Entregar-se ao exercício inventivo pode ser, entre vários caminhos, construir um depois em palavras. Em momentos de incerteza coletiva, então, a potência do amanhã se faz ainda mais presente. Pensando nisso, o edital Arte como Respiro (ação do Itaú Cultural para movimentar a economia criativa hoje) dedicado à literatura incentivou os participantes a imaginar a vida no pós-pandemia. De 12.982 inscritos, foram escolhidos 200 trabalhos, cujos autores representam 24 estados do país.

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Dos selecionados, 25 são de Poesia Falada e 175 da categoria Escrita (minicontos e poemas) – sendo deste conjunto as obras que compõem este livro. Vale salientar ainda que este volume, intitulado Ao que Virá, é o último de uma série de cinco compilações, as quais, a partir de prismas variados, convidam o leitor para o futuro. Ou melhor: para muitos futuros.

E é mesmo em direção ao que virá que avançam as páginas seguintes. Trata-se de declarações ao após da peste, período aguardado com esperança. Há quem veja a volta do ordinário, a terminal gota do rio,  a solidão redesenhada, o recobrar do tato. Outros, em 800 caracteres, concebem vórtices tecnológicos, máquinas e telas e cliques em disparada, ainda que eles, a esta altura, não sejam mais a única opção para o estar junto. À sua maneira, cada texto é um navegante que, passada a tormenta, chega ao lado de lá. Ao seu modo, cada letra  é uma carta ao que virá. 

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