obra: Janelas do Minhocão
selecionado: Grupo Esparrama

O Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, não é lugar dos mais bonitos de São Paulo. Pelo contrário, é considerado uma intervenção urbanística agressiva e desastrosa. Algumas iniciativas artísticas, no entanto, conseguem lançar um novo olhar sobre esse espaço. Uma dessas propostas é encabeçada pelo Grupo Esparrama. Trata-se do projeto Janelas do Minhocão, iniciado de forma experimental em 2013 e que agora será ampliado.


 

Como aos domingos o elevado fica fechado para a circulação de carros, o grupo iniciou apresentações teatrais em que o palco é, na verdade, a janela de um dos edifícios, distante apenas cinco metros do Minhocão.

Chamada de Esparrela pela Janela, a peça apresenta uma série de números cômicos e fantásticos, que vão desde a moradora que pensa que é uma princesa e o prédio seu castelo, até o seresteiro gigante ou a família de monstros, entre outros personagens.

Uma nova temporada dessa apresentação já está prevista. A novidade, porém, fica por conta da participação de artistas convidados, que vão realizar outras formas de ocupação do espaço. São seis colaboradores de diferentes áreas: Raul Zito (artes plásticas), Ronaldo Aguiar (circo), Zumb.boys (dança), Sissy Eiko (fotografia), Ester Freire (música) e Cia. Noz de Teatro, Dança e Animação (teatro de animação e de bonecos). Além da intervenção cênica, esses artistas também participarão de um bate-papo com o público, que acontecerá no próprio Minhocão. A ideia é discutir a relação entre arte e cidade.

Outra novidade do projeto é a criação de um blog, que será um registro de todas as ações, além de servir para a divulgação e a reflexão crítica das atividades realizadas.

Por fim, todas essas experiências resultarão no espetáculo infanto-juvenil O Menino que Mora num Minhocão. Desta vez, não apenas a janela, mas o próprio elevado será utilizado como palco para as aventuras de um garoto que se muda para a capital e envia uma carta aos primos contando que está morando em um Minhocão. Eles não entendem que se trata de uma polêmica obra da estrutura viária de São Paulo e deduzem que o menino está vivendo em uma minhoca gigante.

“Ao criar um universo fantástico que representará alegoricamente as dificuldades de sobrevivência numa cidade caótica como São Paulo, pretendemos que este espetáculo reflita sobre a capacidade de ressignificação e de transgressão dessas realidades”, propõe o grupo.

Esparrama

Criado em 2002, o Grupo Esparrama tem como base de sua pesquisa o estudo do palhaço e das estruturas cômicas em suas variadas expressões nas artes cênicas (rua, palco convencional, intervenções, teatro para crianças, entre outros). O coletivo é responsável também pelo espetáculo 2por4.