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No sábado 17 de março, às 21h, o Amaro Freitas Trio – formado pelos músicos Amaro Freitas (piano), Hugo Medeiros (bateria) e Jean Elton (baixo), sobe ao palco do Auditório Ibirapuera para mostrar as músicas de Sangue Negro (2017) – disco de estreia do pianista e que dá nome ao espetáculo –, além de algumas inéditas.

O grupo instrumental pernambucano, que surgiu em 2015, apresenta em seu repertório uma nova linguagem autoral de jazz ao mesclar a ele e aos seus instrumentos clássicos sonoridades diversas e ritmos nordestinos – como bebop, afrojazz, samba, frevo, maracatu, baião e balada –, com muita criatividade e improvisação.

“Nós não nos apresentávamos juntos antes de Sangue Negro. Montamos a banda para compor o disco, um projeto que resolvi desenvolver e para o qual convidei Jean e Hugo”, conta Amaro Freitas. “Conheci o Jean tocando em restaurantes e em casas de jazz aqui de Recife. Aproveitávamos as oportunidades para trocar informações, possibilidades, técnicas e repertórios em detrimento da música”, diz. “Até então, não conhecia o Hugo Medeiros – que também é professor do Conservatório Pernambucano de Música.”

Foi justamente quando decidiu procurar Hugo Medeiros para saber se ele concordava em fazer parte do projeto que Amaro Freitas se deparou com uma situação que jamais poderia imaginar – hoje, motivo de riso e de certa gratidão –, já que o baterista impôs a ele uma condição para participar do trabalho.

“Fui à casa dele, conversamos, mas ele disse que só topava participar se fosse para fazer um trabalho com repertório autoral. Nada de standards de jazz, que eu e Jean costumávamos tocar”, conta Amaro. “Confesso que fiquei chocado com a resposta. Mas hoje eu digo, santo Hugo, muito obrigado por ter dito não”, fala, rindo. “Isso despertou em nós a vontade de querer fazer cada vez mais música autoral”, explica. “Nós nos preparamos durante três meses estudando as composições e começamos a montar Sangue Negro, que conta com produção musical de Rafael Vernet”.

A parceria entre os músicos deu tão certo que, em 2016, o Amaro Freitas Trio foi um dos vencedores do Prêmio MIMO Instrumental, festival que incentiva a inovação musical nos campos da composição, da técnica e da estética e contempla jovens talentos da música. De lá para cá, os instrumentistas já se apresentaram em diversas cidades do país, recebendo elogios da crítica especializada e do público.

“Costumo dizer que somos um trio clássico de jazz [piano, baixo e bateria] que, ao mesmo tempo, é um grupo de câmara, mas com uma pegada de música criativa”, explica o pianista. “Nós substituímos algumas coisas quando tocamos com essa formação. Porque pensar em tocar música pernambucana, por exemplo, com uma formação clássica de jazz, exige tocar os instrumentos de forma diferente, transformada, desconstruindo o gênero e dando voz ao ritmo. Tocamos de forma que os instrumentos fiquem diluídos uns nos outros, repensando os elementos que o outro músico está usando e respondendo àquilo com muita liberdade e improvisação.”

Sobre Amaro Freitas

Amaro Freitas começou a estudar piano, na adolescência, incentivado pelo pai – que fazia parte da banda da igreja evangélica que a família frequentava. “Meu pai tinha comprado um teclado bem simples e perguntou se eu gostaria de aprender. Eu dizia que era difícil e, mesmo sem ser músico profissional, ele passou a me ensinar”, conta Amaro. “Com o tempo, fui gostando e prestando mais atenção na maneira que o teclado soava nas músicas que eu escutava. Comecei a praticar sozinho, cada vez mais, e me divertia com aquilo.”

Somente aos 15 anos de idade, o pianista passou a frequentar uma escola de música (Conservatório de Música de Pernambuco). Mas a situação financeira da família, que vivia em Nova Descoberta, periferia de Recife, não lhe permitiu continuar. Mesmo assim, seguiu praticando o instrumento, consultando a obra de mestres como Capiba, Moacir Santos, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Tom Jobim.

Depois de exercer atividades profissionais diversas para conseguir dinheiro para arcar com os próprios estudos, aos 19 anos o pianista foi aprovado em um teste e ganhou uma bolsa na escola Tritonis Ensino de Música Contemporânea, na qual passou a ter aula de harmonia com Thales Silveira. A partir daí, Amaro Freitas resolveu que queria, de fato, viver da música, e começou a tocar em restaurantes e casas de jazz de Recife e Olinda para realizar o seu sonho. Estudou ainda Produção Fonográfica e decidiu montar o seu próprio projeto.

Sangue Negro é, na verdade, um projeto coletivo, que envolve muita gente”, diz Amaro Freitas. “Existe uma galera que abraçou a causa. Eu tenho uma gratidão eterna por todas essas pessoas que colaboraram comigo e me ajudaram a chegar aonde cheguei”, diz. “Porque pensar o piano, que é um instrumento tão elitizado, e poder sair da periferia e conseguir ser um pianista, sem ser da elite, é muito difícil. Eu tenho muito orgulho disso.”

Amaro Freitas Trio
sábado 17 de março de 2018
às 21h
[duração aproximada: 80 minutos]

ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)

[livre para todos os públicos]

Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Ingresso Rápido, em seus pontos de venda e pelo telefone 11 4003 1212. Também estão à venda na bilheteria do Auditório Ibirapuera, nos seguintes horários:
sexta e sábado das 13h às 22h
domingo das 13h às 20h 

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