Yael Martínez Velázquez fala sobre luz, trevas e resiliência
13/06/2019 - 17:10
por Cassiano Viana
Há anos o fotógrafo mexicano Yael Martínez Velázquez vem trabalhando com famílias de pessoas desaparecidas no México a partir de uma perspectiva simbólica dos conceitos de dor, vazio e ausência. "Isso me levou a pensar em como eu poderia representar a capacidade de resiliência daqueles que foram tocados pela violência em algum momento de suas vidas, como eu poderia representar a energia vital que está dentro de nós e como essa luz interior ilumina a escuridão dos nossos dias", explica Yael, que neste ano foi premiado pelo World Press Photo of the Year e atualmente está fazendo a residência da agência Magnum, em Nova York.
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Yael participa da exposição Ainda Há Noite, em cartaz até o dia 11 de agosto, no Itaú Cultural, em São Paulo (SP), com a série Luciérnaga – vaga-lume, em tradução livre. Para o ensaio, o fotógrafo tomou os conceitos de luz e trevas como eixos temáticos e buscou imagens que representassem essa dualidade. Depois de vários diálogos com Claudi Carreras, curador da exposição junto com Iatã Cannabrava, as imagens foram selecionadas e ressignificadas.
"A noite é algo mágico. De noite há o oculto, o desconhecido, o ingrato, a dissolução das barreiras entre a realidade e o sono. Mas há, na escuridão, uma luz branca. É preciso abrir janelas para lugares em que nem sempre estamos dispostos a entrar", diz Yael, para quem o Brasil sempre foi uma referência de produção fotográfica. "Há muitos autores aqui que estão contribuindo com novas formas e maneiras de entender o país. A fotografia é um pretexto para olharmos para nós mesmos, questionar nosso presente e nosso futuro, para falar sobre o que nos fere e também sobre o que nos move como sociedade."
Cassiano Viana é jornalista e editor do blog About Light.