O ator mineiro Milton Gonçalves morreu hoje, aos 88 anos, no Rio de Janeiro. Integrante do Teatro de Arena e membro fundador do Seminário de Dramaturgia do grupo, destacou-se em produções como Eles não usam black-tie (1958), Chapetuba Futebol Clube (1959) e Arena conta zumbi (1965). Também teve passagens pelo Teatro Experimental do Negro de São Paulo e pelo Teatro Nacional de Comédia (TNC). Com extensa passagem pelo cinema, atuou em clássicos como Macunaíma (1969), Eles não usam black-tie (1981), Um trem para as estrelas (1987) e O beijo da Mulher Aranha (1985).
Na televisão, Milton atuou em mais de 70 produções; entre os destaques estão as novelas Escrava Isaura (1976), Roque Santeiro (1985), O Rei do Gado (1996) e Sinhá Moça (2006), com a qual foi indicado ao Emmy; o seriado Carga pesada (1979) e os programas Caso verdade (1982-1986) e Você decide (1992-2000).
Em 2016, Milton Gonçalves foi homenageado, ao lado de Milton Santos e Milton Nascimento, no espetáculo musical 3 mil tons, de Salloma Salomão.
A Itaú Cultural Play – plataforma de streaming do Itaú Cultural (IC) – tem em seu catálogo três filmes com Milton Gonçalves:
Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977), de Hector Babenco
Eleito o Melhor Filme pelo Júri Popular na Mostra internacional de Cinema de São Paulo, em 1977, o longa conta a história do assaltante de bancos Lúcio Flávio, famoso na década de 1970 por suas fugas mirabolantes. A obra, que denuncia a atuação do chamado Esquadrão da Morte, grupo de policiais envolvidos com o crime, foi um marco da época, alcançando mais de 5 milhões de espectadores.
A negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araújo
Documentário sobre a presença do negro na televisão brasileira dos anos 1960 até os dias de hoje, utilizando imagens de arquivo e depoimentos de importantes atores negros como Milton Gonçalves, Léa Garcia, Zezé Motta e Ruth de Souza.
Eles não usam black-tie (1981), de Leon Hirszman
Premiado no Festival de Veneza, o filme é um marco do cinema político brasileiro. Escrita nos anos 1950, a peça de Gianfrancesco Guarnieri ganha novos sentidos pelas mãos de Hirszman, refletindo os debates em torno do novo sindicalismo no país.