oliveira | 2014 | Minas Gerais
Drama | 107 min

Fotografia colorida de um homem negro virado para a direita segurando uma caixa. Ele tem cabelos brancos curtos, usa óculos de grau e veste uma camisa bege. Está sério. Ao fundo, uma geladeira Brastemp.
Ela volta na quinta (imagem: frame do filme)

Um casal de idosos lida com uma crise conjugal. Um de seus filhos quer ser pai, mas as exigências materiais para isso são muitas. O outro tem ocupação incerta. Todos esses dramas vividos em Contagem, periferia de Belo Horizonte, ganham significado universal nas mãos do diretor André Novais Oliveira.

Por que ver?
Para realizar este drama sobre uma família que vive na periferia de uma grande cidade, o diretor recrutou seus próprios parentes como atores. O resultado é um filme extremamente humano, ao mesmo tempo honesto e potente, que escapa do estereótipo a partir do qual a periferia é tantas vezes filmada.

4

Barravento
Glauber Rocha | 1961 | Bahia
Drama | 81 min

Fotografia em preto e branco de uma pessoa com cabelos pretos compridos e blusa clara de costas olhando para o mar
Barravento (imagem: frame do filme)

Depois de morar na capital, o malandro Firmino volta para a vila de pescadores onde nasceu. Nela, vivem seus antepassados, que cultuam há séculos o candomblé. Crítico de seu misticismo, Firmino quer politizá-los. Para isso, desafia um dos mais queridos líderes da comunidade, Aruã, protegido de Iemanjá.

Por que ver?
Primeiro longa-metragem do cineasta baiano, o filme ainda impressiona pela força de sua montagem convulsiva, feita de simetrias e contrastes. Tambores do candomblé e belíssimos cantos corais dão andamento a uma história de amor, traição, mitos e identidade negra.

3

Pátio
Glauber Rocha | 1959 | Bahia
Experimental | 13 min

Fotografia em preto e branco embaçada de duas pessoas sentadas. Uma em uma ponta, sentada e uma cadeira, com a perna esquerda esticada. A outra, na outra ponta, sentada no chão, com os dois joelhos dobrados. O chão é quadriculado.
Pátio (imagem: frame do filme)

Sobre um terraço de azulejos preto e branco, como um tabuleiro de xadrez, um casal desenvolve uma coreografia. Seus corpos se tocam, se afastam e interagem como num campo de jogo. Cercados pelo mar e pelas árvores, seus movimentos são também influenciados por vozes, sons e música.

Por que ver?
Em seu primeiro filme, o diretor baiano constrói um belíssimo ensaio visual. A composição da cena, o trabalho musical e os movimentos de câmera antecipam as bases de seu futuro cinema de contrastes. O curta é uma ótima porta de entrada para os que desejam se aventurar pelo universo glauberiano.

2

Deus e o diabo na terra do sol
Glauber Rocha | 1964 | Rio de Janeiro
Drama | 118 min

Fotografia em sépia de uma mulher com blusa claro e lenço preto na cabeça séria com pilão grande na mão e um homem ao seu lado com blusa e calça escuras e chapéu. Os dois estão sérios. Ao fundo há uma casa.
Deus e o diabo na terra do sol (imagem: frame do filme)

No sertão nordestino, um vaqueiro miserável mata o patrão. Ele foge com a mulher e é acolhido por um beato negro, de quem se torna um adepto. Insatisfeita, a elite local contrata um matador para dar cabo do santo e seus fiéis. O casal sobrevive e, na caatinga, se encontra com o bando do cangaceiro Corisco.

Por que ver?
Trilhando caminhos semelhantes aos dos maiores romancistas brasileiros, como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, Glauber nos coloca no centro do drama sertanejo. A poderosa trilha sonora de Sérgio Ricardo, a montagem desconcertante e a beleza plástica da fotografia fazem deste filme um marco do cinema moderno.

1

Òrun Àiyé – a criação do mundo
Jamile Coelho e Cintia Maria | 2015 | Bahia
Animação | 12 min

Fotografia colorida da animação. Desenho de um homem negro com uma coroa de prata na cabeça e contas sobre o rosto e roupa toda branca e prateada e pulseira prateada segurando uma peça de barro.
Òrun Àiyé – a criação do mundo (imagem: frame do filme)

Um avô narra à sua neta a história da criação do mundo e dos seres humanos, segundo a mitologia Iorubá. Tal como um velho contador, ele apresenta a jornada dos orixás e os conflitos deste episódio de nascimento, no qual homens e mulheres são moldados a partir do barro.

Por que ver?
Utilizando diferentes técnicas de animação, e com olhar feminino, as jovens diretoras celebram a importância da cultura afro-brasileira como espaço de preservação da memória, de respeito aos mais velhos e à natureza. Participação de Carlinhos Brown.

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