Morreu em São Paulo, aos 78 anos, o crítico de arte, curador, escritor, gestor cultural, pesquisador e professor Teixeira Coelho. O velório acontece neste sábado, 4 de junho, das 14h às 18h, no Funeral Arce Unidade Morumbi, na capital paulista.

Homem branco e grisalho aparece segurando microfone, de lado. Ele usa paletó cinza, com camisa da mesma cor, sem gravata.
Teixeira Coelho morreu em São Paulo, aos 78 anos (imagem: Agência Ophelia)

Sua relação com o Itaú Cultural (IC) foi duradoura e frutífera, tendo sido ele, desde 2008, o coordenador das 11 turmas do Curso de Especialização em Gestão e Política Cultural do Observatório Itaú Cultural, em colaboração com a Cátedra Unesco Políticas Culturais e Cooperação da Universidade de Girona, da Espanha. No curso, Teixeira Coelho aprofundou a ideia de gestão cultural como um conjunto de iniciativas inovadoras, relacionando os contextos locais com a sociedade global.

Teixeira Coelho também teve momentos de grande proximidade com Alfredo Setubal, presidente do IC. Por exemplo, durante a confecção do livro Coleção Itaú contemporâneo / arte no Brasil 1981-2006, cujo conteúdo se desdobrou em uma exposição no IC. “Nesses contatos com ele, pude perceber que além de grande curador, crítico e pesquisador ele era um valoroso pensador a respeito da arte e da cultura brasileira, produzia livros, refletia e debatia incansavelmente sobre a nossa cultura”, diz. “Era um curador excepcional, dedicava-se, pesquisava, fazia relações e estabelecia novas fronteiras entre a arte e os artistas. O Brasil perde muito com a sua partida”, completa.

Homem de terno bege fala em púpito, com microfone. Ele é grisalho.
Professor Teixeira Coelho fala durante o seminário internacional "A cultura pela cidade", em 2008 (imagem: divulgação)

“Hoje perdemos um dos maiores pensadores e pesquisadores sobre políticas culturais no Brasil. Teixeira Coelho foi fundamental em minha formação e compreensão sobre a cultura como centralidade nas políticas públicas para o desenvolvimento de um país”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. “Ele deixa um legado de livros, pesquisas e ideias. Nesta imagem (abaixo, na abertura de uma das pós em políticas culturais no IC), ele está no centro da foto, pois é central na formulação das políticas culturais no Brasil”, observa.

 

Três homens de terno estão sentados em uma mesa, com uma tela ao fundo. Diante deles, há pessoas sentadas em um auditório.
Eduardo Saron, Teixeira Coelho e Alfons Martinell, em uma das edições do Curso de Gestão e Políticas Culturais (imagem: Itaú Cultural)

Ainda no Observatório Itaú Cultural, Teixeira Coelho foi diretor do lançamento da coleção Os livros do Observatório. Obras assinadas pelo professor estão disponíveis também no ISSUU do IC, como eCultura – a utopia final. Aqui no site você pode ler Com o cérebro na mão, em que Teixeira Coelho discorre sobre como as inovações tecnológicas estão mudando a ideia de cultura.

No seu mais recente lançamento, em março de 2021, a coleção Os livros do Observatório disponibilizou ao público o título A tragédia da cultura, de Georg Simmel (1858-1918) – sociólogo e professor alemão fundamental para os estudos culturais, mas ainda pouco analisado no Brasil e em outros países.

Confira ou baixe o trabalho aqui:

Para marcar o lançamento, foi realizado um debate com a participação de Teixeira Coelho e do jornalista de literatura Manuel da Costa Pinto. Mediada por Marcos Cuzziol, doutor em artes visuais, a conversa foi gravada remotamente, em dezembro de 2020. O vídeo, abaixo, conta com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e opção de legendas em português.

A inovação é uma característica presente em várias das temáticas pesquisadas e nas experiências de gestão de Teixeira Coelho, cujo vanguardismo engrandece suas contribuições à academia e à cultura brasileira, diz seu verbete na Enciclopédia Itaú Cultural

Em um dos muitos vídeos disponíveis no nosso acervo, Teixeira Coelho fala sobre temas como autoria e originalidade de obras de artes, função social da arte e da cultura, mediação cultural e memória – e como esses termos ganham outros significados na era das obras de arte computacional. Este depoimento foi gravado em novembro de 2018, quando aconteceu, no IC, o seminário A máquina, inteligência e desinteligência: utopia e entropia à vista.

Em outubro de 2020, na posse virtual de Néstor Canclini como novo titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, Teixeira Coelho falou sobre o antropólogo argentino, ressaltando sua visão ousada e de vanguarda sobre as políticas culturais. Assista ao depoimento abaixo.

No vídeo a seguir, é possível assistir a uma aula do professor Teixeira Coelho na íntegra. Ministrada no Curso de Especialização em Gestão Cultural, realizada pelo IC em parceria com a Universidade de Girona (Espanha), em novembro de 2009, a aula teve como tema “Cultura, sustentabilidade e reconfiguração" e nela Teixeira Coelho falou sobre a relação entre cultura e natureza, e entre cultura e público, questionando a gestão de cultura no cenário social atuaL.

“Cultura é um elemento de sustentabilidade, do desenvolvimento econômico e do desenvolvimento humano. Apoiar a cultura é importante porque a cultura dá trabalho. Dá trabalho no sentido entre aspas da palavra e cultura dá emprego”, diz Teixeira Coelho em trecho do vídeo abaixo.

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