por André Bernardo

Foi em uma palestra para pais e professores, em junho de 1980, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), que Ziraldo Alves Pinto teve a ideia de criar seu personagem mais famoso: um menino com “fogo no rabo e vento nos pés”. O tema da palestra era pais e filhos e, lá pelas tantas, alguém da plateia perguntou por que o palestrante não lançava um livro sobre o assunto. Na manhã seguinte, enquanto fazia a barba, Ziraldo não conseguia pensar em outra coisa: “Era uma vez um menino maluquinho…”. Em apenas 15 dias, ele bolou a história e mostrou para as filhas, Daniela e Fabrizia. Na hora de criar o personagem, Ziraldo voltou aos tempos de criança: em vez de fazer chapéu de jornal para brincar de soldado, colocava uma panela na cabeça.

Desenho de menino com panela na cabeça, como se fosse um chapéu. Ele está com a língua pra fora da boca. Usa um casaco e um sapato de adulto, grande demais para ele.
O Menino Maluquinho é o personagem mais famoso de Ziraldo (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

A Melhoramentos mandou imprimir 5 mil exemplares para a Bienal do Livro. Não foram suficientes. Uma segunda tiragem, de 40 mil, foi vendida em quatro dias. Até o Natal, O Menino Maluquinho já tinha vendido 100 mil exemplares.

“Você não tem que preparar seu filho para ser feliz amanhã. Ele tem que ser feliz hoje! O futuro é feito de muitos hojes. Se ele for feliz hoje, será feliz sempre. Se for uma criança feliz, será um adulto legal”, filosofa Ziraldo no documentário Ziraldo — Era uma vez um menino, dirigido por Fabrizia Alves Pinto. “O que mais me surpreendeu e emocionou foi constatar, através de seus trabalhos, relatos e vivências, que meu pai fez parte de uma geração que lutou para salvar o Brasil e os brasileiros dos fascistas e de sua brutal ditadura”, afirma a cineasta.

 

Homem idoso abraça mulher jovem por trás. Ele está sério, ela está sorrindo. Ele é grisalho e ela tem os cabelos pretos e lisos.
Ziraldo e Fabrizia Alves Pinto, uma de suas filhas (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

Um dos maiores sucessos editoriais do Brasil no segmento infantojuvenil, O Menino Maluquinho já vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Na ponta do lápis, dá algo em torno de 273 exemplares por dia! Somados todos os livros que Ziraldo escreveu para crianças e adolescentes, que incluem Flicts (1969), O planeta lilás (1979) e O bichinho da maçã (1982), entre outros, os números ultrapassam os 10 milhões. Desde então, O menino maluquinho virou HQ em 1989 (em 2004, a Globo lançou Julieta, a menina maluquinha), chegou às telas de cinema em 1994 (a canção-título foi composta por Milton Nascimento e Fernando Brant) e ganhou série de TV em 2006 (três atores de 5, 10 e 30 anos se revezaram no papel).

Pensa que acabou? Tem mais: já inspirou peça de teatro, jogo eletrônico, espetáculo natalino, selo comemorativo, ópera infantil... Foi inaugurado um parque temático, o Ziramundo, em Brasília, de 2000 a 2006, e uma escultura de oito metros, criada pelo artista plástico João Rosendo Alvim Soares, em Caratinga (MG), cidade-natal de Ziraldo. Só no mercado editorial, foram mais de 500 títulos, segundo a Melhoramentos, entre livros de piadas, mágicas e receitas.

Foto preto e branca mostra um homem ao centro, perto de uma câmera de cinema. Uma de suas mãos está nas costas de um menino, que segura um livro. Uma mulher está ajoelhada diante do menino, sorrindo para ele.
Helvécio Ratton dirige Patrícia Pillar e Samuel Costa (imagem: acervo pessoal)

O Menino Maluquinho virou longa-metragem em 1994, sob direção do cineasta Helvécio Ratton. A ideia, conta o diretor, partiu do produtor Tarcísio Vidigal, em 1986. Quando soube do projeto, Ziraldo topou na hora. O roteiro foi escrito a oito mãos: Alcione Araújo (1945-2012), Ziraldo, Helvécio Ratton e Maria Gessy.

“O Ziraldo participou ativamente do processo. Nos divertimos muito escrevendo o roteiro. Ele só não acompanhou as filmagens. Dizia que o ‘filme é do diretor’. Foi muito generoso ao me dar toda a liberdade para adaptar um personagem de tanto sucesso para o cinema”, relata Ratton. “O Menino Maluquinho foi filmado em um momento difícil do cinema brasileiro. Levamos anos para viabilizar a produção e, quando começamos a filmar, foi um momento muito alegre. Fico impressionado como o filme continua vivo e, quase 30 anos depois, consegue encantar as novas gerações”.

O Menino Maluquinho — O filme (1995) fez tanto sucesso que, três anos depois, ganhou uma continuação, O Menino Maluquinho 2 — A aventura, dirigido por Fernando Meirelles. Nas duas produções, quem interpretou o personagem-título foi o ator Samuel Costa.

Menino branco, com sardas no rosto, e cabelo curto e castanho, aparece de lado, sorrindo. Ele usa camiseta amarela e está perto de uma árvore, que aparece ao fundo, desfocada.
Samuel Costa deu vida ao Menino Maluquinho no cinema (imagem: acervo pessoal)

Em 2020, por ocasião do aniversário de 40 anos do Menino Maluquinho, a Melhoramentos convidou Fábio Yabu para organizar duas antologias: Os meninos maluquinhos e As meninas maluquinhas. O roteirista e ilustrador convidou 15 autores da nova geração para reinventar o mais famoso personagem do universo ziraldiano. O protagonista de um dos contos nasceu numa favela. Outro, em uma aldeia indígena. Um terceiro cresceu em um orfanato. Há, até, uma versão robótica do Menino Maluquinho. “Ele não é um personagem da Marvel que precisa ser atualizado para as novas gerações. De tão icônico, costumo compará-lo ao “Pequeno príncipe”. Por outro lado, há pautas que, por sua relevância social, poderiam ser abordadas. Mas, em nenhum momento, fiz qualquer recomendação aos autores”, explica Yabu que elege O Menino Quadradinho (1989) como sua obra favorita do autor. “O traço do Ziraldo sempre me fascinou. Com poucas linhas, diz muito. É um gênio porque brilhou em todas as áreas em que atuou”.

Três homens estão conversando. O do meio está de braços cruzados, apenas observando. Os dois das pontas gesticulam com as mãos. Um deles é grisalho e segura um casaco nas costas. O outro é calvo e usa relógio de pulso. Pessoas aparecem atrás deles.
Helvécio Ratton e Ziraldo nos bastidores de "O Menino Maluquinho" (imagem: acervo pessoal)

Herança de família

Ziraldo não é autor de um personagem só. De sua prancheta saíram personagens clássicos, como A turma do Pererê (1960),  Jeremias, o bom (1965) e The supermãe (1968), só para citar três. “De qual deles eu gosto mais? Pergunta difícil essa!”, espanta-se o designer gráfico Luis Saguar, coautor do Almanaque do Ziraldo (2007), em parceria com Rose Araújo. “Gosto mais do ´Jeremias, o bom´. Por ser talvez o primeiro personagem do Ziraldo onde ele descobre e imprime sua marca gráfica, seu estilo próprio, que vai acompanhar seu trabalho dali em diante: os famosos ‘pés de ferro’”.

Homem idoso aparece sentado em um escritório, diante de uma prancheta, desenhando, com um pincel preso entre os lábios. Atrás dele há uma estante branca com muitos livros. Ao seu lado, muitos pincéis, lápis e canetas. Podemos ver ao fundo uma máquina de escrever e uma estátua do Super-Homem.
Ziraldo completa 90 anos nesta segunda-feira, 24 de outubro de 2022 (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

Muitos dos personagens que Ziraldo criou ao longo de sua carreira foram inspirados em figuras de carne e osso que ele conheceu em Caratinga, a 311 quilômetros de Belo Horizonte (MG). Os nomes de alguns personagens da Turma do Pererê, como a onça Galileu, o jabuti Moacir e o macaco Allan, inclusive, foram baseados em seus amigos de infância. A protagonista de The supermãe (1968), a Dona Clotildes Rebouças, foi inspirada em sua mãe, a costureira Zizinha Alves Pinto, e a de Uma professora muito maluquinha (1995), em sua docente da primeira série, Catarina Marques da Rocha, a Dona Kate. Ziraldo herdou muito de sua criatividade dos seus pais. Na hora de batizar o primeiro de seus sete filhos, Zizinha emprestou a primeira sílaba de seu nome e Geraldo Alves Moreira Pinto, o pai, as duas últimas. Assim, nasceu Ziraldo Alves Pinto, às 10 horas da manhã do dia 24 de outubro de 1932.

Desde pequeno, Ziraldo sempre gozou de liberdade para desenhar o que quisesse no lugar que quisesse: dos cadernos da escola às paredes de casa. Precoce, seu primeiro desenho foi publicado no jornal A folha de Minas em 1938, quando tinha 6 anos. Um dia, ao voltar da missa dominical, foi apresentado pelo jornaleiro da cidade, o Zé Biscoito, a dois de seus ídolos de infância: o canadense Hal Foster (1892-1982), desenhista do Tarzan, e o americano Alex Raymond (1909-1956), do Flash Gordon. Coincidência ou não, o primeiro personagem que Ziraldo criou, aos 12 anos, era, a exemplo de Flash Gordon, um herói espacial: o Capitão Tex. Além de produzir os seus gibis, Ziraldo gostava de vendê-los para os seus amigos de escola.

Desenho colorido mostra homem idoso sorrindo sentado em uma poltrona. Ele usa calça comprida, camisa amarela e colete azul escuro. Na sua frente está uma cadeira. Atrás da poltrona há dois coelhos.
Mais um autorretrato de Ziraldo (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

Em dezembro de 1948, assim que concluiu o ginásio, atual Ensino Médio, Ziraldo, com 16 anos, pegou o primeiro trem para o Rio de Janeiro. Levava na bagagem o sonho de ganhar a vida como desenhista de gibis. Na capital federal, se hospedou na casa da tia Inês, no bairro da Lapa. “Tia não zanga nem prega sermão”, costuma repetir o sobrinho famoso que, em 1996, homenageou suas oito tias com três livros: Tantas tias, Tia nota dez e Tia, te amo.

Certo dia, Ziraldo foi bater à porta da revista Noite ilustrada. Depois de esperar por mais de dez horas, foi obrigado a ouvir de um dos editores que não tinha talento e, por essa razão, tinha que desistir da profissão de desenhista. Aos prantos, foi aconselhado pelo fotógrafo Jader Neves a não desistir de seu sonho. Fez mais: sugeriu que o rapaz procurasse seu irmão, Jubal Neves, na agência de publicidade McCann-Erickson. Na empresa fundada pelos americanos Harrison McCann (1880-1962) e Alfred Erickson (1876-1936), Ziraldo começou como contínuo. Mas, logo, logo, emplacou suas primeiras peças publicitárias. Ao longo da carreira, criou anúncios, logotipos e outdoors para empresas, como Varig, Brahma e Petrobras.

Desenho em preto e branco mostra homem de braços abertos e sorrindo. Ele usa calça comprida, camisa e colete quadriculado.
Autorretrato de Ziraldo (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

Depois de concluir o curso de Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1957, Ziraldo fixou residência no Rio. Em 1958, se casou com Vilma Gontijo (1934-2000), a mãe de seus três filhos: Daniela Thomas, Fabrízia Alves Pinto e Antônio Pinto. Em outubro de 1960, por sugestão do editor da revista O cruzeiro, Ziraldo realizou o sonho de ser autor da primeira HQ brasileira: a Pererê. A revista, colorida, circulou até abril de 1964 e chegou a vender 150 mil exemplares. Foi relançada, com o nome de A turma do Pererê, em diferentes ocasiões: em 1975, 1985, 1991... A mais recente aconteceu em 2004. A Salamandra publicou três volumes de uma coleção batizada de Todo Pererê.

Entre outros trabalhos, Ziraldo criou cartazes para a Feira da Providência, a pedido de Dom Hélder Câmara (1909-1999); para o cinema nacional, como O assalto ao trem pagador (1962), de Roberto Farias (1932-2018), e Os fuzis (1964), de Ruy Guerra; e para espetáculos de humor, como Viva o gordo e Abaixo o regime, O gordo ao vivo e Um gordo em conserto (depois de sofrer um acidente de moto), todos de Jô Soares (1938-2022). Não por acaso, Ziraldo foi o artista mais vezes entrevistado pelo Jô: 10 vezes no SBT (1988-1999) e 14 na Globo (2000-2016). O último bate-papo entre os dois, aliás, marcou a despedida do apresentador, no dia 16 de dezembro de 2016.

Homem idoso aparece sentado de costas diante de uma prancheta desenhando.
Ziraldo cria histórias e personagens em sua prancheta de trabalho (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

Escrito nas estrelas

Em 1969, Ziraldo publicou seu primeiro livro infantil, Flicts. Escrito em apenas dois dias, conquistou leitores famosos, como o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que, na crônica Flicts: O coração da cor, publicada no jornal Correio da manhã, de 22 de agosto de 1969, classificou o conto como “maravilhoso”; e o astronauta norte-americano Neil Armstrong (1930-2012), que, ao autografar um exemplar do livro, durante visita ao Copacabana Palace, escreveu: “A Lua é Flicts!”.

“Essa obra antecede tudo o que, atualmente, se especifica como bullying. É uma obra alegórica sobre o sofrimento do diferente, do que não se encaixa, do que procura alguma justificativa para existir”, analisa Samira Youssef Campedelli, doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e autora do volume da coleção Literatura comentada dedicada a Ziraldo (1982), que atribui o sucesso editorial do autor “à dedicação dele a tudo o que cria e escreve”. “O tratamento que ele dá a cada livro, a cada personagem, a cada linha de seus textos”, completa a acadêmica.

Da amizade com Drummond, nasceram outras parcerias: Ziraldo ilustrou alguns livros infantojuvenis do poeta, como O pipoqueiro da esquina (1981) e História de dois amores (1985). Drummond não foi o único. Ilustrou também obras de Rachel de Queiroz (Cafute e pena de prata, de 1992), Chico Buarque (Chapeuzinho amarelo, de 1997) e Manoel de Barros (O fazedor de amanhecer, de 2001), entre outros.

O pasquim

Ainda em 1969, Ziraldo ajudou a fundar O pasquim, ao lado de outros pesos-pesados do jornalismo brasileiro, como Jaguar, Sérgio Cabral e Tarso de Castro (1944-1988). O primeiro número chegou às bancas no dia 26 de junho. As entrevistas eram publicadas na íntegra, sem cortes. Inovação? Nada disso. Por pura preguiça, nenhum dos entrevistadores queria editar as entrevistas... “Ziraldo foi muito importante para o Pasquim. Não diria que foi fundamental ou imprescindível, mas a contribuição dele foi inegável”, analisa o jornalista Márcio Pinheiro, autor de Rato de redação — Sig e a história do Pasquim (Matrix). “Embora não tenha criado nenhum personagem significativo no Pasquim, Ziraldo autorizou o uso de um dos seus Zeróis no número 1, adaptou figuras clássicas como Tarzan e Superman no Pôster dos Pobres e, ainda, revolucionou o vocabulário, incorporando gírias, palavrões e neologismos, como ‘paca’, ‘duca’ e ‘sifu’, entre outros”.

À época, Ziraldo foi preso três vezes. Numa delas, passou o Natal e o Ano Novo atrás das grades no Forte de Copacabana. Noutra, encarou três meses de carceragem na Vila Militar, em Realengo. Os militares demoraram a soltá-lo porque não sabiam quem tinha dado a ordem para prendê-lo. Para não sucumbir ao cárcere, Ziraldo desenhava compulsivamente. E, quando soube que seria trocado pelo embaixador suíço Giovanni Bucher (1913-1992), que tinha sido sequestrado em dezembro de 1970 por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), e mandado para a Argélia, escreveu cartas para a mulher, filhos e amigos. No dia seguinte, para alívio de Ziraldo, o carcereiro avisou que a troca não seria mais realizada. “Quando encontramos as cartas e os desenhos feitos na prisão, houve uma certa resistência quanto a divulgar esse material. Tivemos que convencê-lo a publicar pelo menos os desenhos. As cartas, ele alegou que eram muito pessoais”, explica a ilustradora Rose Araújo, do Almanaque do Ziraldo (2007). Ziraldo despediu-se de O pasquim em 1982, com uma entrevista de cinco horas, publicada na edição de número 704. Em janeiro de 2002, tentou ressuscitar o jornal. Opasquim21 durou 117 edições e saiu de circulação em agosto de 2004.

No ano em que o ‘pai’ do Menino Maluquinho completa nove décadas, seu filho mais ilustre continua fazendo travessuras. Agora na Netflix. A gigante do streaming acaba de lançar uma série de animação em nove episódios adaptada por Arnaldo Branco e Carina Schulze. Além da série infantil, as comemorações abrangem a exposição interativa Mundo Zira, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília; o lançamento de 90 Maluquinhos por Ziraldo — histórias e causos, com relatos e cartuns de escritores e desenhistas, como Luis Fernando Veríssimo e Mauricio de Sousa; e a publicação de uma coleção de cinco livros sobre educação financeira, uma parceria entre Ziraldo e a influenciadora digital Nath Finanças.

Homem idoso, de cabelos e sobrancelhas brancos, autografa um livro, sentado em uma mesa. Uma menina de cerca de 5 anos está olhando para o livro que ele assina, também sentada.
Ziraldo autografa livros numa edição da Bienal (imagem: Acervo Instituto Ziraldo)

“O que explica o sucesso do Ziraldo é sua inquietude. Ele não para quieto. Se tem uma ideia, mesmo que seja em uma área que não domina, arranja um jeito de produzir algo ali”, acredita Saguar. “Ziraldo é, acima de tudo, um comunicador que não se importa com barreiras ou fronteiras. Ele comunica. Acho que isso explica seu sucesso. Se é que os gênios como Ziraldo precisam de explicação, não é mesmo?”.

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