Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural chega a Brasília e pode ser visitada a partir de 9 de maio, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Com curadoria de Roberto Moreira S. Cruz, a exposição reúne significativas obras audiovisuais produzidas por artistas brasileiros nos últimos 50 anos.

A mostra é dividida em duas etapas: o histórico, possibilitado pela remasterização e recuperação de importantes produções da década de 1970, de artistas como Nelson Leirner, Letícia Parente e Regina Silveira; e o contemporâneo, com trabalhos de nomes de destaque da nova geração, como Eder Santos, Brígida Baltar, Gisela Motta e Leandro Lima. “A coleção visa conservar obras passíveis de deterioração pela própria obsolescência da tecnologia. Ao mesmo tempo, reconhece a força criativa das novas gerações que trabalham com o audiovisual e que criam, por meio desse instrumental de sons e imagens, linguagens muito específicas”, destaca o curador.

O acervo de filmes e vídeos de artistas é mais uma das iniciativas do Itaú Cultural para organizar, digitalizar e difundir a memória e a produção artística brasileira.

Na aba Programação você confere a Mostra de Filmes que ocorrerá entre os dias 5 e 7 de junho.

Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural
quinta 9 de maio a domingo 23 de junho 2013
terça a domingo, das 9h às 18h30

Entrada franca
[livre para todos os públicos] L

 

LISTA DE FILMES DA EXPOSIÇÃO COM SINOPSES

Eder Santos
Cinema, 2009, 13 min, Brasil (vídeo Full HD/exibição em monitor LED)
No interior de Minas Gerais as coisas têm um tempo próprio. Uma lâmpada, a chuva, um menino jogando bola, o arame farpado. Elas se movem como imagens, como no cinema. Este é um dos trabalhos mais recentes de Eder Santos, no qual a imagem e a narrativa extrapolam os aspectos prosaicos do cotidiano e da natureza transformando-os em fenômenos poéticos reveladores.

Rivane Neuenschwander e Sergio Neuenschwander
Domingo (Sunday), 2010, 5min17seg, Brasil (vídeo Full HD/exibição em monitor LED)
Um papagaio, ao comer sementes, provoca inusitadas interferências na narração radiofônica de uma partida de futebol. Rivane Neuenschwander apresenta aspectos visuais de pequenos acontecimentos que passam quase sempre despercebidos. A questão da linguagem é um dos elementos mais recorrentes em suas obras. A artista se utiliza de alfabetos e outros códigos de representação verbal e não verbal para tirar do automático os seus significados.

Cao Guimarães
O Pintor Joga o Filme na Lata do Lixo (El Pintor Tira el Cine a la Basura), 2008, 5 min, Brasil (vídeo Full HD/projeção em single channel)
No espaço de uma galeria, o vídeo Da Janela do Meu Quarto, de autoria de Cao Guimarães, é projetado sobre a parede, enquanto um pintor dá os últimos retoques na montagem. Estranha mente, a imagem projetada e a tela se misturam numa única superfície, transformando-se em objeto. A partir dessa metáfora, o artista propõe ironicamente uma reflexão sobre os caminhos que o cinema pode tomar.

Sara Ramo
Translado, 2008, 8 min, Brasil (vídeo Full HD/projeção em single channel)
Num ambiente doméstico, um quarto vazio e uma mala de viagem. Inusitadamente a artista começa a retirar uma infinidade de objetos de dentro da valise. Ao se apropriar de elementos e cenas do cotidiano, deslocando-os de seus lugares de origem e rearranjando-os, Sara Ramo cria estratégias formais e conceituais, numa encenação constante de mapeamento da realidade.

Gisela Motta e Leandro Lima
Amoahiki – Árvores do Canto Xamânico, 2010, 8 min, Brasil (projeção HD sobre tela e ventilador)
Realizado a partir de uma visita à aldeia ianomâmi Watoriki, em Roraima, o vídeo recria a sensorialidade da paisagem, integrando no mesmo campo visual o rito e a natureza. A sobreposição de sons e imagens cria uma visualidade onírica sobre a floresta e os seus habitantes. O recurso da tela em camadas de tecidos amplifica os aspectos pictóricos da imagem, ressaltando sua plasticidade.

Brígida Baltar
Coletas, 1998-2005, Brasil (16 mm e vídeo transferido para DVD)
Performances realizadas em paisagens com neblina, nas quais a artista coleta em peque nos frascos a atmosfera desse lugar. Relacionando o enquadramento da imagem com o espaço-tempo da narrativa, os vídeos constituem-se como a obra em si, criando uma relação intrínseca entre o ato da performance e sua exibição nas telas de vídeo.

Luiz Roque
Projeção 0 e 1, 2012, looping, Brasil (vídeo Full HD/projeção em dois canais sincronizados)
Entre duas projeções análogas, a paisagem e a luz solar são estilhaçadas por uma superfície artificial e transparente. O espectador, em vez de olhar a paisagem, se sente observado por ela. Gravado com uma câmera que alcança 2.500 frames por segundo (o usual são 30), este trabalho trata das formas de representação da imagem. Como em uma pintura de Magritte, a realidade se fragmenta e se deforma por meio de simulacros.

Letícia Parente
Marca Registrada, 1974, 11 min, Brasil (porta pack transferido para vídeo DV/exibido em monitor de iconoscópio, câmera: Jom Tob Azulay)
Em um único plano detalhe, sem cortes, a artista costura com agulha e linha em seu próprio pé “made in Brasil”. Considerado um dos primeiros trabalhos de videoarte realizado no Brasil, a obra relaciona a proposta conceitual e performática da artista com a imagem eletrônica.

Anna Bella Geiger
Passagens Nº 1, 1974, 10 min, Brasil (porta pack transferido para vídeo DV/exibido em monitor de iconoscópio)
Por meio da reiteração de uma ação numa narrativa sem começo nem fim, o vídeo busca a expressividade formal dos elementos e de aspectos psicológicos durante uma subida de escadarias. Anna Bella Geiger faz parte da geração pioneira de artistas que, na década de 1970, utilizaram o vídeo como forma de expressão.

Regina Silveira
A Arte de Desenhar, 1980, 2min38seg, Brasil (porta pack transferido para vídeo DV/exibido em monitor de iconoscópio)
No vídeo, mãos procuram imitar gestos desenhados na forma de silhuetas gráficas. Os acertos das sucessivas imitações são marcados por salva de palmas. Um dos trabalhos pioneiros realizados em vídeo por Regina Silveira no contexto dos anos 1970 e início de 1980. O gesto e a interferência corporal são elementos narrativos intrínsecos aos significados da linguagem forjada na performance.

Nelson Leirner
Homenagem a Steinberg – Variações sobre um Tema de Steinberg: as Máscaras No 1, 1975, 7 min, Brasil (filme super-8 transferido para vídeo HD/projeção em single channel)
Em pleno contexto da ditadura militar no Brasil, figuras são apresentadas como forma de representar os hábitos e os costumes da classe média brasileira e da sociedade do consumo. Personagens com acessórios inspirados nas famosas criações do artista plástico Steinberg, usando máscaras pintadas sobre sacos pardos de supermercado, surgem em atividades do cotidiano: fazem compras, desfilam, encontram-se. Um dos poucos trabalhos de Nelson Leirner realizados em super-8 e que exploram os mesmos signos de suas esculturas e objetos.