Qual é a história de sua maior saudade?

Tenho saudades do que não vivi com meu pai. Ele morreu no ano em que me formei jornalista e foi o maior incentivador da minha escolha profissional. Quase não me viu trabalhar, não viu meus projetos florescerem, acompanhou pouco meus estágios porque adoeceu quando eu ainda estava no segundo ano de faculdade e, após o diagnóstico, a saúde dele se complicou muitíssimo. Ele costumava dizer que jornalismo era para intelectuais e corajosos. Sinto falta, por exemplo, de debater política com ele. Teríamos muito assunto neste atual momento. Certamente, ele opinaria muito nas entrevistas que faço, ia sugerir perguntas, criticar meus comentários, mas estaria orgulhoso. Ele era apaixonado pela Urca, bairro que moro atualmente [Rio de Janeiro], e sei que ficaria imensamente feliz em me visitar todos os finais de semana só para passear pela vizinhança.

O que a emociona em seu dia a dia?

Sou muito emotiva. Não sei se pelos tempos difíceis que passamos ou pela lua em touro, mas sinto que sou como a letra de Zeca Baleiro, “qualquer beijo de novela me faz chorar”. A arte me emociona muitíssimo, todo tipo de arte e, especialmente, a música. Livros também me atravessam de um jeito profundo. Conversas longas e profundas com minha mãe, meu namorado e alguns amigos também me levam para um lugar extremamente sensível. Sou movida pelos afetos.

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Como você se imagina no amanhã?

Lúcida e saudável como minha avó que completou 100 anos em maio. Mas, falando de um amanhã mais próximo, quero viver num país com mais justiça social e racial. E levar o Papo de música para a TV aberta.

Quem é Fabiane Pereira?

Uma mulher intensa, ariana torta que vive de amor profundo. Entusiasta do meu país e das lutas identitárias. Faço do meu trabalho minha grande bandeira tentando democratizar a cultura.

Foto preto e branco da jornalista Fabiane Pereira. Ela está com a buchecha esquerda do seu rosto apoiado na mão esquerda. Sorri levemente para a foto e olha para a frente. Fabiane é uma mulher jovem, negra, está com o cabelo preso e usa um brinco. Sua roupa é preta.
Fabiane Pereira (imagem: Maria De La Gala)

Um certo alguém
Em Um certo alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.

Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.

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Imagem colorida. Yanna Porcino é uma mulher jovem, negra, com cabelo cacheado. É possível ver um laço preto na sua cabeça, formando o penteado. Está olhando diretamente para a câmera e sorri levemente.

Yanna Porcino, um certo alguém

“Eu me emociono sempre que vejo uma pessoa surda tomando o lugar de fala, sendo protagonista, indo à luta e realizando seus sonhos”, responde a poetisa