Mostra “Despertar afrofuturista” chega à “Itaú Cultural play”
26/08/2022 - 09:00
Reimaginando novos mundos a partir da experiência da diáspora africana, misturando tecnologia, ancestralidade e ficção científica, a perspectiva afrofuturista tem suas origens em diversas iniciativas de artistas negros dos Estados Unidos. O termo, cunhado nos anos 1990 por Mark Dery, reúne conceitualmente estéticas e temáticas trabalhadas por artistas negros, cujas raízes podem ser remontadas desde a década de 1950. É dentro desse tema que chega à Itaú Cultural play, no dia 26 de agosto, a mostra Despertar afrofuturista, com cinco filmes de jovens cineastas que incursionaram pela poética afrofuturista de maneira original e inventiva, a partir de perspectivas bem brasileiras.
Mostra Despertar afrofuturista
Beatitude, de Délio Freire (2015)
[classificação indicativa: 12 anos]
Cinema, música, dança e realismo fantástico marcam presença nesta narrativa, que traz elementos da cultura africana do passado, do presente e do futuro. O curta é inspirado no mito de Anastácia, mulher negra escravizada que era curandeira e é tida por muitos como milagrosa. O filme conta a história do amor entre Ajalá, o modelador de Orís, e Anastácia, a mártir encarnada, moldado pelo sentimento e o ofício de ambos com o barro. A relação entre os dois é aprovada pelos padrinhos Oxum e São Benedito, mas não por todos os orixás. O que o futuro lhes reservará?
Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins (2015)
[classificação indicativa: 14 anos]
A saga de Odé é apresentada como um misto de ficção e realidade. Sua história se desenrola entre sonhos, relatos, visões, flashbacks e alegorias das religiões afro-brasileiras, retratadas em uma fotografia potente, que ajuda a delimitar o que é imaginário e o que é real na vida do personagem. Odé é um homem marcado pela morte violenta de seu irmão Luiz, assassinado durante um conflito numa ocupação urbana, em Belo Horizonte. Como um orixá guerreiro, munido de sua força e espiritualidade, Odé sai em busca de justiça e busca compreender os motivos da barbárie.
Cartuchos de Supernintendo em Anéis de Saturno, de Leon Reis (2018)
[classificação indicativa: 14 anos]
De noite numa rua, um rapaz tenta consertar sua bicicleta. Sem sucesso, ele caminha a esmo até encontrar um jovem que mora por ali. Eles conversam sobre como resolver o problema. Mas, à medida que o diálogo evolui, um estranho mundo de personagens e situações ameaçadoras começa a surgir. Exibido no Festival de Roterdã, na Holanda, o curta mistura ficção científica e poesia para narrar uma história em que o real é surpreendido pelo fantástico. Cenas de um filme clássico do americano David W. Griffith sugerem uma instigante reflexão sobre o racismo e o nascimento do cinema.
Preces precipitadas de um lugar sagrado que não existe mais, de Mike Dutra e Rafael Luan (2019)
[classificação indicativa: 12 anos]
Ao lado de um amigo, Breno aguarda um ônibus para voltar para casa, na periferia de Fortaleza. De repente, ele é raptado para um misterioso espaço-tempo entre o passado, o presente e o futuro. Nele, Breno encontra Zuri e Akin, e os três decidem voltar às raízes da luta antirracista e mudar o curso da história. Realizado de maneira independente, por meio de uma campanha de financiamento coletivo, o curta desses jovens do Ceará se vale de recursos sonoros e enquadramentos atípicos para descrever a jornada de três personagens em busca de um passado sombrio, que guarda ao mesmo tempo as sementes de um futuro melhor.
Blackout, de Rossandra Leone (2020)
[classificação indicativa: 14 anos]
Num futuro não muito distante, no ano de 2048, a realidade do povo negro e periférico no Brasil segue desigual como nos tempos atuais. Insatisfeita com a situação, a jovem Luana resolve subverter o sistema por meio de ferramentas tecnológicas e uma poderosa rede de contatos. Dirigido e protagonizado por mulheres negras, o curta se pauta pela ancestralidade e pelo empoderamento feminino para pensar soluções para um futuro que ainda apresenta ecos do passado e do presente.