Sertões: imaginários, memórias e política
08/05/2020 - 10:00
A 25a edição da Revista Observatório Itaú Cultural discutiu os sertões, abordando imaginários, memórias e política. A temática da publicação atravessa os sertões como um manancial de mundos, de significados e da diversidade simbólico-cultural e territorial que os definem. A edição traz um repertório contemporâneo para abordar como se entendem as representações e as identidades que se manifestam nas artes do sertão, e como se dão as memórias e as resistências, trazendo reflexões sobre a política cultural e os modelos sustentáveis nela inseridos.
Na revista, o professor, escritor e pesquisador Durval Muniz comenta a definição de fronteira e suas relações com a construção social e a geografia, e a pesquisadora e escritora Cláudia Pereira Vasconcelos traz a diferença por ela percebida entre baianidades e sertanidades. A concepção de sertão desde a colonização do Brasil, que se deu a partir do litoral, é abordada pela professora e pesquisadora Maria Geralda de Almeida, e a falta de água é tema para o artigo de Verônica Violeta, jornalista e representante da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Já o conceito da ecologia humana, que desloca o olhar para o comportamento da espécie humana sobre a nossa existência, é tratado pelo professor e pesquisador Juracy Marques.
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Cláudia Pereira Vasconcelos, doutoranda em estudos da cultura pela Universidade de Lisboa, Durval Muniz, doutor em história pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e João Júnior, ator, dramaturgo e diretor teatral, discutem estereótipos e tratam de como as artes – por exemplo, o cinema novo – figuraram o sertão. O debate conta com mediação feita pelo historiador Elder Patrick, mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB).
Do debate participam Alexandre Barbalho, doutor em comunicação e cultura contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Verônica Violeta, integrante da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA); Juracy Marques, pós-doutor em antropologia pela UFBA; e Maria Geralda de Almeida, mestre e doutora em geografia pela Université de Bordeaux III, na França. A mesa toca em assuntos como os impactos da transposição do Rio São Francisco, com mediação feita pelo historiador Elder Patrick, mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB).
O professor, escritor e pesquisador Durval Muniz fala sobre a definição de fronteira e suas relações com a construção social e a geografia. Autor do livro A Invenção do Nordeste e Outras Artes, Muniz comenta o papel das artes em reformular e questionar imaginários, a necessidade de ultrapassar o discurso do que é tido como sertão e a desmistificação de que o sertanejo não dialoga com o contemporâneo.
A pesquisadora e escritora Cláudia Pereira Vasconcelos comenta a diferença por ela percebida entre baianidades e sertanidades e explica que o texto identitário da Bahia deixa de fora a noção amplamente conhecida como sertanidade, em todos os seus estereótipos. Cláudia também fala sobre o papel das artes na formação da identidade e do imaginário brasileiros e afirma que o humano se expressa a partir do simbólico.
Professora e pesquisadora, Maria Geralda de Almeida comenta a concepção de sertão iniciando pela colonização do Brasil que se deu a partir do litoral. Ela explica que o espaço outro é tido como sertão, e foi a Região Nordeste a que concentrou as características do sertão inóspito e desabitado. Maria Geralda fala ainda sobre processos políticos e econômicos que incentivaram os movimentos de migração interna no país.
Jornalista e representante da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Verônica Violeta comenta como a falta de água influencia a população que reside no semiárido brasileiro, conjunto esse que faz parte de 12% do território nacional. Ela fala ainda das tecnologias sertanejas e das diferentes relações com plantio e criação nessa região do país.
Professor e pesquisador, Juracy Marques apresenta o conceito da ecologia humana, que desloca o olhar para o comportamento da espécie humana sobre a nossa existência. Ele também comenta a diáspora africana que se deu nos interiores do Brasil e de que maneira ela movimentou os campos identitários do país. Por fim, Marques aborda o Rio São Francisco como campo de disputa, primeiro na lógica de colonização, depois pela apropriação para as hidrelétricas e agora para a transposição, que se alimenta do discurso da sede.