Qual é a história da sua maior saudade?

Saudade de ser aquela criança que não pensa em racismo antes e depois de dormir, mesmo já sofrendo as consequências dele. Sinto falta de quando racismo ainda era apenas uma palavra do dicionário e eu podia brincar na rua descalça com meus amigos de infância.

O que a emociona no seu dia a dia?

Eu me emociono facilmente quando vejo uma pessoa preta entrar na universidade, me emociono quando vejo pessoas que nunca tiveram oportunidade conquistar alguma coisa na vida. É como se estivesse vendo o sorriso puro de uma criança.

Ver uma pessoa em situação de vulnerabilidade vencer na vida e com a minha participação efetiva me dá forças para prosseguir. Eu não faço nada pensando somente em mim, tudo que faço tem de ser em plural, pois a conquista só será válida se for dividida por todos.

Como você se imagina no amanhã?

Amanhã eu pretendo estar em liberdade, a verdadeira liberdade, principalmente a que me foi tirada. Pretendo ver as pessoas conquistar a igualdade. Amanhã pretendo estar vendo as crianças crescer em paz, sem medo de morrer pelo racismo.

Pretendo estar nos palcos levando música e cultura para todos os povos, amanhã pretendo ver as pessoas bem de verdade.

Quem é Preta Ferreira?

Uma mulher Preta que luta por igualdade e justiça social. Uma mulher Preta que luta para ver todas as pessoas ser tratadas por igual, independentemente da cor da pele. Luto para que as populações preta e indígena deste país sejam vistas como seres humanos e que tenham seus direitos garantidos.

Preta Ferreira (imagem: Thi Santos)

Um Certo Alguém 
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.

Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais

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Jarid Arraes, um certo alguém

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