Ao longo da história, grupos de pessoas locomoviam-se em longas distâncias a pé em busca de uma terra com temperatura e clima agradáveis para plantio, pesca e bem-estar. Nessas longas viagens, criaram-se os primeiros meios de transporte, que se utilizavam dos rios e dos mares, adaptando-os de acordo com a distância entre locais, a correnteza existente e as pessoas a bordo, entre outros fatores.

Conforme os grupos de pessoas foram permanecendo em diversas localidades, a população gradualmente aumentou, e criou-se então o que hoje chamamos de nações. O transporte por via das águas começou a se expandir, não apenas no tamanho dessas embarcações, mas na própria tecnologia de construção de barcos, surgindo outros formatos, como a caravela – menor se comparada aos cruzeiros atuais.

A construção de uma caravela não é fácil: quanto maior a dimensão do barco, mais conhecimento é necessário para que a embarcação permaneça estável sobre as águas do mar e conforme a direção dos ventos, para que a velocidade da navegação seja regulada a partir das rajadas de ventania. 

As navegações, por muitas vezes, não tinham uma rota ou um destino certo, havendo sempre uma surpresa no encontro de novas paisagens ou populações. Contudo, como sabemos pela história, a finalidade do trajeto de longa distância mudou, sem que haja a pretensão de buscar uma terra agradável para viver. 

As terras encontradas pelos navegantes foram alvo de muitas maldades, e diversas vegetações, rios, montanhas e pessoas começaram a desaparecer. Atualmente, várias pessoas e grupos cuidam para que esse fato histórico não se repita ou continue a acontecer, sendo também e principalmente responsabilidade do Estado estar preocupado com a preservação da natureza.

Sabemos que a tecnologia de construção de barcos avançou. Mas e a construção de canoas? Você sabe como são feitas as canoas utilizadas nos rios no Brasil? De que forma elas são usadas?

Construir uma canoa é um conhecimento que se passa por gerações, a depender da técnica utilizada e da região. Uma canoa pode ser chamada de “casco”, “catraia” e “canoa de três tábuas”, entre outras nomenclaturas.

Na terra indígena Yanomami, localizada em Roraima, um tronco de madeira é utilizado na confecção desse tipo de embarcação. Veja na ilustração abaixo como as canoas são feitas.

Ilustração em quadrinhos com canoa desenhada e escrito Ao escavar o tronco com ferramentas específicas, fazem uma curva no miolo da madeira (figura 1). Embaixo o desenho de um pedaço de madeira pegando fogo e ao lado escrito Na próxima etapa, que requer muito conhecimento e habilidade, ateiam fogo na parte curva do tronco (figura 2). Quando estiver pronto, é necessário retirar a madeira queimada.
Escavando-se o tronco com ferramentas específicas, é feita uma curva no miolo da madeira. A próxima etapa requer muito conhecimento e habilidade, pois é ateado fogo na parte curva do tronco. Uma vez superada essa etapa, faz-se necessário retirar a madeira queimada. (imagem: Itaú Cultural)
Desenho em formato de quadrinhos. Começa do lado esquerdo superior com uma canoa e ao lado escrito O processo de finalização é minucioso. É possível, por exemplo, acrescentar bancos de madeira (figura 3). Embaixo o desenho de dois remos e ao lado escrito A depender do tamanho e da finalidade, a embarcação pode ser movida por remos ou ser a motor (figura 4).
O processo de finalização é minucioso. Você pode colocar bancos de madeira na canoa. A depender do tamanho e da finalidade, ela pode ser movida por remos ou a motor. (imagem: Itaú Cultural)

As canoas têm a importância de ser um instrumento de trabalho, lazer e viabilização de acesso à escola e à saúde. A história de Joca e seu amigo Lúcio continua na tirinha para colorir aqui.

Muito legal, não é mesmo? Como inspiração para você entrar nessa jornada com a gente, deixamos abaixo algumas referências:

Terra do Meio/Xingu: os saberes e as práticas dos beiradeiros do Rio Iriri e o Riozinho do Anfrísio no Pará;
Oficina de construção de canoa na terra indígena Yanomami;
Canoa indígena, registro feito pelo artista português Joaquim José Codina, 1784;
Joaquim José Codina e a construção naval brasileira;
Navegantes;
Navio;
Explore barcos e navegações na segunda temporada da Expedição brasiliana.

Desenho de canoa com vela pintada em marrom e com montanhas verdes atrás
(imagem: Itaú Cultural)
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