por André Bernardo

O jornalista, poeta e escritor Aldenor da Silva Pimentel, de 33 anos, morava em Porto Alegre (RS) quando, em 2016, tomou conhecimento do projeto Adote um Escritor. Iniciativa da prefeitura gaúcha, o programa incentiva a leitura de alunos da rede municipal de ensino e promove, entre outras atividades, a aquisição de novos títulos para as bibliotecas da cidade e a visita de autores às escolas para conversar com os estudantes. Logo, Aldenor teve a ideia de fazer algo semelhante a essa e a outras iniciativas literárias bem-sucedidas – como as de Parnamirim (RN) e Paraty (RJ) – em sua terra natal, Roraima. Foi assim que nasceu o projeto Literatura a Caminho, um dos selecionados na edição 2017-2018 do programa Rumos Itaú Cultural.

Aldenor da Silva Pimentel, de 33 anos, é o proponente do projeto Literatura a Caminho | foto: Adriana Aguiar

Literatura a Caminho planeja realizar, ao longo do ano letivo de 2019, oito encontros entre escritores radicados em Roraima e estudantes do ensino médio dos municípios de Boa Vista, Cantá e Mucajaí. Os escritores já foram pré-selecionados. São eles: o potiguar Ricardo Dantas, o venezuelano Edgar Borges, o gaúcho Bruno Garmatz, o mato-grossense José Vilela, o carioca Marcelo Perez, a roraimense Marcela Monteiro, o paraibano Simão Farias e o maranhense Zezé Maku. “Como Roraima é um estado marcado pela migração, cada autor é de um lugar diferente”, explica Aldenor. Quanto às escolas parceiras, elas terão seus nomes divulgados até o final do ano.

Além de estreitar laços entre alunos e autores, Literatura a Caminho pretende doar 40 obras de literatura regional, cinco para cada uma das oito bibliotecas das escolas visitadas, e sortear outros 40 títulos, todos locais, para estudantes do ensino médio. Outro objetivo é despertar a vocação literária dos estudantes e ajudar a formar futuros escritores, livreiros e ilustradores. “No curto e no médio prazos, gostaria de estimular o gosto dos alunos pela leitura e, se possível, aguçar a curiosidade deles por outros gêneros e disciplinas. No longo prazo, espero melhorar o rendimento escolar e, quem sabe, reduzir os índices de evasão escolar e analfabetismo funcional”, admite.

Projeto planeja realizar oito encontros entre escritores radicados em Roraima e estudantes
do ensino médio | foto: divulgação/Sesc Roraima

Talento precoce

Apesar de sua pouca idade, Aldenor da Silva Pimentel já tem 2 livros publicados – Deus para Presidência (2015) e Livrinho da Silva (2017) – e mais de 30 prêmios e menções honrosas no currículo. O primeiro deles, diga-se de passagem, em um concurso de poemas sobre o meio ambiente, quando ainda estava na 6a série. Foi uma professora de língua portuguesa, Eliane Araújo, aliás, quem o incentivou a acreditar em seu potencial. Hoje, Aldenor mantém um blog literário, escreve para uma revista on-line e, volta e meia, dá palestras em escolas e bibliotecas pelo Brasil afora. “É sempre uma experiência mágica, que nos motiva a continuar fazendo literatura e nos mostra que as novas gerações gostam, sim, de ler”, diz.

Muito antes de se tornar escritor, Aldenor já era leitor. E do tipo que frequentava clubes de leitura e emendava um clássico no outro, como O Guarani, de José de Alencar, Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, e As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, só para citar três dos seus favoritos. Já adulto, teve o prazer de ficar frente a frente com escritores que, até então, só conhecia das orelhas dos livros – como o paulista Pedro Bandeira, o pernambucano Marcelino Freire e o roraimense Eliakin Rufino. Quando indagado sobre quem mais gostaria de encontrar para bater um papo e trocar autógrafos, não hesita em indicar o gaúcho Luis Fernando Verissimo: “Sua escrita bem-humorada me influencia até hoje”.

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