O Coletivo Ágata propõe uma discussão sobre a presença das mulheres e a representatividade feminina nas artes. Seja pela crítica, seja pela curadoria, a reflexão do grupo abrange projetos que trabalham diferentes linguagens, do audiovisual às artes visuais.

(Foto: divulgação)

Confira o trabalho do coletivo na entrevista realizada pelo Observatório Itaú Cultural e no site do grupo.

O que vocês entendem por coletivo de cultura?

Para nós, coletivo é um grupo de pessoas cuja coesão se dá quando elas compartilham um posicionamento político. Havendo mais oportunidades de contaminação na cadeia de produção, pouca ou nenhuma hierarquização das funções de trabalho, há também mais chances de construção de uma afetividade que una os integrantes dessa prática.

Se admitirmos os coletivos como agrupamentos políticos, entenderemos melhor as motivações que nos levam a não colocar razões mercadológicas como pretexto fundamental da criação e/ou da manutenção do grupo. Por isso, também é mais fácil entender a disponibilidade para que novos acordos e arranjos sejam criados a qualquer momento, opondo-se, essencialmente, à ideia de um cotidiano fragmentado e de relações de trabalho endurecidas e competitivas.

Como surgiu o Ágata?

O Ágata surgiu em 2012, com a proposta de ser um grupo de trocas e discussões sobre os processos de criação das próprias integrantes. Entretanto, o interesse pelo tema do processo criativo foi aumentando e passamos a investigar outros artistas visuais.

Hoje definimos o Ágata como um coletivo multidisciplinar que atua na crítica de arte, na produção de conteúdo e no agenciamento de novas relações e interfaces no campo da cultura. O grupo é formado por Camila Martins, Juliana Biscalquin, Juliana Farinha e Lucila Mantovani.

Que ações e projetos o coletivo desenvolve?

O Ágata desenvolve projetos de crítica e curadoria de arte, acompanhamento de projetos artísticos, produção audiovisual e de textos e concepção de oficinas.

(Foto: divulgação)

Como funciona a gestão do grupo?

O Ágata funciona no formato de autogestão, entendendo a necessidade da criação de acordos e arranjos conforme nossas demandas.

O coletivo já recorreu a editais?

Sim, o Ágata já participou de vários editais. No entanto, nunca fomos contempladas.

(Foto: Letícia Razani)

O Ágata é um coletivo formado só por mulheres, e a mulher é tema bastante presente em suas ações. Como isso é trabalhado com o público? Como funciona esse diálogo?

Infelizmente há uma dissonância quando falamos na participação de mulheres artistas em relação ao número de homens no circuito tradicional das artes. Por isso, tentamos criar espaços para dar lugar e protagonizar o trabalho da mulher. Fazemos isso gerando zonas de discussões que aproximam artistas, seus trabalhos, o público interessado e também aqueles que se permitem ser afetados pela questão.

Alguns exemplos são os projetos Sou uma Mulher de Tijolos à Vista, Ver-se e O Corpo Não Aguenta Mais Tudo Aquilo que o Coage. O primeiro é uma exposição coletiva com 16 artistas, em que os trabalhos foram realizados com base em discussões sobre o que é ser mulher na contemporaneidade; o segundo, uma intervenção artística a partir de retratos e histórias de mulheres; e o último, um ciclo de debates que problematizou a arte, o fascismo e o feminismo.

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