Qual é a história da sua maior saudade?

Desde que entrei em cena pela primeira vez, e isso só se intensificou com o passar dos anos e com as experiências novas, eu senti que tinha um corpo e que ele era muito bom comigo. Eu me senti inteira, e foi então que me dei conta de que me faltava uma parte, e o teatro me devolveu um membro.

Neste momento, eu sinto saudade do teatro, da cena, do olho do outro no meu e o meu no outro, do suor, de cansar de trabalhar com o que me faz viva. Não estar em cena é morrer um pouco mais rápido. Sinto saudade de não ter medo da morte. Saudade de não ter que suportar essa saudade e essa falta de expectativa.

O que a emociona em seu dia a dia?

Ver as plantas crescendo, produzir meu próprio alimento, estar em cena e me sentir gigante e viva, mesmo tendo 1,50 m. Digo isso porque estar em cena sempre fez parte do meu dia a dia. Saudade.

Como você se imagina no amanhã?

Velha. Eu me imagino velha, uma atriz velha. Uma velha bem bonitinha, vai.

Quem é Tânia Farias?

Uma mulher de teatro, ou melhor, uma MULHER, e me custou muito tornar-me uma.

Tânia Farias (imagem: Mariana Rotilli)

Um Certo Alguém
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.

Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.

Veja também
Um jovem Lima Duarte aparece em cena do espetáculo O Tartufo, em 1964. Ele está olhando para frente, com uma expressão feliz, e com os braços abertos. Atrás dele é possível ver uma mulher.

Lima Conta Arena

A história de Lima Duarte pelo teatro passa, principalmente, pelo Arena, grupo no qual ele ficou por 10 anos