Rumos 2013-2014: Derrubando o Muro entre os que Pensam e os que Fazem Dança
27/06/2014 - 16:48
obra: O que É Dança Contemporânea
selecionado: Thereza Cristina Rocha Cardoso
Início dos anos 1990, Rio de Janeiro. O momento é dos mais propícios para a dança contemporânea na cidade. E é neste contexto de ebulição que Thereza Rocha toma a decisão que pautaria sua trajetória: viver de dança.
Foi como aluna no Curso Técnico de Bailarino Contemporâneo, na atual Escola e Faculdade Angel Vianna, feito entre 1993 e 1995, que ela conheceu os parceiros com quem iniciou seu caminho profissional. Thereza logo enxergou também que o “fazer dança” tinha um sentido muito mais amplo do que apenas ser uma bailarina ou uma coreógrafa e optou por focar seu trabalho na pesquisa sobre o assunto.
Já são 20 anos de investigação e estudos aprofundados. Nesse tempo, ela se tornou também professora e palestrante requisitada em todo o país. E é dessa experiência nas salas de aula, em oficinas e palestras, sobretudo com os jovens, futuros artistas da dança, que ela chegou ao seu mais novo projeto, o livro O que É Dança Contemporânea, o terceiro de sua carreira – é autora também de Diálogo/Dança, em parceria com a filósofa Márcia Tiburi, e Bienal Internacional de Dança do Ceará: um Percurso de Intensidades, com Rosa Primo.
Longe de apresentar uma resposta pronta e definitiva, ou até mesmo de servir como cartilha, o intuito da publicação é abrir a discussão. Por meio de imagens garimpadas ao longo dos últimos 20 anos de dança contemporânea no Brasil, a obra quer buscar, debater e partilhar conceitos.
A dança contemporânea se encaixa perfeitamente nessa proposta. “É mais ou menos como se, na dança contemporânea, a dança estivesse em estado de inquietude permanente, desapegando-a daquilo que a dança deve ser em favor do que ela pode ser”, explica.
A obra tem o intuito também de pôr fim a uma distinção entre teoria e prática que, como enfatiza Thereza, não faz mais o menor sentido. Ela aponta que a formação no país, em muitos casos, ainda se dá de “modo acrítico, regulada e mediada por aquilo que o professor acha que a dança é, implícito aí, o que ela deve ser”. “Quero contribuir, com o livro, na problematização da 'Faixa de Gaza' que separa, na dança, ‘os que pensam’ e ‘os que fazem’. Isso é uma bobagem. O vocábulo dança se expandiu e hoje podemos chamar de fazeres em dança tanto a coreografia, o trabalho do intérprete, o do professor de dança, quanto o do pesquisador, o do crítico, o do curador etc. Todos estes são fazeres de dança. Quero contar e constituir esta notícia no livro que, para muitos no Brasil, ainda é supreendentemente nova”, enfatiza.
A publicação vem também preencher uma carência bibliográfica, já que há poucas obras em língua portuguesa que abordam o assunto e, principalmente, os saberes acumulados nas últimas duas décadas, como esse momento importante que o Rio de Janeiro viveu nos anos 90.