Apoiado pelo Rumos 2015-2016, o  documentário Vento na Fronteira está entre os três filmes brasileiros qualificados para concorrer a categoria no Oscar 2023. O filme dirigido por Laura Faerman e Marina Weis disputa à próxima etapa, a “short list”. Nesta fase, 15 filmes são escolhidos e cinco destes entram na seleção final da premiação mundial de cinema.

“Vento na Fronteira” tem ganhado destaque tanto no Brasil quanto em outros países. O filme foi premiado no "Hot Docs", no Canadá, que é um dos festivais de documentário mais importantes do mundo. Também recebeu o prêmio de Melhor Documentário Internacional no "Festival de Durban", maior e mais antigo festival deste tipo de produção do continente africano, que o qualificou na concorrência ao Oscar. Também venceu na categoria Melhor Filme no "Terra di Tutti", na Itália, e de Melhor Direção no "Filmambiente", no Rio de Janeiro.

Em 2016, as diretoras pesquisaram sobre os conflitos agrários no Mato Grosso do Sul, entrevistando anciões, líderes indígenas, antropólogos, procuradores do Ministério Público Federal, membros da igreja e fazendeiros com terras sobrepostas a Territórios Indígenas (já demarcados) e que estavam em conflito judicial. Foi nessa época que conversaram, pela primeira vez, com a família Silva. Pouco a pouco amadureceram a ideia de registrar pontos de vista opostos: dos indígenas e proprietários rurais.

A obra mostra que, mais do que uma terra em conflito, o que está em disputa são duas propostas distintas de mundo. Enquanto o agronegócio é um modelo de produção agrícola baseado no monocultivo, no grande latifúndio e no uso ostensivo de agrotóxicos, além de consumir cerca de 70% dos recursos de terra e água do planeta, as terras indígenas lideram preservação e reflorestamento.

Na imagem está uma mulher indígena, com cocar de penas amareladas na cabeça.
Documentário "Vento na Fronteira" (imagem: Frame de vídeo)

Mais sobre o filme

O documentário se passa no Sul do Mato Grosso do Sul violenta e devastada fronteira do Brasil com o Paraguai, na Terra Indígena Ñande RuMarangatu, um território disputado por indígenas Kaiowá, que habitam a região há pelo menos 1500 anos, e fazendeiros que chegaram no Mato Grosso do Sul no início dos anos 1950.

Partindo dessa disputa, o filme acompanha de perto o crescimento do poder político ruralista. Ao mesmo tempo, retrata a intimidade da resistência feminina indígena, com seus ideais comunitários e sua luta pela preservação do planeta.

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