por Juliana Ribeiro

 

A Itaú Cultural Play, plataforma de streaming gratuita dedicada a produções nacionais, completa um ano no dia 19 de junho, data em que também é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. Com um catálogo diverso que inclui filmes, séries, documentários, mostras, festivais, programas de TV e produções audiovisuais, a IC Play contempla criações de todas as regiões do país.

Vale destacar que, se comparada a outros serviços de streaming, a plataforma possui uma das maiores coleções dedicadas à produção de autoria indígena. Além disso, um dos focos é ter sempre produções audiovisuais realizadas por mulheres. O catálogo é marcado pela diversidade, pela representatividade e por autorias variadas.

Para ter ideia, nestes 12 meses aconteceram 93 atualizações – incluindo todo tipo de programação, das mostras às sessões especiais. No total, 508 vídeos já foram publicados e 72 mostras colocadas no ar, sendo 26 delas dedicadas a cineastas.

Outro ponto importante da plataforma é a forte presença de festivais tradicionalmente ligados ao calendário das cidades brasileiras, como o É tudo verdade – festival internacional de documentários, a Mostra internacional de cinema de São Paulo e o forumdoc.bh – festival do filme documentário e etnográfico.

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Conteúdos infantis

A IC Play também disponibiliza produções voltadas para o público infantil, sendo 116 no total. Parte deste conteúdo pertence às séries Território do brincar, Gemini 8, Peixonauta e O menino que engoliu o mundo. Cine Curtinhas, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis e Mostra Cine-Criança (Espaço Itaú de Cinema) também fazem parte do catálogo.

Apoio Itaú Cultural

No total, 30 produções disponíveis na plataforma são apoiadas pelo Itaú Cultural (IC), sendo quatro filmes da série Iconoclássicos, Ouvir o rio: uma escultura sonora, de Cildo Meirelles, Krenak, Patxohã - língua de guerreiros e A paixão, de JL. Nove produções contempladas pelo Rumos, duas do edital Arte como respiro e, por fim, as séries Camarim em cena e A vida começa também podem ser vistas na IC Play.

Além disso, a plataforma já exibiu quatro pré-estreias/sessões especiais: A última floresta, de Luiz Bolognesi , Dora e Gabriel, de Ugo Giorgetti, Paul Singer - um utopia militante, de Ugo Giorgetti e Já que ninguém me tira para dançar, de Ana Maria Magalhães

Ainda foram realizadas mostras/ homenagens a diretores brasileiros, dentre eles Helena Solberg, Alberto Alvares, Junia Torres, Zózimo Bulbul, Hector Babenco, Glauber Rocha, Helena Ignez e Paula Gaitán.

Por tudo isso, em celebração ao primeiro ano de IC Play, separamos uma lista com as 10 produções mais vistas da plataforma neste período, que vai desde animações e documentários até filmes clássicos. Confira!

1. Já que ninguém me tira para dançar 
Documentário I 2021 I 91 minutos
Direção: Ana Maria Magalhães

Foto preta e branca mostra Leila Diniz e Ana Maria Magalhães deitadas em uma esteira, recostadas em muitas almofadas. Elas estão sorrindo. Ana Maria usa roupa branca e está segurando uma das almofadas, olhando para Leila, que usa roupa preta.
Ana Maria Magalhães e Leila Diniz em "Já que ninguém me tira para dançar" (2021) (imagem: divulgação)

O documentário destaca a vida e arte de Leila Diniz, considerada como um dos maiores mitos femininos do Brasil. Sob o olhar sensível e sagaz de Ana Maria Magalhães, é possível conhecer um pouco mais da história da estrela, que com sua autenticidade e liberdade de ser e agir, abriu caminho para a revolução sexual durante os anos sombrios da ditadura militar.

O filme traz registros da época, entrevistas com diversas personalidades e destaca o legado da atriz após 50 anos de sua trágica morte, completados na última  terça-feira, 14 de junho. Leila Diniz morreu aos 27 anos em um acidente aéreo, quando retornava de um festival de cinema na Austrália.

2. Òrun Àiyé – a criação do mundo
Animação | 2015 | 12 minutos
Direção: Jamile Coelho e Cintia Maria

Cena da animação Òrun àiyé
Cena da animação "Òrun àiyé" (imagem: Cena da animação "Òrun àiyé")

Um avô narra à sua neta a história da criação do mundo e dos seres humanos, segundo a mitologia iorubá. Tal como um velho contador, ele apresenta a jornada dos orixás e os conflitos deste episódio de nascimento, no qual homens e mulheres são moldados a partir do barro.

3. Deus e o diabo na terra do sol
Drama | 1964 | 13 minutos
Direção: Glauber Rocha

Fotografia em sépia de uma mulher com blusa claro e lenço preto na cabeça séria com pilão grande na mão e um homem ao seu lado com blusa e calça escuras e chapéu. Os dois estão sérios. Ao fundo há uma casa.
Deus e o diabo na terra do sol (imagem: frame do filme)

No sertão nordestino, um vaqueiro miserável mata o patrão. Ele foge com a mulher e é acolhido por um beato negro, de quem se torna um adepto. Insatisfeita, a elite local contrata um matador para dar cabo do santo e seus fiéis. O casal sobrevive e, na caatinga, se encontra com o bando do cangaceiro Corisco.

4. As hiper-mulheres
Documentário I 2011 I 79 minutos
Direção: Takumã Kuikuro, Carlos Fausto, Leonardo Sette

Fotografia colorida de uma mulher indígena de cabelo preto com franja, colar branco e braços pintados de preto com bolas vermelhas, com o peito pintado de preto mais suave. Ela está com a mão direita no ombro esquerda e olha para o ombro, séria.
As hiper mulheres (imagem: frame do filme)

Numa comunidade dos indígenas Kuikuro, no Mato Grosso, uma anciã faz um último pedido para o seu companheiro – cantar no Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu. As mulheres se reúnem para ensaiar e preparar a festa, mas a cantora que guarda a memória das antigas músicas está doente.

5. Cinderelas, lobos e um príncipe encantado
Documentário I 2008 I 105 minutos
Direção: Joel Zito Araújo

Fotografia colorida de vários táxis. Ao lado, na calçada, uma  mulher negra de biquíni amarelo e cabelo preso ao lado de dois senhores vestindo branco. Eles estão todos de costas. Há guarda-sóis ao fundo.
Cinderelas, lobos e um príncipe encantado (imagem: frame do filme)

Um filme contundente e assustadoramente realista sobre um universo em que os contos de fada têm um lado macabro. Das praias do Nordeste às cidades europeias, o filme entrevista uma série de mulheres que viveram o sonho do príncipe encantado estrangeiro, mas acabaram no mercado de exploração sexual.

6. Barravento
Drama I 1961 I 81 minutos
Direção: Glauber Rocha

Foto preto e branca mostra mulher grávida de lado, quase de costas, olhando pro mar. Ela tem os cabelos escuros, na altura dos ombros, e usa vestido claro.
"Barravento" é o primeiro longa-metragem de Glauber Rocha (imagem: divulgação)

Depois de morar na capital, o malandro Firmino volta para a vila de pescadores onde nasceu. Nela, vivem seus antepassados, que cultuam há séculos o candomblé. Crítico de seu misticismo, Firmino quer politizá-los. Para isso, desafia um dos mais queridos líderes da comunidade, Aruã, protegido de Iemanjá.

7. Terra em transe
Drama I 1967 I 108 minutos
Direção: Glauber Rocha

Cena de Terra em Transe, de Glauber Rocha (imagem: frame de vídeo)

À beira da morte, um poeta agoniza e refaz seu percurso à frente das lutas políticas de Eldorado, um país fictício convulsionado por disputas de poder. Num gesto desesperado, ele tenta entender os caminhos que levaram a um golpe de estado promovido por forças cristãs e conservadoras.

8. Wood & Stock - sexo, orégano e rock'n'roll
Animação I 2006 I 85 minutos
Direção: Otto Guerra

Tira de 'Todo Wood&Stock', coletânea que reúne todas os trabalhos do quadrinista Angeli com os personagens Wood e Stock publicada pela Companhia das Letras. Imagem em preto e branco, que mostra o diálogo dos personagens do quadrinista.
Tira de 'Todo Wood&Stock', coletânea que reúne todas os trabalhos do quadrinista Angeli com os personagens Wood e Stock publicada pela Companhia das Letras (imagem: divulgação)

Uma aventura de desbunde, psicodelia, muita paz e amor, estrelada por duas personagens queridas do quadrinista Angeli – os hippies Wood & Stock. Passado o barato dos anos 1970, é hora de cuidar da família e trabalhar. Mas, talvez uma nova banda de rock faça o espírito daqueles anos ressuscitar.

9. A cidade dos piratas
Animação I 2018 I 80 minutos
Direção: Otto Guerra

Desenho de homem grisalho, usando óculos e barba. Ele está com as mãos na barba e sua bastante.
A cidade dos piratas (2018), de Otto Guerra, é baseado nos quadrinhos e nos personagens da Laerte (imagem: divulgação)

Um diretor de cinema em crise criativa, um político homofóbico e quixotesco, as personagens dos quadrinhos de Piratas do Tietê e o Brasil conservador dos últimos anos. Por trás de um labirinto de histórias, a vida e a obra de uma artista corajosa e iconoclasta que marca gerações, Laerte Coutinho.

10. Wai'á Rini, o poder do sonho
Documentário I 2001 I 48 minutos
Direção: Divino Tserewahú

Vários homens indígenas estão em ambiente aberto, todos sem camisa e com shorts vermelhos.
"Wai’á Rini, o poder do sonho" mostra as cerimônias de iniciação espiritual do povo Xavante (imagem: divulgação)

Dentro das cerimônias de iniciação do povo Xavante, a festa do Wai’á introduz o jovem na vida espiritual. A partir do diálogo com seu pai, um dos líderes do Wai’á, o diretor revela as características deste ritual secreto, essencialmente masculino, no qual os jovens indígenas passam por provações e perigos.

 

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