A campanha Setembro Azul foi uma das formas de mobilização dos surdos e de pessoas com deficiência auditiva para conquistar direitos. O mês foi escolhido por causa do Dia Internacional do Surdo, que acontece em 26 de setembro. A cor foi trazida de um histórico da Segunda Guerra Mundial. Nela, pessoas com deficiência, perseguidas pelo sistema nazista, eram obrigadas a utilizar faixas azuis no braço, para ser identificadas por agentes do governo.
Atualmente, uma das lutas mais representativas da campanha é a conquista da escola bilíngue para surdos. Nesse sistema de ensino, pessoas com deficiência auditiva aprenderiam primeiro a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e, então, o português, na modalidade escrita.
A difusão da Libras é parte fundamental no processo de ampliação de acessibilidade para surdos. Na programação do Itaú Cultural, esse tipo de ferramenta tem ganhado espaço nos últimos anos.
No mês de setembro, todas as peças do Terça Tem Teatro terão interpretação em Libras, o que já vem acontecendo há mais de um ano. Além disso, outros debates e atividades de formação apresentam o recurso. São eles, Encontro com Professores (que já está com as inscrições encerradas), Entreolhares, Diálogos Ausentes, Brechas Urbanas e o Seminário Dicções Femininas na Cultura Brasileira.
As exposições da instituição também terão visitas acessíveis em Libras. Os surdos e pessoas com deficiência auditiva poderão explorar um vasto acervo no Espaço Olavo Setubal e obras neoconcretistas em Calder e a Arte Brasileira e ainda descobrir mais sobre a vida do sambista Cartola na Ocupação Itaú Cultural. As visitas acessíveis em Libras acontecem nos dias 3, 4, 24 e 25, às 16 horas. Além disso, a Roda de Samba, que acontece no Auditório Ibirapuera no dia 18, será interpretada, garantindo que todos tenham acesso a uma atração de música – uma das artes mais distanciadas desse público.
No Fim de Semana em Família, que acontece todos os finais de semana no instituto, seis das sete atividades têm interpretação em Libras. As programações contam com diferentes espetáculos e oficinas – a oficina Sensibilização Musical para Crianças e o espetáculo Que Barulho É Esse: um Sonho Musical, nos dias 3 e 4; os espetáculos Cortejo e Brincadeiras Culturais e Folias, Brincadeiras e Cantigas nos dias 10 e 11 e a Contação de Histórias e o Cine Curtinhas nos dias 24 e 25 (mais informações em breve).
Quem interpreta
Para que toda essa programação aconteça, o Itaú Cultural conta com um time considerável de intérpretes. Um dos integrantes é Fabiano Campos, que começou a estudar Libras há mais de dez anos. No início atuando apenas como voluntário, não demorou muito até que ele abandonasse o trabalho para se dedicar exclusivamente à interpretação em Libras.
A princípio, Fabiano interpretava principalmente aulas e palestras. Sua atuação no campo artístico foi crescendo gradativamente nos últimos anos. Ao ser inserido nessa área, ele diz ter se apaixonado ainda mais pelo trabalho. Ter antecipadamente o texto da música ou da peça a ser interpretados é uma das principais necessidades para uma preparação ideal. Fabiano também gosta de assistir a ensaios e, quando possível, conversa com os artistas a fim de planejar melhor a interpretação. Há alguns anos, ele chegou a fazer aulas de teatro para levar mais características performáticas para a Libras.
Para Fabiano, a adaptação de espetáculos tem um lado bastante positivo: “Acho bom porque não há restrição de público, não tem de ter essa coisa de ‘surdo tem de consumir cultura surda’, é importante que ela seja mantida, mas ele pode conhecer outras coisas também. Como intérprete, mergulho em todos esses universos”.
Erika Mota tem uma história parecida sobre o início de sua carreira. Depois de alguns anos como intérprete voluntária, passou a fazer o trabalho profissionalmente. Para ela, a formação está em constante aprimoramento, visto que é uma língua viva.
Em junho, Erika fez parte da equipe do Espaço Itaú Cultural de Literatura na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Sobre a experiência ela conta: “Foi um marco na história da Flip e de muitos que passaram por lá. Uma grande experiência pessoal pela tamanha afinidade com os temas e também profissional, por ter feito parte dessa história com mais três grandes intérpretes. Fizemos parte do único lugar da Flip que foi acessível em toda a programação”.
Erika destaca que, diferentemente das línguas orais, a Libras é uma língua sentida literalmente com o corpo, com a visualização da imagem.
A acessibilidade para surdos e pessoas com deficiência auditiva não é um trabalho simples, mas com dedicação a Libras será mais explorada em espetáculos. Confira abaixo algumas das programações do Itaú Cultural que contam com o recurso.
Encontro com Professores – Álbum de Viagem como Livro de Artista (inscrições encerradas)
sábado 3 de setembro de 2016
10h às 13h
Entreolhares – Workshop Sobre Projetos e Processos
quinta 15 a sábado 17 de setembro de 2016
quinta e sexta das 18h30 às 22h | sábado das 10h às 13h
Diálogos Ausentes – o Negro no Teatro
terça 6 de setembro de 2016
às 20h
Roda de Samba Celebração Cartola
domingo 18 de setembro de 2016
às 19h
Brechas Urbanas
quinta 22 de setembro de 2016
às 20h
Seminário Dicções Femininas na Cultura Brasileira
sábado 24 domingo 25 de setembro de 2016 (mais informações em breve)
Terça Tem Teatro
terças 6, 13, 20 e 27 de setembro de 2016
às 20h
Espaço Olavo Setubal
visitas com interpretação em Libras – sábados 3 e 24 e domingos 4 e 25 de setembro | às 16h
exposição permanente
Calder e a Arte Brasileira
visitas com interpretação em Libras – sábados 3 e 24 e domingos 4 e 25 de setembro | às 16h
até domingo 23 de outubro de 2016
terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]
sábado, domingo e feriado 11h às 20h
Ocupação Cartola
visitas com interpretação em Libras – sábados 3 e 24 e domingos 4 e 25 de setembro | às 16h
sábado 17 de setembro a domingo 13 de novembro de 2016
terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30]
sábado, domingo e feriado 11h às 20h
Fim de Semana em Família
sábados 3, 10 e 24 e domingos 4, 11 e 25 de setembro de 2016
a partir das 14h