Retratos poéticos da velhice compõem mostra audiovisual on-line
27/07/2020 - 00:00
Como representar a subjetividade de pessoas mais velhas sem, contudo, cair em estereótipos? Construir personagens idosos com várias camadas é um exercício que pode resultar em histórias sensíveis. É o caso dos filmes da Mostra On-line Poética da Velhice.
De 3 a 17 de agosto, os cinco trabalhos escolhidos estão disponíveis em links colocados abaixo.
A Volta para Casa
(Diego Freitas, 2019, 16 minutos)
No domingo de Páscoa em uma casa de repouso, Plínio, um marceneiro aposentado, está cheio de expectativa com a visita de sua família. Porém, ninguém aparece para buscá-lo. Anselmo, o jardineiro, ao vê-lo sozinho e cabisbaixo, acaba se oferecendo para levar o senhor até sua antiga casa. Durante o trajeto, cresce a cumplicidade entre os dois e Plínio revisita as memórias de sua vida no bairro, em São Paulo, onde nasceu e cresceu. Ao chegar, Plínio tem uma surpresa que colocará em xeque as suas lembranças.
[livre para todos os públicos]
Submarino
(Rafael Aidar, 2015, 20 minutos)
Dois anos após a morte de seu companheiro, Olavo vive isolado aos 85 anos. Na solidão do luto, ele se aventura pelo mundo virtual, submergindo em uma grande fantasia entre os espaços públicos e privados da internet.
[classificação indicativa: 10 anos]
Acúmulo
(Gilson Junior, 2018, 15 minutos)
Lete passa os dias recolhendo nas ruas tudo o que seu marido carpinteiro poderia consertar. Em Nilópolis, no Rio de Janeiro, essa senhora frágil sempre é vista nos mais variados lugares carregando pequenos móveis e objetos quebrados em seu carrinho de feira. Quem conhece a história de Lete sabe que ela usa as pedras do caminho para edificar uma realidade repleta de sentido. Só o acúmulo é capaz de trazer à tona as lembranças que ela não quer esquecer.
[livre para todos os públicos]
Pela Janela
(Caroline Leone, 2017, 84 minutos)
O filme conta a história de Rosália, uma operária de 65 anos que dedicou a vida ao trabalho em uma fábrica de reatores da periferia de São Paulo. Ela é demitida, e, deprimida, é consolada pelo irmão José, que resolve levá-la em uma viagem de carro até Buenos Aires. Na viagem, Rosália vê pela primeira vez um mundo desconhecido e distante de sua vida cotidiana, começando uma jornada que sutilmente transformará uma parte essencial dela mesma.
[classificação indicativa: 10 anos]
Girimunho
(Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr., 2011, 90 minutos)
No sertão mineiro, onde o tempo parece andar ao ritmo do rio, duas senhoras acompanham o girar do redemoinho. Bastu acaba de perder o marido e, sem choro, busca abrigo nos sinais do dia a dia e em suas lembranças. Mas é na liberdade dos sonhos e nas novidades trazidas pelos netos que ela faz sua própria transformação. Maria carrega em seu tambor alegria e força de seu povo. Seu batuque ecoa os sons de outros lugares e marca a presença daquilo que não pode morrer. Nesse universo em que a tradição é surpreendida pela novidade e a realidade pela invenção, pequenos movimentos podem fantasiar o correr da vida.
[classificação indicativa: 10 anos]