Aberta em 18 de maio de 2022 – data em que se celebra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial –, a exposição Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto reúne na sede do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, 149, centenas de trabalhos de Arthur Bispo do Rosario (1911-1989), em paralelo com outros artistas modernos e contemporâneos.

Nesta página, agrupamos uma série de conteúdos produzidos para a exposição. São materiais que complementam as visitas ao espaço expositivo e dão um panorama àqueles que não conseguiram ver presencialmente. A mostra segue disponível para visitação até 1 de outubro de 2022.

Texto institucional

Esta exposição, dedicada à obra de Arthur Bispo do Rosário, expande-se ao convocar trabalhos daqueles que viveram ou vivem na sua mesma condição, ou seja, pacientes psiquiátricos. Há ainda a contribuição de artistas que, impactados pelo legado de Bispo, transformaram o curso de suas criações.  

Arthur Bispo do Rosário, nascido em 1909 em Japaratuba (SE), passou boa parte de sua existência vivendo em uma cela na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Fez do lugar um refúgio onde se desdobrou o seu trabalho. Tratava-se de um gesto coletivo, uma vez que ele tomava emprestados pertences de uma comunidade, aquela dos desarrazoados. Através de Bispo, portanto, vozes trancafiadas se fizeram ouvir, cumplicidades se teceram e, a partir de então, passaram a interrogar não somente o estatuto da arte, mas também o das instituições psiquiátricas e de poder.

Bispo do Rosário operou dissensos. Em seu atestado de óbito, em 5 de julho de 1989, há uma pequena informação que muito nos diz: “Deixa bens? Ignorado”. Eis a ideia hegemônica de riqueza posta ao chão. Não seria este o fim do mundo que Bispo previu e, ao fazê-lo, anunciou um novo mundo por vir – aquele no qual “bens” são inquantificáveis, mas antes constituem a própria ressignificação da alma e a sustentação psíquica da vida? Eis a pergunta que esta exposição tenta iluminar, ao trazer a obra de Arthur Bispo do Rosário ao centro e como aquela que abriu espaço para uma ruptura no tecido do sensível.

O Itaú Cultural (IC) expande suas ações ao ambiente virtual: na Enciclopédia Itaú Cultural e no site itaucultural.org.br é possível pesquisar outras informações relacionadas à arte brasileira. Exposições individuais de artistas visuais referentes fazem parte da programação anual desde 2010, reforçando a missão da organização de inspirar e ser inspirada pela arte.

Itaú Cultural

Visita guiada

Os curadores de Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto, Diana Kolker e Ricardo Resende, apresentam a exposição, comentando os aspectos da obra de Arthur Bispo do Rosario e dos outros artistas selecionados para compor a mostra. Diana e Ricardo são parte da equipe do Museu Bispo do Rosario: na instituição, ela atua como curadora pedagógica e ele como curador.

Saiba mais sobre o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac) na Enciclopédia Itaú Cultural.

Quem foi Arthur Bispo do Rosario | Minidocumentário

Com depoimentos da psicanalista Tania Rivera e de membros da equipe do Museu Bispo do Rosario – Diana Kolker, curadora pedagógica; Raquel Fernandes, diretora; e Ricardo Resende, curador –, este minidocumentário apresenta a vida e a obra de Arthur Bispo do Rosario.

Entrevistas

A artista visual Patrícia Ruth integra o Ateliê Gaia, grupo de artistas vinculados ao Museu Bispo do Rosario com passagem por instituições de saúde mental. Patrícia foi interna da Colônia Juliano Moreira, tendo sido contemporânea de Arthur Bispo do Rosario nesse espaço. Além de falar desse contato, Patrícia trata das características da sua obra.

O artista visual e performer Arlindo Oliveira é membro do Ateliê Gaia, grupo vinculado ao Museu Bispo do Rosario formado por artistas com passagem pela rede de saúde mental. Arlindo, quando interno da Colônia Juliano Moreira, foi vizinho de cela de Arthur Bispo do Rosario. Ele conversou sobre suas esculturas e a performance Tresformance.

O artista visual Maxwell Alexandre comenta as obras que expõe em Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto, as quais são: Éramos a cinza e agora somos o fogo e itens da série Laje só existe com gente. Além de detalhar o seu processo criativo, ele fala da sua relação com o trabalho de Bispo do Rosario e do impacto do racismo na trajetória de artistas negros.

A artista visual Sônia Gomes descreve algumas características do seu trabalho artístico, fundado no uso de materiais cedidos ou encontrados e na sua capacidade de criar conexões fortuitas entre eles. Sônia também comenta as proximidades da sua obra com a de Arthur Bispo do Rosario.

O artista visual Jaime Lauriano comenta a obra vou pedir a louvação para quem deve ser louvado (2022), que ele apresenta na mostra Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto. Além de comentar a importância do significado dos materiais no seu trabalho, ele fala do impacto da arte de Bispo sobre ele e dos efeitos do racismo na trajetória de artistas negros.

A performer Eleonora Fabião fala de azul, azul, azul e azul – obra que, em sua primeira versão, consistiu em uma “procissão” com trabalhos de Arthur Bispo do Rosario pela Colônia Juliano Moreira. Uma versão dessa ação é disponibilizada ao público na mostra Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto. Eleonora fala também sobre a importância de Bispo para a sua arte, nomeando-o “mestre”.

Qual a cor da sua aura? Cronobiografia de Arthur Bispo do Rosario

Versão completa da cronobiografia sobre o artista visual Arthur Bispo do Rosario apresentada na exposição.

Outros materiais

Caderno do professor explora a obra de Bispo do Rosario. Publicação disponibiliza um plano com oito aulas sobre o artista e sua obra; acesse gratuitamente.

Revista Observatório 31 | Arte, Cultura e Saúde Mental. Edição se propõe a resgatar formas de fazer e de pensar o cuidado em saúde mental e a reverberar esperanças de um processo civilizatório

Veja também