O livro As solfas de Mogi das Cruzes, resultante do projeto Manuscritos musicais do Brasil Colonial – século XVIII, do músico e produtor Déo Miranda, contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2019-2020, é um extenso trabalho de pesquisa histórica e musical, de manuscritos e partituras do século XVIII, realizado pelo maestro Rubens Russomano Ricciardi e pelo historiador Odair de Paula.

Reunindo pela primeira vez a integra dos papéis musicais da Ordem do Carmo de Mogi das Cruzes (SP) possíveis de ser reconstituídos, o livro traz as obras pela primeira vez em fac-símile, contando com a configuração original delas, reproduzindo suas fontes primárias, buscando beneficiar o trabalho de outros historiadores e musicólogos em pesquisas futuras, e também uma edição feita pelos pesquisadores do projeto para a práxis musical de hoje em notação moderna.

Em meio às comemorações de 462 anos da cidade de Mogi das Cruzes, o livro tem lançamento marcado para o dia 8 de setembro, às 20 horas, junto com um concerto, organizado em parceria com o Sesc Mogi das Cruzes, no Convento do Carmo, da Igreja da Ordem Primeira, em Mogi.

Os documentos, de autoria do Padre Faustino Xavier, célebre clérigo paulista, cônego da Sé de São Paulo em 1760, e outros integrantes do chamado Grupo de Mogi das Cruzes – formado por músicos como Timóteo Leme do Prado e Ângelo Xavier, irmão de Faustino – foram inicialmente descobertos na década de 1980, pelo historiador Jaelson Bitran Trindade, perito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), durante pesquisas sobre a história da cidade. O primeiro esforço de pesquisa e análise dos documentos foi realizado pelo maestro Régis Duprat, que estabeleceu, ainda na década de 1980, que os documentos musicais são os mais antigos já encontrados no Brasil. Até então, “O recitativo e ária” (1759), de autor anônimo da Bahia, era considerado a mais antiga obra musical brasileira conhecida, cujo primeiro estudo também foi realizado por Régis Duprat.

Jaelson Trindade, em um artigo produzido com o musicólogo Paulo Castagna na década de 1990, ressalta a grande relevância do achado para a musicologia brasileira, permitindo estabelecer relações evidentes entre a música maneirista ou pré-barroca ibérica e as práticas musicais no Brasil Colonial, bem como as diferenças dos manuscritos em relação às músicas pré-barrocas, barrocas e pré-clássicas produzidas no Nordeste e nas capitanias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no século XVIII.

Além das obras do século XVIII encontradas na Igreja da Ordem Primeira do Carmo de Mogi das Cruzes, que integram o livro, o concerto apresenta outras obras do mesmo período, recolhidas a partir da pesquisa de Odair de Paula e Rubens Russomanno Ricciardi, com produção e organização do músico e produtor cultural Déo Miranda.

Para participar do evento, é necessária a retirada prévia de ingressos no Sesc Mogi das Cruzes, a partir de 6 de setembro, às 14 horas.

 

As solfas de Mogi das Cruzes – concerto e lançamento do livro
quinta-feira 8 de setembro de 2022
às 20h
[duração aproximada: 90 minutos]
capacidade de público – 220 lugares

Convento do Carmo – Igreja da Ordem Primeira do Carmo de Mogi das Cruzes
Rua São João (Largo do Carmo), s/nº – Centro – Mogi das Cruzes/SP

[livre para todos os públicos]

Contracapa do livro As Solfas de Mogi das Cruzes. No topo da imagem há o nome dos autores Odair Aparecido de Paula e Rubens Russomano Ricciardi. Abaixo o título do livro em preto e no rodapé da imagem o logo do programa Rumos Itaú Cultural. Ao fundo um desenho da Igreja do Carmo da Ordem Primeira de Mogi das Cruzes e uma partitura esmaecida .
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