Reunindo mais de 60 obras de Beatriz Milhazes, a exposição Meu Bem fica em cartaz no Paço Imperial até 27 de outubro. Com apoio do Banco Itaú, a mostra panorâmica da produção da artista apresenta trabalhos feitos desde 1980, entre pinturas, colagens e gravuras. Conversamos com Beatriz Milhazes sobre alguns de seus trabalhos. Confira abaixo a entrevista.
Qual é a sensação de, após mais de uma década, fazer uma retrospectiva do seu trabalho em sua cidade natal?
Meu nome se tornou bastante conhecido nesta última década, mas minha obra foi pouco vista na minha cidade. Como continuo vivendo e trabalhando no Rio, é fundamental também expor por aqui.
Por que organizar os trabalhos da mostra em ordem cronológica? O que você quis destacar com essa disposição?
A partir de determinado momento na carreira de um artista, torna-se fundamental desenvolver mostras como esta, que acabam funcionando como uma espécie de revisão da sua obra. Ainda que alguns períodos acabem sendo mais vistos ou admirados, toda a trajetória de um artista é resultado de uma pesquisa que evolui ao longo de anos.
Quanto ao Gamboa I, é a primeira vez que você trabalha com outro suporte que não a tela?
Em 2004, desenvolvi o cenário do espetáculo Tempo de Verão, da companhia Marcia Milhazes Dança Contemporânea, dirigida pela minha irmã. Esse cenário – uma espécie de lustre que ficava no centro do palco, acima dos bailarinos – chamou a atenção do curador norte-americano Dan Cameron, que me propôs a criação de uma peça para uma mostra nos Estados Unidos. Relutei muito, mas quatro anos depois acabei aceitando a proposta e criando o Gamboa. O trabalho integrou algumas exposições individuais na Europa e hoje faz parte de uma coleção privada em Berlim.
Quando esta retrospectiva começou a ser pensada, o curador da mostra, Frédéric Paul, me sugeriu fazer uma segunda versão do Gamboa para a Sala dos Arqueiros [um dos ambientes do Paço Imperial]. Afinal, uma obra que utiliza elementos do Carnaval carioca nunca havia sido exposta no Rio de Janeiro... E assim nasceu o Gamboa I!
A grande questão, para mim, não foi o suporte, pois já trabalho com gravura, colagem e projetos para ambientes arquitetônicos. A novidade foi o pensamento tridimensional. Todos os meios com os quais venho trabalhando estão ligados ao pensamento bidimensional. E, pela primeira vez, experimentei as possibilidades do espaço escultórico.
Meu Bem – Beatriz Milhazes
até 27 de outubro de 2013
terça a domingo, das 12h às 18h
Entrada franca
[livre parar todos os públicos] L