Morreu na madrugada desta quarta-feira, 7 de setembro, o artista plástico, curador do Museu Afro Brasil e um dos grandes nomes das artes afro-brasileiras Emanoel Araújo, aos 81 anos, em sua casa na capital paulista. A causa do falecimento não foi divulgada.

Nascido em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, Emanoel começou na arte criando pinturas com guache. Estudou composição gráfica na Imprensa Oficial em sua cidade de origem e, após se mudar para Salvador, onde tomou gosto pelas gravuras, ingressou para a Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), em 1963.

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Emanoel aprendeu métodos de gravação no metal, mas como ele mesmo afirmou em entrevista ao jornalista Miguel de Almeida “era fascinado por madeira”. Entre as características de suas obras, o artista costumava explorar cores fortes, texturas e dava ênfase às formas geométricas, além de explorar a presença da herança africana na cultura brasileira.

Na imagem, um homem negro, de chapéu bege e camisa branca olha para o lado.
Emanoel Araújo era fundador, diretor e curador do Museu Afro Brasil (imagem: divulgação/Museu Afro Brasil)

Ao logo do tempo, a obra do baiano se desdobrou em variados caminhos, abordando outros temas como a política e a erótica até se tornar abstrata. Ele também despertou interesse por peças tridimensionais, de gravuras com relevos a esculturas.

Foi em 1976, durante uma visita à Nigéria, que o pintor e escultor absorveu inspirações da arte africana, com sua geometria, símbolos e materiais, que somaram ainda mais em suas criações, trazendo toda a questão da construção de sua identidade como indivíduo e homem negro.

Emanoel teve ainda atuação expressiva como curador, museólogo e gestor cultural – ele era o diretor curador do Museu Afro Brasil, criado em 2004 com os itens de sua coleção particular. Entre 1992 e 2002, atuou como diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

“Além de grande artista visual e de um grande intelectual, Emanoel foi uma pessoa fundamental para diminuir as barreiras e a fronteira da cultura afro-brasileira. É um legado que ele nos deixa, a que a sociedade e as instituições culturais devem dar continuidade. Ele é mais do que uma referência moderna e contemporânea. Emanoel lutou pela diversidade e pela valorização das ancestralidades e defendeu as artes, como um todo, trazendo grande contribuição para a afro-brasilidade em todos os aspectos”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. 

Acesse outras informações e uma galeria com mais de dez obras de Emanoel Araújo na Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileira. O artista também teve sua história contada na tese de doutorado Garimpeiro de memórias: memórias de Emanoel Araújo, de Francisco Rohrer.

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