Lucas Cordeiro

Fotografia colorida de um rapaz em uma motocicleta. Ele é negro, tem bigode e cavanhaque, veste boné preto com símbolo da Lacoste, calça preta e cueca com símbolo aparente da Calvin Klein. Olha sério para a frente. Está com cabos saindo da cabeça e se conectando em uma placa que tem na mão. A moto é verde. O fundo é branco, com alguns amassados.
(imagem: Lucas Cordeiro)

A conexão é nossa rotina ancestral.
A rotina é o tipo de conexão mais ¯\_(ツ)_/¯ ?      
Quando a rotina se conecta a imagem faz download
Quando é que a conexão se torna rotina?

Camila Svenson

Fotografia colorida de uma praça com um cenário amarelo e quem está pendurado o escrito Cheers (significa saúde em inglês, para brindes) e estrelas prateadas. Há duas pessoas sentadas, um homem e uma mulher, conversando. Há outras cadeiras e bancos com almofadas no espaço. O piso é cor de rosa pastel e no fundo há palmeiras.
(imagem: Camila Svenson)

W,

Consegui acordar tarde hoje. Quando vi o relógio no celular já eram 10h30. Sei que não é aconselhável, mas ando dormindo com o celular do lado. Assim que abro os olhos pela manhã, checo todas as redes sociais, incluindo o perfil de uma blogueira que está de férias em Tulum, no México. Lá não existe pandemia, e todas as pessoas parecem excessivamente otimistas. A blogueira abre os braços e faz um giro de 180º no pôr-do-sol de água azul cristal, com um drink de frutas nas mãos. Um delírio coletivo que sinto certo sadismo e prazer estranho em observar de longe. Acabando as redes vejo as manchetes do jornal 01, 02 e 03 – com a sensação de estar esperando uma única notícia específica (qual seria ela?).
Ontem foi o último capítulo de uma novela que não acompanhei, mas todo mundo estava vibrando e chorando junto. Era a história de um filho que se perde e depois se encontra.
(não seria esse o plot de todos os romances do mundo?)
Com afinco de um especialista, eu me dedico a algumas tarefas domésticas ao redor da casa.
Coloco roupas na máquina para lavar (gosto de observar o tanque enchendo, a sujeira das roupas se misturando nessa água.
Gosto especialmente quando a água cinza e lodosa sai pelo cano e vai embora).
Faço café e na sequência releio a sua carta.
A ideia de uma viagem realmente é o pensamento mais sedutor que aparece na minha cabeça nos últimos meses. Se pudesse, faria uma expedição para fotografar ficções. Nessa viagem, estabeleceria um ponto de partida e outro de chegada no mapa – mas, à parte disso, pararia onde bem entendesse.
Também teria uma identidade móvel, e um novo nome – mais corajoso do que o meu. Perguntaria às pessoas que encontrasse pelo caminho essa mesma pergunta que você me fez: como você lida com os processos de despedida?
Algumas semanas atrás quebrei uma casa inteira. Joguei uma caneca no chão, virei a mesa de madeira maciça ao contrário e destruí dois abajures. Inapta a lidar com a despedida de outra maneira, pois me sinto furiosa a maior parte do tempo. 

E você?

Camila

 

Em Inventário, dois fotógrafos recebem, todo mês, uma palavra diferente e são convidados a transformá-la em imagem e texto.

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