Dois grandes profissionais da história do jornalismo brasileiro morreram nesta semana: Geneton Moraes Neto e Goulart de Andrade.
Geneton Moraes Neto entendia o jornalismo como uma ferramenta da história, um meio para construir memória. Foi repórter, editor, escritor e documentarista. Nasceu em Pernambuco, em 1956, começou a carreira no Diário de Pernambuco e depois trabalhou em vários programas da Rede Globo. Sua obra em reportagem abrange política, esporte, literatura e música, entre outros temas.
Segundo Claudiney Ferreira, gerente de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural e jornalista, “Geneton sabia o que era uma pauta, sabia criar uma narrativa com a pauta – qual a primeira pergunta para ir para a segunda para ir para a terceira –, sabia selecionar os assuntos, sabia aonde queria chegar”. Ainda, “era uma pessoa muito detalhista, conseguiu trazer coisa nova e ser referência, seja no impresso, seja escrevendo livros (o que demanda fôlego), seja na TV”.
Geneton foi entrevistado pela equipe do Itaú Cultural à época da Ocupação Jards Macalé. Ele fala da identidade do músico e de como a beleza venceu a ditadura.
Goulart de Andrade, nascido em 1933, passou por quase todas as emissoras do país: Tupi, Excelsior, Rede Globo, Gazeta, Record, Bandeirantes e SBT. Conhecido pelo bordão “Vem comigo” – com que chamava o telespectador a seguir suas histórias –, produziu reportagens em plano-sequência (longas tomadas sem corte) em que imergia no mundo dos seus personagens. Na página do Vem Comigo no YouTube, último programa capitaneado por Goulart, pode-se ver as matérias sobre a Aids no Brasil da década de 1980, o hospício do Juqueri e o Carandiru etc.
Na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras, também vemos como o trabalho de Goulart criou uma nova geração: a parceria com a Olhar Eletrônico, produtora independente mantida por nomes como Fernando Meirelles e Marcelo Tas, possibilitou o desenvolvimento da empresa e um maior destaque.