Painel 4: Cidades Sedes e Cultura para Todos
Mediador: Eugênio Lima
Sara Hallat, Fordsburg Artists Studios (Bag Factory) (Joanesburgo, África do Sul)
Júlio Ludemir, Flupp (Rio de Janeiro)
Tião Soares, Nossa SP
Sérgio Sá Leitão, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro
Alexandre Lage, AfroReggae (Rio de Janeiro)
José Edson Santina Silva, Casa da Ribeira (Natal)

O segundo dia de debates do Cultura na Rede começou com uma visita comentada ao Museu de Arte do Rio (MAR). Paulo Herkenhoff, diretor da instituição, contextualizou as principais obras do acervo, além de apresentar algumas obras das exposições em cartaz no museu, como O Abrigo e o Terreno: Arte e Sociedade no Brasil I e Vontade Construtiva na Coleção Fadel.

Em seguida, todos os convidados foram levados à primeira mesa do dia, Cidades Sedes e Cultura para Todos, mediada por Eugênio Lima (Frente 3 de Fevereiro). Para abrir o debate, Alexandre Lage (AfroReggae, Rio de Janeiro) enalteceu a importância do acesso digital às comunidades, incluindo o mapeamento de suas ruas, muitas delas hoje inexistente no Google. Falou ainda sobre a Agência Digital 8ao80, que articula uma rede das ações sociais já realizadas pela instituição.

José Edson Santina Silva (Casa da Ribeira, Natal) contou a história do grupo de teatro que se tornou uma instituição de arte-educação. Abordou a importância da integração de públicos diversos com iniciativas que vão "além das paredes", como a Virada Cultural e o Arte Praia.

Júlio Ludemir (Flupp, Rio de Janeiro) apresentou ao público o projeto inspirado na Festa Literária de Paraty, levando poesia e filosofia às comunidades pacificadas. "A Flupp não é só um evento, é um processo", disse. "Tentamos dialogar com o tempo que estamos vivendo", emendou.

Nesse sentido, Ludemir apresentou o homenageado da edição que acontecerá no ano que vem durante a Copa do Mundo. O autor escolhido foi Mário de Andrade, tendo o livro Macunaíma como foco de discussão.

A sul-africana Sara Hallat (ONG Fordsburg Artist Studios) destacou a importância de levar as instituições culturais às ruas. Reafirmou ainda a necessidade de promoção desses eventos com guias e serviços de orientação distribuídos em pontos de trânsito, como os aeroportos. "Há um tempo muito curto. A Copa está a um piscar de olhos. Por isso é preciso começar a pensar nisso agora, o quanto antes", declarou.

Tião Soares (Nossa SP) colocou a cultura como um ponto importantíssimo do legado da Copa que foi deixado de lado em razão da "falta de diálogo". "Precisamos ampliar o conceito de cultura. Não é cultura para todos, mas de todos e com todos", enfatizou.

O secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Sérgio Sá Leitão, foi enfático ao dizer que "poderíamos ter tido um impacto mais profundo, mas não há mais tempo. E a culpa é nossa, da sociedade".

Sá Leitão concordou com a sugestão dada por Sara Hallat sobre a necessidade de investimentos em promoção dos ativos culturais já existentes e das ações programadas, "o que é essencialmente uma questão de marketing". Lamenta, no entanto, a perda da oportunidade de fortalecer os museus e centros culturais em caráter permanente.

O secretário reforçou a tese de exclusão da cultura dentro de todo o planejamento da Copa e da Olimpíada. "Nossa sorte é que a cultura tem naturalmente um protagonismo social", disse.