Qual é a história da sua maior saudade?
Saudade de meu pai. Há exatos 50 anos eu o perdi. E esse acontecimento foi um marco divisor em minha vida. Tem um antes e depois. Talvez eu não estivesse aqui respondendo a estas questões, pois certamente não seria este fotógrafo. A morte de meu pai determinou que eu me tornasse fotógrafo, pois tive de trabalhar e o emprego que consegui foi num estúdio fotográfico. A partir daí fui, digamos assim, vindo até o aqui e agora.
O que o emociona no seu dia a dia?
O dia a dia em si, trocando em miúdos, sei lá, não tenho uma emoção fixa. Mas estar aberto a me emocionar soa piegas? Arrisco outra, roubada de Jules e Jim: vida normal com torpor, rotinas, pausas e até mesmo distrações. Talvez?
Como você se imagina no amanhã?
Não me imagino muito. Tenho sonhos, planos, às vezes sou inundado por miríades de desejos opostos, mas a vida é real e de viés, como diz Caetano Veloso, e vai impor sua lógica.
Quem é Bob Wolfenson?
Um brasileiro – em que pese este nome de gringo –, judeu, fotógrafo. Outrora imerso no caldeirão sincrético Brasil-judaísmo-comunismo (meu pai era do PCB). Emergi da eclosão dessas forças imprimindo (acredito) em minhas fotografias um certo olhar. Nasci e cresci num gueto, sou grato a esse fato, mas, também por ele, não gosto da ideia de pertencer a grupos ou abraçar causas. Muito embora, muitas das vezes, pertença e as abrace. Sou independente e gosto de sê-lo.
Um Certo Alguém
Em Um Certo Alguém, coluna mantida pela redação do Itaú Cultural (IC), artistas e agentes de diferentes áreas de expressão são convidados a compartilhar pensamentos e desejos sobre tempos passados, presentes e futuros.
Os textos dos entrevistados são autorais e não refletem as opiniões institucionais.