Morreu, aos 87 anos, o artista visual e diretor de animação baiano Chico Liberato, em Salvador (BA). A notícia foi dada pelos familiares na última quarta-feira (4). As filhas do artista, Candida-Luz Liberato e Ingra Lyberato, usaram as redes sociais para homenagear o pai.

"Há 48 horas recebemos o chamado para vir a Salvador nos despedir e ontem estávamos todos os cinco filhos reunidos para esse fim, regido sempre por um dos protetores da família, Senhor do Bonfim. Depois de ter tido a sorte de passar o mês de dezembro ajudando nos cuidados com ele, ontem tive a oportunidade divina de cantar muito para ele e dar bastante carinho e chamego", escreveu Ingra.

Candida-Luz descreveu o artista como seu grande amor e amigo: “Me ensinou sobre caráter, trabalho, realização, determinação, coragem e acreditar em si mesmo. Tinha um otimismo incrível que fazia tudo acontecer".

Artista completo

Na imagem, Chico Liberato está sentado, usando uma camiseta branca com estampa colorida e óculos pendurados no pescoço. Ele tem os cabelos e o bigode grisalhos. No fundo, há uma obra de arte colorida.
Chico Liberato (imagem: Ricardo Prado)

Considerado um dos principais nomes do cenário artístico baiano, Chico Liberato foi um artista completo, atuando como pintor, desenhista, cineasta, designer gráfico e escultor. Autodidata, explorou caminhos próprios de expressão e criação e fez parte da segunda geração de artistas modernos da Bahia.  

Liberato se identificava com as autênticas referências do Nordeste do Brasil e assuntos como justiça social, integração com a natureza e sentimentos humanos eram pautas constantes em sua vida e obra, tanto que seu olhar para o sertão faz parte do universo de suas criações. Ativista, gestor cultural e articulador, Chico engradecia a arte da Bahia e acolhia as novas gerações.

Saiba mais sobre a obra de Chico Liberato na Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileira.

Tem obra de Chico na IC Play

Em 2021, a plataforma Itaú Cultural Play  disponibilizou uma mostra com obras de Chico. Atualmente, o longa-metragem Boi aruá, de autoria do artista e baseado no livro O boi aruá, de Luís Jardim, está no catálogo. A produção de 1984 é toda artesanal, criada a partir de 25 mil desenhos sobre papel, e foi premiada pela Unesco como referência de valores culturais para a infância e juventude.

Frame do filme Boi aruá – Mostra Álbum Animado de Bestiários (imagem: divulgação)

Inspirada no imaginário nordestino, a animação conta a história de um fazendeiro arrogante e egoísta que fica obcecado pela figura misteriosa de um enorme boi negro que, além de zombar dele, parece desafiá-lo. Inúmeras vezes, o fazendeiro tenta capturá-lo, mas falha e é cada vez mais humilhado. Veja aqui.

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