No dia 28 de maio, o artista visual Benedito Ferreira lança o caderno digital do projeto O vizinho silencioso, no seu site. O projeto, apoiado pelo programa Rumos 2019-2020, criou uma videoinstalação que propõe dar voz a vítimas do maior acidente nuclear em área urbana da história, o episódio com o césio-137, em Goiânia.

A videoinstalação reúne depoimentos de seis das vítimas – Roberto Santos Alves, Geraldo Guilherme, Marques Rodrigues, Lourdes Ferreira, Luiza Odet e Suely Lina –, com o que restaram das memórias, marcadas nos corpos e nas lembranças. O caderno virtual traz fotografias e desenhos, além de contar com trechos das entrevistas e texto do curador Divino Sobral, documentando o seu processo de criação.

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Este não é o primeiro projeto de Ferreira que se relaciona ao tema do césio-137. Em 2017, o artista lançou o curta-metragem Algo do que fica, vencedor do Prêmio João Bennio da 19ª edição do Festival internacional de cinema ambiental. Na ficção, duas mulheres cuidam de um homem idoso que ronda o lote da Rua 57 (espaço emblemático da tragédia) e o observam.

“Em Algo do que fica, o interesse estava em pensar uma Goiânia atual, com personagens ficcionais que habitam o centro da cidade e, a partir de suas questões, descobrir o que as une”, explica Ferreira. “Agora, neste novo projeto, fomos em busca do documental, do testemunho. Para mim, o documental não é um gênero, mas uma estratégia de propor relações íntimas com o cotidiano.”

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