Cultura e desenvolvimento: os impactos gerados por iniciativas culturais

O módulo final do curso reflete sobre as transformações desencadeadas ou potencializadas por projetos, programas, políticas e organizações culturais. Discute-se a relação entre cultura e desenvolvimento – na contramão da associação entre economia e desenvolvimento. Os participantes são incentivados a pensar na cultura relacionada a transformações urbanas, a recriações identitárias, a mudanças na qualidade de vida das pessoas, à visibilidade de determinados grupos e regiões etc. A aula destaca o potencial transformador das iniciativas culturais e a importância de monitorar e avaliar tais impactos. Com a docente Judite Sanson de Bem.

Judite Sanson de Bem é doutora em história ibero-americana pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) e pós-doutora em economia da cultura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É também professora do mestrado profissional e do doutorado acadêmico em memória social e bens culturais do Centro Universitário La Salle (Unilasalle). Atua principalmente nos seguintes temas: economia da cultura, indústrias criativas, desenvolvimento regional e urbano e economia do trabalho.

Articulação e mobilização de recursos

O módulo parte de uma discussão sobre a sociedade em rede e sobre o impacto das novas tecnologias digitais. No que diz respeito à gestão e à produção cultural, a reflexão se concentra nas diferentes modalidades de articulação e mobilização do profissional da cultura. A atividade destaca a importância de se articular com outros agentes e organizações – como modo de suprir lacunas e potencializar ações e resultados – e de compartilhar equipamentos, know-how e experiências. Com a docente Jonaya de Castro.

Jonaya de Castro é jornalista, gestora cultural e diretora-executiva do labExperimental.org desde 2012. Foi coordenadora do Núcleo de Ação Cultural dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) Navegantes e Três Lagos, Grajaú, nas secretarias de Educação e Cultura de São Paulo, de 2003 a 2009. Integrou a Cátedra Unesco de Cultura e Desenvolvimento de 2008.

Planejamento e produção cultural: ferramentas

Este módulo apresenta o passo a passo do planejamento de um projeto cultural, desde sua concepção até sua execução. Serão discutidas estratégias de relacionamento do produtor cultural com apoiadores, artistas e públicos e apresentadas ferramentas de planejamento e gestão. Num estudo de caso, o grupo receberá ainda um convidado com atuação em diferente do cenário de Canoas, que falará sobre sua trajetória, destacando experiências, seu modo de planejamento, de produção, gestão e mediação. Com as docentes Ana Helena Curti e Isabel Poggeti.

Ana Helena Curti é professora na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco e na Escola São Paulo. Em 1986, criou a Arte3, empresa especializada em criação, desenvolvimento, gestão, administração, gerenciamento, implantação e produção-executiva de projetos culturais; e em criação, desenvolvimento e implantação de projetos museográficos, expográficos e arquitetônicos.  

Isabel Poggeti atuou por 20 anos na área da Educação. Foi professora, supervisora educacional, coordenadora pedagógica e gestora em instituições de ensino privado. É servidora pública há mais de 10 anos: desempenhou funções nas secretarias de assistência social e de educação. Desde 2009, tem assumido funções públicas no município de Canoas.

Cultura e legislação: direitos autorais, leis de incentivo e acessibilidade

Em diálogo com o conteúdo trabalhado na manhã do mesmo dia, este módulo introduz o universo da propriedade intelectual, do direito autoral e do direito de imagem. Em seguida, são discutidas as leis de incentivo à cultura – que, apesar das controvérsias, viabilizam a maior parte da produção cultural brasileira – e seus mecanismos de dedução de impostos para patrocinadores. Por fim, o encontro reflete sobre os desafios da acessibilidade, que nos últimos anos vem se tornando exigência ética e legal nos eventos culturais. Com os docentes Aline Freitas e Anajara Carbonell Closs.

Aline Freitas é docente e mestre em direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Sócia do escritório Cesnik, Quintino e Salinas Advogados, é também membro da Comissão de Estudos de Mídia e Entretenimento do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp). Foi assessora na Secretaria-Geral da Presidência da República na agenda do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.  

Políticas culturais no Brasil: histórico e institucionalidade

O terceiro módulo divide-se em dois momentos. No primeiro, será traçado um histórico das políticas culturais no Brasil, partindo da consolidação destas, nos anos 1930 – com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) e a aproximação de intelectuais do Estado –, passando por momentos como a criação de leis de incentivo à cultura, logo após o fim da ditadura militar, e a era do Partido Trabalhista no Ministério da Cultura (MinC) – marcada pela ampliação da participação popular e do conceito de cultura –, até o momento atual. Numa segunda etapa, será abordado o funcionamento do Sistema Nacional de Cultura, da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, do Conselho Nacional de Cultura e das câmaras setoriais, além das principais secretarias e órgãos vinculados ao MinC. Com a docente Renata Rocha.

Renata Rocha é doutora em cultura e sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-doutoranda em políticas culturais pela mesma instituição. Atua como vice-coordenadora e pesquisadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult) da UFBA e coordena, desde 2015, o Enecult – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, realizado anualmente em Salvador (BA).

Cultura, arte, identidade e diversidade: panorama conceitual

No segundo módulo, discutem-se o conceito de cultura e noções relacionadas a ele e derivadas dele, como arte, identidade, diversidade, memória e patrimônio. Entre as questões que serão abordadas estão: quais são as relações entre arte e cultura? O que significa capital cultural e como ele influencia as práticas culturais? Como lidar com a identidade cultural no mundo contemporâneo se, de um lado, observamos tendências de homogeneização e, de outro, se multiplicam e fortalecem as identidades locais? O patrimônio cultural registra a memória coletiva ou constrói e reinventa essa memória? Além desse debate, acontece uma visita técnica a espaços culturais na região, como coletivos e ateliês de artistas. Com a docente Maria Carolina Oliveira Vasconcelos.

Maria Carolina Oliveira Vasconcelos é pesquisadora, professora e realizadora nas áreas de cultura e artes. Tem mestrado e doutorado em sociologia da cultura pela Universidade de São Paulo (USP). Atua também como consultora em diversos parceiros, entre eles o Itaú Cultural e a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. 

Mapeamento participativo preliminar e diagnóstico participativo

O primeiro módulo pretende ancorar o curso na realidade social, simbólica e territorial de Canoas. Coletivamente, o grupo construirá um mapa da região, indicando as comunidades que vivem ali, além  dos recursos naturais e culturais, das potencialidades e dos problemas. Será realizado também um diagnóstico a fim de explorar a realidade do local a partir de diferentes formatos, como construção de mapas, levantamento de dados, entrevistas, depoimentos e documentos. Com a docente Ana Paula do Val.

Ana Paula do Val é docente e colaboradora do Observatório da Diversidade Cultural (MG), além de consultora da Unesco na formulação de políticas culturais para o Ministério da Cultura (MinC). É graduada em artes plásticas e em arquitetura e urbanismo. Alguns de seus temas de pesquisa são: intervenções artísticas nos espaços urbanos; cartografias afetivas; mapeamentos urbano-culturais; cultura e cidade; planejamento urbano e regional; políticas culturais; e gestão e mediação cultural.