Painel 2: Diversidade Cultural de Norte a Sul
Mediador: Mauricio Murad
Danon Lacerda, Centro Cultural Bando do Brasil (Rio de Janeiro)
Paulo Herkenhoff, Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro)
Estela Sandrini, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba)
Sérgio Vaz, Cooperifa (Fortaleza)
Talles Lopes, Fora do Eixo (São Paulo)
Cristiano Felipe Borba do Nascimento, Fundação Joaquim Nabuco (Recife)
Mauricio Murad abriu o segundo debate do dia, Brasil: Diversidade Cultural de Norte a Sul, que está sendo realizado no Museu de Arte do Rio. O primeiro convidado veio do Recife. Cristiano Felipe Borba do Nascimento (Fundaj) apresentou o projeto do complexo museológico: uma espécie de campeonato cultural, baseado na filosofia do futebol, que irá ocupar a Fundação Gilberto Freyre, na capital pernambucana.
Em seguida, foi a vez de Danon Lacerda (CCBB/RJ). Após apresentar números que colocam o CCBB – com sedes também em São Paulo, Brasília e Belo Horizente – como um dos principais espaços de arte do país, Lacerda anunciou atividades cujo objetivo é o movimento turístico que será gerado pela Copa do Mundo.
Estela Sandrini (MON, Curitiba) classificou os visitantes dos espaços culturais como "o grande elemento que preenche todas as lacunas de cultura". Ela também anunciou exposições e a abertura de um centro de pesquisa e um núcleo específico de arquitetura e urbanismo voltado ao legado cultural. E expôs a ideologia do espaço: "O museu não é para todos, mas de todos".
Paulo Herkenhoff (MAR) usou um interessante jogo de histórias de visitantes do museu de diferentes estratos sociais para anunciar futuras atividades do museu e fazer cobranças aos governos.
Representando Pablo Capilé, que foi convocado para uma reunião em Brasília, Talles Lopes (Fora do Eixo) contou a história da criação do coletivo, surgido em 2005 com base essencialmente na esfera virtual e que hoje conta com universidades e dialoga com mais de 80 países. Ele exaltou a importância da construção de redes e lembrou que ela só se torna possível com a circulação de conhecimento e de pessoas em todas as plataformas. "Acredito que esse seja o norte para pensarmos o legado. Existe outra forma de se relacionar: mais colaborativa e solidária", disse.
Substituindo Preto Zezé (Cufa, Fortaleza), Sérgio Vaz (Cooperifa, São Paulo) falou sobre o bem-sucedido sarau implantado por ele há 12 anos na periferia de São Paulo, próximo ao Jardim Ângela – anteriormente considerado um dos lugares mais perigosos do mundo.
Vaz arrancou aplausos ao fazer uma alusão ao lema "O Gigante Acordou" – muito utilizado nas recentes manifestações que eclodiram pelo país. "Eu não sei que gigante é esse, o gigante nunca dormiu". Ele exaltou a necessidade de mais cultura e cidadania e menos preconceito "racial, social e linguístico". "Quem sabe muito às vezes é menos generoso do que quem não sabe nada. Para mim Copa do Mundo é ser campeão como cidadão", arrematou.
Para encerrar a discussão, Mauricio Murad fez um interessante contraponto aos ataques à Copa do Mundo ao lembrar que o futebol, não apenas o profissional, é referência cultural brasileira – e do mundo. "Futebol é cultura coletiva. Por isso a discussão do tal legado é tão importante."