Jazz B e Jazz nos Fundos | série 'Casas de show'
06/04/2015 - 13:31
O Observatório Itaú Cultural inaugura, nesta edição de seu boletim, uma série de entrevistas com gestores de casas de shows em que artistas podem apresentar seus trabalhos autorais. Nosso primeiro entrevistado é Máximo Levy, organizador do Jazz B e do Jazz nos Fundos, ambos em São Paulo.
OBS: Como é a gestão dos recursos para o funcionamento das casas? Eles vêm apenas da bilheteria e do bar/restaurante ou existe algum patrocínio?
ML: O funcionamento das casas foi sempre baseado nos recursos próprios. Há algum tempo, criamos um plano de investimentos baseado em patrocínio e parcerias, que já foi iniciado e pretendemos implementar totalmente em breve.
As casas já trabalharam ou trabalham com leis de incentivo? Você pode comentar os principais desafios encontrados nesse processo?
Já inscrevemos alguns projetos e tivemos apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC) para terminar nosso banco de dados. Isso facilitou a finalização do site www.jazznosfundos.net, que hoje reúne mais de 800 registros de shows realizados no Jazz nos Fundos. Esse material pode ser acessado gratuitamente. Temos noites memoráveis!
Existe uma curadoria em relação aos artistas que se apresentam? Como ela é feita?
A programação é elaborada pela nossa equipe de produção, formada por profissionais especializados. Temos um planejamento feito por meses e por ano. Nós pensamos nos estilos, nas temporadas... Por conta do grande número de artistas que se apresentam – por volta de 120 por mês –, nós mantemos um histórico em nosso site que funciona como um banco de dados e que ajuda na formatação da programação. A divulgação acontece por meio do nosso site, das redes sociais, do mailing de clientes, imprensa, parceiros etc. Os músicos entram em contato conosco através de e‐mail e telefone, e todos são encaminhados para a equipe de produção.
Algumas casas de shows ajudaram a consolidar certos movimentos musicais – caso do CBGB, em Nova York, em relação ao punk rock. Você acredita que o Jazz B ou o Jazz nos Fundos faz algo semelhante?
São duas casas diferentes, duas maneiras de apreciar a música. O Jazz B é novo ainda, mas já está construindo uma história cheia de grandes noites. Já o Jazz nos Fundos faz com que você sinta a música como em poucos lugares, por isso continua sendo especial nove anos depois de sua fundação. O tempo coloca todo o mundo no seu lugar, é nisso que eu acredito.
As casas têm alguma ação voltada para a formação de público?
Temos várias ações dedicadas a isso, trabalhamos muito nossa produção e tentamos fazer com que toda noite seja única, com que as pessoas que vêm assistir a um espetáculo saiam da casa com a sensação de ter feito parte do espaço por algumas horas. Para quem não pode vir ou mora longe, há alguns anos fazemos o streaming ao vivo pelo nosso site, sem custo de adesão.
Quais são os principais desafios de gerenciar uma programação com artistas desconhecidos ou pouco conhecidos no cenário musical?
Nosso intuito é ajudar a música instrumental a ter o seu lugar de importância. Hoje em dia, ela tem uma presença mínima nas programações de TV e rádio. Queremos criar espaços de apreciação, físicos ou virtuais, que consigam juntar pessoas ao redor dessa música.