O Conexões Itaú Cultural, programa focado no mapeamento da literatura e do audiovisual brasileiros no exterior, realiza nos dias 6, 7 e 8 de dezembro o encontro Machado canônico, com falas sobre a recepção da literatura de Machado de Assis (1839-1908) em âmbito internacional. São duas mesas a cada dia, às 12 e às 15 horas, que abordam temáticas da tradução, questões raciais, disputas do cânone literário e a situação dos estudos sobre o autor. O evento será transmitido pelo YouTube do Itaú Cultural (IC).
Esta é a primeira vez que um encontro do Conexões se dedica a um único autor. De acordo com a curadoria, uma das inspirações do evento é a seguinte frase de Machado, escrita em um texto famoso, “Notícia da atual literatura brasileira. Instinto de nacionalidade”: “O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”. A proposta, assim, é discutir como esse “certo sentimento íntimo” machadiano circula e é estudado no mundo.
Conexões Itaú Cultural: Machado canônico [com interpretação em Libras]
terça 6, quarta 7 e quinta 8 de dezembro
mesas às 12h e às 15h transmissão pelo Youtube do IC
O evento contará com leitura coletiva de poemas da obra de Isabela Penov, apresentação musical e sarau aberto aos convidados
08/12/2022 QUINTA-FEIRA - 15h às 17h
Perspectivas atuais e internacionais dos estudos machadianos
com Paulo Dutra e Victoria Saramago
mediação de Felipe Lindoso
quinta 8 de dezembro
das 15h às 17h
A valorização excessiva da crescente presença internacional da literatura de Machado de Assis pode revelar um inesperado autocolonialismo: como se um autor da potência do autor das Memórias póstumas de Brás Cubas necessitasse do olhar hegemônico para ter seu valor reconhecido. Seguimos nesta mesa por outro caminho: perguntar pelas tendências atuais dos estudos machadianos. Há uma diferença significativa entre a crítica machadiana produzida no Brasil e a realizada no exterior?
Paulo Dutra é professor assistente da Universidade do Novo México, nos Estados Unidos.
Victoria Saramago é professora da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Felipe Lindoso é jornalista, tradutor e editor.
08/12/2022 QUINTA-FEIRA - 12h às 14h
Machado de Assis no sistema literário lusófono
com Regina Zilberman e Viktor Mendes
mediação de Lucia Granja
quinta 8 de dezembro
das 12h às 14h
A primeira fase da projeção internacional da obra de Machado de Assis deveu-se à recepção portuguesa de sua poesia. Num segundo momento, Machado criticou O primo Basílio, de Eça de Queirós, abrindo uma polêmica transatlântica. Como entender com olhos livres essa disputa? Posteriormente, no século XX, os países africanos de expressão portuguesa recorreram à literatura brasileira como fonte de diálogo para se distanciar culturalmente da metrópole. Como seus autores leram a obra machadiana?
Regina Zilberman é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Viktor Mendes é professor da Universidade de Massachusetts Dartmouth, nos Estados Unidos.
Lucia Granja é professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
07/12/2022 QUARTA-FEIRA - 15h às 17h
Machado e a questão racial
com Eduardo de Assis Duarte e Fernanda Felisberto
mediação de Henrique Marques Samyn
quarta 7 de dezembro
das 15h às 17h
Por décadas a obra machadiana teve de enfrentar a indiferença de gerações de leitores que acusavam seu autor de ter sido um “absenteísta”, isto é, ter fechado os olhos para a realidade brasileira e para a condição dos escravizados. Muito embora já em 1939 o jornalista Astrojildo Pereira (1890-1965) tenha refutado essa avaliação superficial com um ensaio que marcou época – “Machado de Assis, historiador do Segundo Reinado” –, a “condenação” seguiu vigente, sobretudo no que se referia à questão racial. Contudo, desde a década de 1970 um novo horizonte de estudos se abriu, ampliando nosso entendimento do problema. Hoje, como se compreende a questão racial na obra de Machado de Assis?
Eduardo de Assis Duarteé professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Fernanda Felisberto é professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Henrique Marques Samyn é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
07/12/2022 QUARTA-FEIRA - 12h às 14h
Machado em tradução (II)
com Greicy Pinto Bellin e Vincenzo Arsillo
mediação de Maria Aparecida Salgueiro
quarta 7 de dezembro
das 12h às 14h
O escritor português José Saramago (1922-2010) acertou no alvo: a promessa utópica da Weltliteratur [literatura mundial, em tradução do alemão]somente pode ser cogitada se privilegiarmos a tarefa do tradutor, na expressão consagrada do filósofo Walter Benjamin (1892-1940). Nesse sentido, Saramago disse que os autores somente criam literaturas nacionais, pois em geral escrevem em seus idiomas. Caberia aos tradutores esboçar uma literatura universal. Sem o exercício sistemático da tradução, como projetar uma “República mundial das letras”, isto é, tornar obras disponíveis num circuito muito mais abrangente do que o das literaturas nacionais? Desse ponto de vista, perguntamos: qual o ritmo das traduções da obra machadiana para contextos culturais os mais diversos? Como se lê Machado de Assis em outros idiomas? Quais são os desafios específicos enfrentados na tradução de suas obras?
Greicy Pinto Bellin é professora do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade).
Vincenzo Arsillo é professor da Universidade de Nápoles, na Itália.
Maria Aparecida Salgueiro é professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
06/12/2022 TERÇA-FEIRA - 15h às 17h
Machado em tradução (I)
com Pablo Rocca e Saulo Neiva
mediação de Sandra Guardini Vasconcelos
terça 6 de dezembro
das 15h às 17h
A utopia de uma Weltliteratur [literatura mundial, em tradução do alemão], tal como Goethe – importante autor do romantismo, vivo entre 1749 e 1832 – idealizou no século XVIII, implicava a prática da tradução. Machado de Assis também foi tradutor, tanto de prosa quanto de poesia; aliás, seu primeiro livro publicado, A queda que as mulheres têm pelos tolos, é tradução de uma peça do escritor belga Victor Hénaux (1822-1896). Além disso, Machado interessou-se pela circulação internacional de sua literatura. Pode-se identificar o impacto produzido pela tradução das obras de Machado de Assis? Como os autores dos países que receberam traduções dialogam com o Bruxo do Cosme Velho?
Pablo Rocca é professor da Universidade da República, no Uruguai.
Saulo Neiva é professor da Universidade Blaise Pascal, na França.
Sandra Guardini Vasconcelos é professora da Universidade de São Paulo (USP).
06/12/2022 TERÇA-FEIRA - 12h às 14h
Machado canônico: recepção internacional
com Ana Cláudia Surianida Silva e Kenneth David Jackson
mediação de João Cezar de Castro Rocha
terça 6 de dezembro
das 12h às 14h
A formação do cânone em todas as expressões artísticas depende muito mais das hegemonias políticas do que da qualidade das obras. Assim, o ingresso no cânone por parte de um autor de um país não hegemônico enfrenta contratempos de toda ordem. A obra de Machado de Assis superou ou está em vias de superação desses obstáculos? O nome “Machado de Assis” já é reconhecido como canônico na tradição literária universal? Recepções críticas como as de Susan Sontag e Harold Bloom possuem um impacto duradouro, ajudando a criar um novo olhar sobre a obra machadiana?
Ana Cláudia Surianida Silva é professora da Universidade de Londres, na Inglaterra.
Kenneth David Jackson é professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
João Cezar de Castro Rocha é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
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