A vida de Laerte Coutinho foi motivo de comemoração em pelo menos duas ocasiões neste ano – este 2021 que, no Brasil, tem se mostrado tão carente de celebrações. A primeira dessas ocasiões foi no fim de janeiro, com a alta hospitalar que a artista recebeu após dez dias de internação por causa da covid-19. Hoje, 10 de junho, a comemoração é pelo seu 70º aniversário.
Laerte vive! Viva Laerte!
Apesar da longa trajetória e de estar vinculada a momentos fundamentais da história dos quadrinhos no país, Laerte não é história: é presente. Comprometida com as questões do seu tempo, a cartunista é um exemplo de figura pública que, seja por meio do seu trabalho, seja na forma como existe e se coloca no mundo, ajuda a sociedade em sua caminhada rumo à liberdade.
Os quadrinhos de Laerte não têm margens: não se limitam em forma ou conteúdo. Os estilos são variados e os temas tratados, idem – de situações cotidianas a questões da filosofia e da psicologia, abordadas ora com bom humor, ora com melancolia, sempre com originalidade. Uma boa ideia dessa produção tão livre e múltipla pode ser conferida no site da Ocupação Laerte. Realizada em 2014 no Itaú Cultural (IC), a exposição reuniu mais de 2 mil obras em um espaço em forma de labirinto. “Cada caminho leva a uma compreensão do todo. Todos juntos não levam a lugar algum”, escreveu na ocasião o curador da mostra, o artista plástico e quadrinista Rafael Coutinho, filho de Laerte.
No vídeo abaixo, Rafael comenta os eixos e subeixos da exposição – e da trajetória e personalidade da homenageada:
Essa 20ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural também promoveu uma conversa entre Laerte, a psicanalista Maria Rita Kehl, a escritora Ivana Arruda Leite e o ilustrador e quadrinista Eloar Guazzelli. No trecho a seguir, a entrevista gira em torno de temas ligados à identidade de gênero – pauta para a qual a artista se tornou uma relevante voz há uma década.
Laerte também aparece em outras duas edições do Ocupação, dedicadas aos também cartunistas Angeli (2012) e Glauco (2016).
O site do IC ainda disponibiliza o registro do espetáculo As joias, encenado por Laerte e Rafael. O trabalho integrou o projeto A(u)tores em cena, que lançou a diferentes autores o desafio de interpretar no palco seus próprios textos.
Acesse também o verbete sobre a artista na Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileiras.