Em continuidade à série Gestores Culturais em Foco, conversamos com Fernanda Perez, ex-aluna formada no Curso de Especialização em Gestão e Políticas Culturais. Na entrevista, Fernanda comenta os principais desafios que gestores e produtores culturais enfrentam, além de analisar o quadro atual do universo de políticas e gestão cultural.

Fernanda Perez é formada em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), com especialização em gestão cultural pela Universidade de Girona na Espanha e Itaú Cultural. Trabalhou durante três anos como gestora de comunicação, conteúdo e estratégia de posicionamento da plataforma Catraca Livre. Durante esse período, também produziu o Estação Catraca Livre, evento de música realizado no Centro Cultural Rio Verde. Em 2011, prestou consultoria na área de comunicação para o Centro Cultural da Espanha em São Paulo (CCE-SP/AECID) e foi repórter do programa Radiola, da TV Cultura, onde atuou também como correspondente internacional na Europa. Em 2012, morando em Madri, foi consultora e responsável pelo conteúdo da versão brasileira do aplicativo musical espanhol biit. Lá também realizou o curso de Gestão Cultural no Círculo de Bellas Artes de Madrid (CBA). Além disso, coordenou a comunicação do Instituto Sergio Motta por dois anos. Entre 2012 e 2014 trabalhou em assessoria de comunicação para artistas como Karina Buhr e Camila Garófalo. Foi editora web no Sesc São Paulo e coordenadora de mídia on-line no Theatro Municipal de São Paulo.

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Qual a importância de compartilhar com outros gestores as suas experiências na área cultural? Como você vê essa troca?

O Brasil é um país extremamente desigual em diversos âmbitos e não é diferente quando falamos em gestão cultural. As cidades possuem realidades muito diferentes e poder compartilhar as experiências de gestores é uma forma de enriquecer e entender melhor a dinâmica cultural do país. Estamos vivendo um período de mudanças muito rápidas e a troca de experiências possibilita prever problemas e também encontrar novas possibilidades.

Quais os desafios ou qual o maior desafio que um gestor/produtor cultural enfrenta hoje, no Brasil?

Estamos em um momento político muito preocupante e na cultura o cenário é igualmente crítico. Os desafios de um gestor mudam quando falamos em rede pública ou rede privada, mas, em termos gerais, o grande dilema da gestão é a continuidade de programas e políticas culturais. Além disso, a visão de que cultura se resume a “eventos” em busca apenas de números também nos distancia de programas a longo prazo e realmente efetivos.

Em que consiste o trabalho do gestor/produtor cultural? Quais as habilidades e competências necessárias para que ele tenha êxito em sua atuação?

O gestor cultural deve ser hábil em realizar articulações entre a sociedade e as instituições. Ter conhecimento sobre o local de atuação e entender a realidade cultural, política e artística sobre a qual está trabalhando auxilia o gestor a desenvolver programas consistentes. A partir desse domínio, seu trabalho consiste em criar as condições ideais para que determinada ação cultural aconteça.

Como você avalia as políticas culturais praticadas na sua cidade?

Atualmente na cidade de São Paulo, na esfera pública, vivemos um processo de rompimento com algumas políticas culturais que promoviam a pesquisa, o desenvolvimento e a formação artística (exemplo é o cancelamento do edital de Fomento à Dança, do Programa de Iniciação Artística e do Programa Vocacional). Outro problema grave enfrentado é o congelamento de 43,7% da verba da Secretaria Municipal de Cultura. Acredito que estamos sendo inseridos na lógica de eventos com a intenção de obter resultados rápidos e, nesses casos, ineficientes pois não é levado em conta o processo artístico e de formação a longo prazo.

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