Qual é a história da sua maior saudade?

Eu não sei a maior saudade porque neste momento eu me lembro de algumas saudades. Acho que a maior para eu me lembrar agora é a da minha avó, do cheiro dela, das comidas, da risada, de quão eu me sentia plena perto dela. Dos melhores momentos da minha infância com ela. Acho que isso me traz muito da memória de quem eu sou, das minhas raízes, desse antepassado que acaba lapidando a gente como a gente é.

Minha avó era um ser muito importante. É um ser muito importante para mim, pela dignidade, pelo caráter, pelo carisma, pela maneira de ver a vida. E aprendi muito com ela. 

O que a emociona no seu dia a dia?

O ser humano me emociona em todos os sentidos, do admirável ao decepcionante. Mas eu me emociono muito quando vejo pessoas que conseguem perceber o mesmo valor que eu percebo.

Por exemplo, não cair na publicidade do consumismo, achando que isso é o que tira a angústia, ou conseguindo racionalizar além do que é mostrado.

Aquela pessoa que consegue perceber a sensibilidade das coisas, de uma beleza original, no sentido maior de expansão de doçura, de amor, as coisas mais simples, assim, eu gosto. Eu fico... Quando isso chega, eu percebo uma inteligência que vai além do apenas enxergar e cumprir, né? Como regra.

Como você se imagina no amanhã?

Eu acho que uma escritora-cantora, cada vez mais escritora. Viajando muito, fazendo um trabalho com pintura – que é uma coisa que eu não desenvolvi ainda profissionalmente, mas que quero desenvolver seriamente, independente da minha parte como compositora, cantora, escritora. E fazendo esse trabalho de expressão livre o tempo todo, tanto na música, na escrita, quanto nas telas.

Com cabelos brancos, enormes, com volume. Trabalhando para uma ONG que ajude e integre uma galera que sai dos abrigos com 18 anos sem ter o que fazer. Eu adoraria ter, criar essa ONG.

Quem é Vanessa da Mata?

Eu sou firme, eu sou doce, sou uma estudante, uma antropóloga, uma pessoa em formação, uma pessoa carregada de música por dentro, cantarolante, indignada com as injustiças do mundo e completamente enfiada no mundo espiritual. Mas também uma pessoa que está evoluindo. Eu só vou conseguir responder a essa sua pergunta talvez no último momento da minha vida. Ainda tem muitas transformações para me servir. Muita expansão. Espero que da maneira mais sábia possível.

Vanessa da Mata (imagem: Rodolfo Magalhães)

Um Certo Alguém
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.

Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.

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