Em quatro décadas, desde que publicou o primeiro desenho na extinta revista Senhor, aos 14 anos, o paulistano Arnaldo Angeli Filho acumulou, literalmente, pilhas de trabalho entre tiras, quadrinhos, charges, ilustrações, capas de discos, filmes, vídeos. De 15 de março a 29 de abril, esse mundo poderá ser visto na mostra Ocupação Angeli, a primeira da série de ocupações de 2012 no Itaú Cultural. A curadoria é da designer gráfica Carolina Guaycuru. O projeto expográfico é da cenógrafa e arquiteta Patrícia Rabbat.

Idealizada como uma versão estilizada de seu estúdio, a Ocupação Angeli exibe em um espaço de cerca de 120 m² cerca de 800 obras assinadas por ele, sendo 80 originais, e pelo menos 20 fotos tiradas do desenhista da infância até hoje. O material apresenta os personagens e trabalhos que são imediatamente identificados com o autor, como os citados acima, mas também privilegia outras de suas criações e estilos revelando lados menos conhecidos dele.

Para isso, foram selecionados pelo menos 20 temas e tipos de trabalhos. Entre eles, sexo (em um nicho à parte proibido para menores de 18 anos), comportamento, política e música, além de charges e cartuns, auto caricaturas, esboços e desenhos finalizados, tiras de personagens, desenhos especiais em que o autor assina trabalhos como ilustrador, e o mundo irreverente da revista Chiclete com Banana.

Entre as curiosidades da Ocupação Angeli destaque para a exibição de dois sets restaurados das filmagens de Dossiê Rê Bordosa, curta dirigido por Cesar Cabral com bonecos animados. Um vídeo especialmente produzido para essa exposição, ainda, traz uma entrevista na qual o artista conta fatos marcantes do seu trabalho entre 1970 e 2000, mixada com músicas da época - quem assina esse trabalho é o produtor musical, sonoplasta e artista gráfico Pedro Angeli, seu filho.

No coquetel de abertura dessa Ocupação, no dia 15, o próprio Pedro fará uma apresentação audiovisual em live images e trilha sonora executada ao vivo, baseada nessa obra.

Desdobramentos
Essa é a décima segunda da série de ocupações e vem a reforçar, mais uma vez, o compromisso da instituição com a preservação do patrimônio cultural e artístico do país. Seguindo a mesma linha das anteriores, essa mostra ultrapassa o traço convencional para garantir a criação de outros produtos sobre a obra do artista. Um hotsite produzido pela equipe do Itaú Cultural funcionará como uma extensão da exposição exibindo grande parte dos trabalhos selecionados, depoimentos de personalidades da área da cultura sobre o ele e obras relacionadas ao seu universo. A conferir, a partir da abertura da mostra, em www.itaucultural.org.br/ocupacao/.

O evento gera, ainda, uma publicação. Trata-se de uma espécie de sketchbook da produção, com desenhos, quadrinhos de Angeli, notas diversas, texto da curadora e do amigo e companheiro de trabalho Laerte, criado exclusivamente para o evento. A publicação será distribuída aos visitantes da exposição, com  tiragem limitada em dois mil exemplares. Em programação paralela ao período da Ocupação Angeli será realizada uma mostra de cinema, em data a ser confirmada, relacionada ao universo das histórias em quadrinhos.

Verbete
Angeli integra a Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais, locada no site www.itaucultural.org.br. Veja o verbete que na edição virtual vem acompanhado de um comentário crítico:

Arnaldo Angeli Filho (São Paulo, SP, 1956). Cartunista e chargista. Aos 14 anos, Angeli publica seu primeiro desenho na revista Senhor. Autodidata, aprende a desenhar copiando os trabalhos de Millôr Fernandes (1923), Jaguar (1932) e Ziraldo (1932). Seu trabalho tem influência dos cartuns underground do norte-americano Robert Crumb (1943). No jornal Folha de S. Paulo, publica charges, a partir de 1973, e, desde 1983, tiras diárias em que cria personagens que retratam tipos urbanos, com destaque para RêBordosa, Bob Cuspe e os velhos hippies Wood & Stock.

Na década de 1980, publica, pela editora Circo, a revista Chiclete com Banana, que lança novo elenco de personagens de sua autoria, como Walter Ego, Rigapov, Rhalah Rikota, Bibelô, Meiaoito e Nanico, RitchiPareide, Aderbal e Os Skrotinhos. Com Laerte (1951) e Glauco (1957-2010) cria a série Los Três Amigos, também publicada em Chiclete com Banana. Em 1983, ilustra o livro da historiadora Lilia Moritz Schwartz, República Vou Ver!. Em 1995, publica FHC: Biografia Não Autorizada, pela Editora Ensaio, coletânea de charges produzidas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1931).

Para a TV, Angeli produz esquetes e roteiros, atuando junto às equipes dos programas TV Colosso e Sai de Baixo, ambos da Rede Globo. Com base em seu trabalho, o diretor Otto Guerra lança, em 2006, o longa-metragem de animação Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'nRoll. Em 2008, é um dos homenageados no 1º Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro, que apresenta Angeli/Genial, uma mostra retrospectiva da produção do cartunista. Também nesse ano, é lançado o curta-metragem de animação Dossiê RêBordosa, dirigido por César Cabral e baseado na personagem criada por Angeli.

Seus desenhos estão incluídos na Enciclopédia del Humor Latino Americano, da Colômbia, na Antologia de Humor Brasileiro e no Museu do Cartum e Caricatura de Basiléia, Suíça. Atualmente, desenha para a Folha de S. Paulo e para o seu site no portal Universo On-line, com destaque para as tiras Let´s Talk About Sex, Luke e Tantra e, na "net-novela" A Morta Viva, RêBordosa.

Série Ocupação
A Ocupação Angeli é a primeira de 2012, mas é a décima segunda da série de ocupações promovida pelo instituto desde 2009. Criada para fomentar o diálogo da nova geração de artistas com os criadores que a influenciou, essa ocupação no Itaú Cultural integra o trabalho perene do instituto com programas como o Rumos, que há 14 anos incentiva a produção contemporânea colaborando para o aprimoramento de criadores, a difusão de suas obras e a reflexão sobre a arte atual.

As edições anteriores foram dedicadas à apresentação da produção de artistas referenciais das artes visuais (Nelson Leirner, Abraham Palatnik e Cildo Meireles), do teatro (Zé Celso e Flávio Império), da literatura (Paulo Leminski e Haroldo de Campos), da música (Chico Science), do cinema (Rogério Sganzerla), da arte cibernética (Regina Silveira) e da dança (Ballet Stagium). Esse espaço permite que vários perfis de público tomem contato com a obra desses artistas, e, ainda, que a instituição direcione sua ação educativa para o aprofundamento e a compreensão de seu papel no universo artístico e social.

SERVIÇO
Ocupação Angeli
Abertura para convidados: dia 15 de março de 2012, às 20h
Com apresentação audiovisual em live images pelo sonoplasta, artista gráfico e produtor musical Pedro Angeli, seguida de coquetel.

Aberto para visitação de 16 março a 29 de abril de 2012
De terça a sexta, das 9h às 20h
Sábs. doms. e feriados, das 11h às 20h
Entrada franca

Estacionamento com manobrista: R$ 10,00 uma hora; R$ 5,00 a segunda hora; e mais R$ 4,00 p/ hora adicional
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado

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Direto do Arquivo

Com a realização da Ocupação Glauco, o IC encerra um ciclo de homenagens a chamada "santíssima trindade dos quadrinhos brasileiros"