José Celso Martinez Corrêa, ou apenas Zé Celso, comemora 80 anos de vida neste 30 de março. Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, o artista é um dos mais célebres nomes do teatro brasileiro e, à frente da companhia Teatro Oficina, escreveu, dirigiu e atuou em importantes espetáculos, tais como Pequenos Burgueses, O Rei da Vela, Os Sertões, Roda Viva e Ham-let. Defensor de um teatro antropofágico, o dramaturgo conduziu seus quase 60 anos de carreira no teatro valorizando sempre os conceitos da inovação, da transgressão, da subversão e da experimentação.
Sobre o Teatro Oficina, seu maior trabalho, o ator e diretor disse: “Nós chamamos o nosso teatro de Oficina e escolhemos como símbolo a bigorna, porque isso significava trabalho e se pretendia ligar o trabalho teatral a qualquer outro, colocando o ator como um operário, como um simples proletário, para desmistificar certa ideia de que o teatro é uma coisa mítica, dependendo de dom, vocação e até mesmo de um apelo religioso”. A frase, que explica seu ideal de teatro, faz parte do material reunido pela Ocupação Zé Celso, que homenageou em exposição e site o dramaturgo e suas contribuições para as artes cênicas no Brasil.
Também no site do programa Ocupação, o artista participa da série Web Zé, na qual fala sobre sua vida em bate-papo via webcam.
Zé Celso, além de ter sido protagonista de uma das edições do Ocupação, participou da homenagem do programa a Nelson Rodrigues, amigo e profissional do teatro por quem possui grande admiração. Na entrevista que concedeu para esse evento, fala sobre sua amizade com o escritor, sobre as características de seu teatro – trágico, cômico e sensual – e suas representações por diversos diretores, incluindo a montagem do espetáculo Boca de Ouro, realizada pelo próprio Teatro Oficina.
Zé Celso subversivo
O crítico Yan Michalski reflete sobre a trajetória do artista nos anos 1960: “Durante cerca de uma década, década excepcionalmente efervescente, José Celso foi, provavelmente, a personalidade criativa mais forte do teatro brasileiro; foi, em todo o caso, o encenador mais aberto a ideias ousadas e sempre renovadas, e capaz de realizar, a partir delas, espetáculos surpreendentes, generosos, provocantes, excepcionalmente inventivos”. Sua ousadia e sua originalidade, porém, sempre foram alvo de curiosidade e estranhamento. No filme Evoé! – Retrato de um Antropófago, que integrou a série de documentários sobre artistas brasileiros contemporâneos Iconoclássicos [link], realizada pelo Itaú Cultural, os diretores Tadeu Jungle e Elaine Cesar procuram desfazer essa ideia. Assista ao filme na íntegra:
Às vésperas do lançamento de Evoé!, na edição de outubro e novembro de 2011 da revista Continuum, Zé Celso falou em entrevista sobre atuação, política, democracia e ditadura. Para a reportagem, o dramaturgo foi fotografado por Bob Wolfenson. Acesse a publicação completa:
Para saber mais sobre a trajetória de José Celso Martinez Corrêa, acesse a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
Comemoração
A fim de celebrar o aniversário de Zé Celso, o Teatro Oficina realiza três sessões do famoso espetáculo Bacantes na sede da companhia, localizada na Rua Jaceguai, 520, no bairro do Bixiga, em São Paulo. Serão as últimas apresentações da peça na capital paulista. Em 30 de março, às 20h, a sessão é especial de aniversário do ator e diretor. Nos dias 1o e 2 de abril acontecem as outras duas exibições, às 18h. Os ingressos custam R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia-entrada) e R$ 20 (moradores do Bixiga com comprovante de residência). Para mais informações, acesse teatroficina.com.br.