por Jullyanna Salles

O grupo Jaguaribe Carne, fundado nos anos 1970, lançou um grande nome da música brasileira, Pedro Osmar. Com seu irmão, Paulo Ró, o paraibano utiliza a cultura como instrumento de transformação – é com sua música que participa de movimentos sociais e da luta por liberdade em um período de rigidez política. O documentário Pedro Osmar, prá Liberdade que se Conquista, contemplado pelo programa Rumos 2015-2016, conta a história do compositor e terá uma exibição no In-Edit Brasil nos dias 11, 13 e 16 de setembro.

Dirigido por Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marques, o longa tem finalização prevista para novembro deste ano, quando serão incorporados recursos de acessibilidade, como audiodescrição, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e legenda descritiva. No documentário, serão retratados não só o trajeto musical de Pedro Osmar, mas também suas outras atuações como o multiartista que é. Envolvido com a militância política, o paraibano faz também poesia, cinema e trabalhos plásticos, como gravuras e pinturas.

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A ideia do longa surgiu quando Eduardo e Rodrigo passaram a acompanhar o processo de gravação de um disco duplo de Pedro Osmar, que ainda não foi lançado. Depois de conferir a riqueza de seu trabalho, a dupla de diretores começou a gravar encontros no estúdio e comemorações, como os 60 anos do cantor e compositor.

Ao levantar o que já havia sido produzido sobre o paraibano, os documentaristas encontraram arquivos raros do início da carreira de Pedro Osmar e trabalhos com grandes parceiros, como Zé Ramalho, Chico Sá, Lenine e Elba Ramalho. Recuperar e restaurar esses materiais, muitos deles inéditos, foi um dos processos mais delicados do filme.

Cena do documentário documentário "Pedro Osmar, prá Liberdade que se Conquista"
Cena do documentário documentário "Pedro Osmar, prá Liberdade que se Conquista"

O documentário trabalha com diferentes tipos de suporte. Além de todo o material de acervo restaurado, há filmagens realizadas com uma câmera de 35 milímetros e imagens feitas pelo próprio protagonista – durante três meses, Pedro Osmar ficou com uma “câmera confidente”, que deveria ser ligada quando ele achasse conveniente, para registrar o que quisesse falar.

O roteiro do longa une as múltiplas atuações do artista por meio de um fio condutor. Eduardo detalha: “A narrativa que percorre o filme inteiro é ele [Pedro] em busca da liberdade. Tudo o que ele faz, todas as linguagens que utiliza, é em prol de uma luta política. Este é o eixo condutor: a luta política e a busca por liberdade”. Rodrigo explica que o intuito era mostrar como os ideais do cantor e compositor foram retratados nos diferentes momentos de sua carreira. “Tem essa curva que passa pela experimentação, pela exploração do instrumento-base dele – a viola caipira – e depois pelo desprendimento dela. Há também uma passagem pelo rock e um retorno às canções”, diz.

Com exceção de duas músicas, toda a trilha sonora é original de Pedro Osmar e do grupo Jaguaribe Carne. O documentário é um dos cinco da competição nacional do festival In-Edit Brasil, escolhido entre cerca de 140 inscritos. Confira as exibições aqui.

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